Nairóbi - Mais de 1 milhão de pessoas necessitam de proteção "imediata" e assistência humanitária no Burundi devido à crise política que atinge o país há um ano, alertou nesta segunda-feira o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Desde o início da crise em abril de 2015, pelo menos 743 pessoas morreram e centenas ficaram feridas no país, além de serem registrados mais de 4,7 mil casos de violações de direitos humanos, segundo o último relatório divulgado pela agência da ONU.
Nos últimos meses, os burundineses enfrentaram ameaças físicas e psicológicas, intimidação e outros abusos, algo que se agrava em algumas zonas da capital, como nos bairros mais críticos ao presidente, Pierre Nkurunziza.
Também os casos de violação e abusos sexuais contra mulheres e meninas aumentaram no país, enquanto homens e jovens sofrem detenções arbitrárias e execuções, denuncia a OCHA.
"Os grupos mais vulneráveis necessitam de maneira urgente segurança e proteção, respeito a sua dignidade e acesso seguro e equitativo aos serviços básicos", pediu OCHA.
Por sua vez, as crianças tiveram que abandonar as escolas porque muitas delas foram ocupadas pelas forças de segurança, que detiveram arbitrariamente cerca de 250 menores, segundo o Unicef.
Além disso, desde que a crise começou, as condições socioeconômicas do Burundi, um dos países mais pobres do mundo, se deterioraram notavelmente e atualmente mais de 35% da população burundinesa sofre insegurança alimentícia.
Devido à escalada de violência e à insegurança, mais de 250 mil pessoas tiveram que fugir do país e buscar refúgio em países vizinhos.
A crise começou em abril de 2015, quando revoltas populares ocorreram contra os planos de Nkurunziza de concorrer pela terceira vez às eleições, algo que proíbe a Constituição e viola os acordos que acabaram com uma longa guerra civil em 2005.
Nkurunziza ganhou as eleições realizadas em julho com 69% dos votos, mas a comunidade internacional não reconheceu estes resultados pela falta de garantias durante sua realização.
Apesar da pressão internacional e das promessas de retomar o diálogo com a oposição, Nkurunziza ainda não iniciou as negociações de paz para pôr fim à crise.
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1. À beira do colapso
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1/18 (Reuters)
São Paulo – Anualmente, a Marsh, empresa especializada em análises de riscos, publica uma abrangente pesquisa sobre a situação geopolítica mundo afora. Produzido para ser uma ferramenta de informação para multinacionais, o Mapa de Riscos Políticos traz ao público geral um interessante retrato dos cenários turbulência hoje enfrentados por dezenas de
países e territórios. O relatório avaliou os panoramas
políticos,
estruturais e
econômicos atuais de 200 locais distribuídos por diferentes partes do planeta. A partir disso, os classificou de acordo com o grau de instabilidade. Quanto mais próxima de 0 for a pontuação atribuída a um país ou território, pior é a sua situação. Divulgada no final de janeiro, a edição 2016 da análise conta com novidades em relação ao ranking do ano passado, na qual foram investigados 170 lugares.
Em 2015, o estudo tinha no primeiro lugar entre os países mais instáveis a República Centro-Africana, seguida do
Sudão, e contava com o Brasil na 54ª posição. A
EXAME.com, a Marsh compilou os dados dos 15 primeiros locais cujas situações internas estão em ritmo acelerado de deterioração. O Brasil não faz parte desse rol, mas foi incluído ao final da matéria para fins de comparação. Confira nas imagens.
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2. 1º. Sudão do Sul – 23,70 pontos
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2/18 (Goran Tomasevic)
Este que é o país mais jovem do mundo vive momentos de tensão desde a sua independência do Sudão em 2011 por conta de uma guerra civil que já dura dois anos e que trouxe
novos pesadelos para a sua população. No
momento, está em vigor desde agosto do ano passado um cessar-fogo entre governo e rebeldes. Para manter esse acordo em pé, o presidente Salva Kiir nomeou no início do mês seu rival e líder rebelde Riek Machar como vice-presidente. Para a Marsh, no entanto, a situação do
Sudão do Sul é de fragilidade. “Independentemente de manobras políticas no alto-escalão, enxergamos poucas perspectivas de melhora na segurança e cenário político em 2016”.
