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Mais de 140 milhões de pessoas são voluntárias, diz ONU

Segundo analista do estudo, o Voluntaristão, o país do voluntariado, seria o nono mais populoso do mundo

Voluntários na região serrana do Rio: o Brasil é citado no relatório por sua experiência com mutirões (Valter Campanato/Agência Brasil)

Voluntários na região serrana do Rio: o Brasil é citado no relatório por sua experiência com mutirões (Valter Campanato/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2011 às 07h22.

São Paulo - O trabalho voluntário movimenta cerca de 140 milhões de pessoas em todo o mundo. A estimativa consta de um estudo da Universidade John Hopkins, de Baltimore (EUA), citado no Relatório sobre o Estado do Voluntariado no Mundo, divulgado hoje (5) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e o programa Voluntários das Nações Unidas (VNU). O lançamento do relatório, o primeiro sobre o voluntariado no mundo, marca as comemorações do décimo aniversário do Ano Internacional dos Voluntários.

Em mais de 120 páginas, o relatório não cita números consolidados, mas elenca várias experiências e estudos internacionais, concluindo que o voluntariado é “universal e considerável”, presente em todos os países.

“Se juntarmos todas essas pessoas para criar o Voluntaristão, o país do voluntariado, esse seria o nono país mais populoso do mundo, atrás da Rússia, por exemplo. Essa estatística mostra o peso que o voluntariado tem no mundo”, disse Daniel de Castro, analista de comunicação do Pnud.

O estudo, que analisa a situação em 36 países, também estima que a contribuição econômica desses voluntários é US$ 400 bilhões por ano, o que representa, em média, 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nesses países. Nas nações em desenvolvimento, o trabalho voluntário representa 0,7% do PIB. Nos países desenvolvidos, o trabalho dos voluntários representa 2,7% do PIB.

Segundo Anika Gärtner, coordenadora nacional do VNU, voluntário é aquela “pessoa que ajuda, com conhecimento específico, sem esperar nada em troca”. E que depois, segundo ela, percebe que também sai ganhando nesse processo. “É uma troca, uma ajuda. Você doa seu tempo e conhecimento e recebe muito em troca”, disse Anika.

Outro dado citado no relatório mostra que a taxa de pobreza na América Latina seria 10% mais alta sem o trabalho voluntário conduzido pelas mulheres, segundo projeção feita pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe.

O relatório também mostra, sem citar números específicos, que o voluntariado não ocorre somente por meio de organizações não governamentais, não é exclusivo de países desenvolvidos e não é uma tarefa apenas para mulheres.


“O relatório destaca novas formas de voluntariado, como o online, em que as pessoas não precisam estar presentes no local para contribuir. O relatório também fala da importância do voluntariado para o alcance dos Objetivos do Milênio, para a sustentabilidade de projetos e para o bem-estar das pessoas, além de apresentar a questão em situações de crise e de ajuda humanitária”, explicou Anika.

Para demonstrar que o voluntariado é universal e está presente em todos os países, o relatório cita várias experiências, como o a do grupo de chilenos que, em 1997, iniciou a construção de 350 moradias populares para famílias que vivem nas favelas e depois expandiu essa experiência para 19 países da América Latina, mobilizando, por ano, 50 mil jovens voluntários de 17 a 28 anos. Outra experiência citada pelo relatório é a ação mundial contra a poliomielite que, desde 1998, já mobilizou 20 milhões de voluntários em todo o mundo.

O voluntariado, segundo o documento, tem impacto importante na prevenção de conflitos violentos e quando há desastres naturais. Há inclusive países, como a China, que tem cerca de 100 milhões de voluntários treinados e prontos para atuar em desastres de grande escala. “Depois de uma tragédia, há uma sensibilização mais forte nas pessoas que quererem se engajar. E muitas pessoas que acabam ajudando nessa situação de tragédia depois continuam (o trabalho voluntário)”, acrescentou a coordenadora.

A base de dados para o relatório foi coletada durante um ano por meio de pesquisas e entrevistas com políticos, autoridades governamentais, agentes internacionais, estudiosos, voluntários e profissionais do desenvolvimento. Mais de 130 países foram analisados, segundo Anika. O Brasil é citado no relatório por sua experiência com mutirões.

Entre os dias 15 e 17 de dezembro, o Centro de Exposições e Convenções Expo Center Norte, em São Paulo, vai sediar a Conferência Internacional do Voluntariado. Durante o evento será divulgado estudo que analisa o voluntariado no Brasil.

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