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3. 1º. República Centro-Africana – 23,70
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3/18 (Mohamed Nureldin Abdallah/Files/Reuters)
Também com 23,70 pontos, a República Centro-Africana ocupa o topo do ranking ao lado do Sudão do Sul. No local, analisa a Marsh, o cenário é de tensões entre cristãos e muçulmanos que datam os idos de 2013, quando um golpe orquestrado por milícias de Selekka, região majoritariamente muçulmana derrubaram o então presidente François Bozize. Para a Marsh, o fato de o país não contar com uma força de intervenção bem equipada, a violência entre os grupos religiosos deve continuar. “Enquanto essa situação persistir, qualquer solução política é improvável”, crê a empresa.
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4. 2º. Iêmen - 25
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4/18 (Khaled Abdullah
/ Reuters)
O
Iêmen é palco de uma turbulenta guerra civil desde o início do ano passado, quando rebeldes da etnia Houthi invadiram pontos importantes da capital para tentar derrubar o governo. Além disso, o país sofre com a ameaça terrorista representada pelos extremistas da rede Al Qaeda que controlam boa parte da zona rural. De acordo com a Marsh, a instabilidade no país se tornou ainda mais violenta depois que os conflitos no Iêmen ganharam ainda participação do Irã, que apoia os rebeldes, e de uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, que endossa as tropas do governo.
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5. 3º. Sudão – 27,60
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5/18 (Albert Gonzalez Farran/AFP)
O
Sudão vem passando por turbulências econômicas desde o fim dos conflitos com o Sudão do Sul e que resultaram na sua independência. Isso porquê, além de ter perdido uma importante porção de território, o governo sudanês perdeu também receitas oriundas da exploração de petróleo. Mas não é só isso que contribui para o cenário de instabilidade: o país enfrenta focos de conflito em diferentes regiões e seu governo é alvo de acusações por parte da comunidade internacional de crimes contra a humanidade cometidos em Darfur. Isso sem falar no mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal International para seu presidente Omar al-Bashir.
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6. 4º. Síria – 27,70
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6/18 (REUTERS/Abdelrahmin Ismail)
Palco de uma guerra civil prestes a completar cinco anos, a
Síria é um dos países mais instáveis do mundo na análise da Marsh. A situação se agrava com a presença violenta dos extremistas do Estado Islâmico, da Rússia e da coalizão liderada pelos Estados Unidos. “O destino da Síria está se tornando cada vez mais ligado ao futuro do Iraque”, consideram os analistas, “na melhor das hipóteses, o país se tornará cada vez mais descentralizado, com regiões autônomas”. Já na pior das hipóteses, a violência continuará.
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7. 5º. Chade - 29
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7/18 (Eric Feferberg/AFP)
O país terá eleições presidenciais neste ano, mas o pleito deve trazer poucas surpresas, na avaliação da empresa. Segundo a Marsh, a reeleição Idriss Déby para a presidência, cargo que ocupará pela quinta vez desde 1990, é quase certa. E é possível que a comunidade internacional faça vista grossa para possíveis irregularidades no processo eleitoral. Isso porque o governo conseguiu frear avanços do grupo extremista islâmico Boko Haram. No entanto, o desafio daqui para frente será o de impedir que jovens se juntem ao grupo, reforçando sua presença em Chade.
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8. 6º. Somália – 29,70
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8/18 (Feisal Omar/Reuters)
Avassalada pela pobreza, a
Somália é mais um dos países considerados como instáveis e turbulentos pela Marsh. E o cenário para 2016 não é otimista. Segundo a empresa, apesar de o governo ter conseguido manter um controle relativo na capital Mogadíscio, afastando avanços do violento grupo extremista Al Shabaab. Contudo, o grupo está longe de derrotado e segue representando grave ameaça.
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9. 7º. Guiné-Bissau – 30,40
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9/18 (STR/AFP/Getty Images)
Um dos países mais pobres do mundo, a
Guiné-Bissau ainda vive as
consequências de um golpe de Estado que aconteceu em 2012. As turbulências políticas que se sucederam fizeram com que o país perdesse o apoio de parceiros econômicos importantes, como a União Europeia. Contudo, a situação parece estar se estabilizando e os analistas da Marsh enxergam razões para otimismo. A começar pelo fato de que o Judiciário da Guiné-Bissau está se consolidando como instituição robusta. Outro ponto visto como positivo é o posicionamento firme das forças armadas, que observaram de longe e com certa neutralidade algumas das confusões políticas que aconteceram por lá em 2015. “Os riscos de um novo golpe estão diminuindo”, avaliam, “ e uma transição democrática bem-sucedida irá garantir que o fluxo de ajuda que o país recebe seja mantido”.
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10. 8º. Afeganistão – 30,80
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10/18 (Reuters)
O
Afeganistão segue sofrendo com a violência: só no ano passado,
relatou a ONU, 3.545 civis morreram e outros 7.457 ficaram feridos principalmente em decorrência do aumento dos ataques terroristas em zonas populosas do país. Um aumento de 4% em relação aos números registrados no ano anterior. Lutando para manter o controle de um país que é base de grupos extremistas como o Taleban e que vem se tornando atrativo também ao Estado Islâmico, o governo afegão terá que continuar resistindo a violência por mais alguns anos. É o que preveem os analistas da Marsh. “Mesmo que a paz seja alcançada, os riscos políticos permanecem altos por conta da diversidade étnica do país, os altos níveis de analfabetismo e também pela corrupção”.
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11. 9º. Líbia – 31,30
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11/18 (Reuters)
A Líbia pós-Kadafi, o ditador deposto em 2011 após manifestações populares, segue caótica. Atualmente, sua liderança é disputada por dois governos rivais, baseados em locais diferentes. Um governo de unidade vem sendo
proposto com o apoio da ONU, mas ainda não há sinais de que um acordo será consolidado. Mas além dessa instabilidade, a Líbia precisa ainda lidar com a ascensão do grupo extremista Estado Islâmico, que já está presente e ativo no país. E é considerando esse cenário confuso que os analistas da Marsh apostam que a Líbia seguirá politicamente instável por mais alguns anos. “No longo prazo, a Líbia terá de adotar um sistema político descentralizado, que reflita suas diferentes identidades”.
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12. 10º. República Democrática do Congo – 31,40
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12/18 (Luc Gnago/Reuters)
O governo da República Democrática do Congo é visto pela Marsh como incapaz de conseguir manter a ordem e o controle sobre seu largo território e as instabilidades políticas só devem aumentar, prevê a empresa. No leste do país, por exemplo, o cenário é de violência por conta dos conflitos étnicos e disputas territoriais. Suas instituições democráticas também são colocadas em xeque pela empresa, uma vez que o atual presidente Joseph Kabila parece determinado a tentar um “inconstitucional terceiro mandato”. A oposição já está de olhos abertos para essa possibilidade e o clima na capital Kinshasa é de tensão,
informa a imprensa local.
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13. 11º. Haiti – 31,90
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13/18 (Marie Arago/Reuters)
Pobreza, violência e tensões políticas: a profunda crise suportada pelos haitianos parece não ter fim. E, segundo a Marsh, 2016 promete seguir nessa mesma toada. ”O
Haiti sobre com a volatilidade do seu ambiente político e é marcado por instituições fracas”, considera a empresa. Exemplo disso é a incapacidade de o governo atual conseguir manter a ordem em suas eleições presidenciais, cujo primeiro turno aconteceu em outubro do ano passado e cujo segundo turno acontecerá apenas em maio de 2016. Até lá, o país será liderado pelo governo interino de Joceleme Privert, presidente do Senado.
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14. 12º. Zimbábue – 32,30
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14/18 (Kate Holt/Bloomberg News)
No
Zimbábue, a questão que irá determinar os caminhos do país neste ano é relacionada ao seu futuro político, especialmente no que diz respeito ao sucessor de Robert Mugabe, que é presidente desde 1987 e tem hoje 91 anos, e se essa pessoa será capaz de se consolidar no poder. O partido de Mugabe, a União Nacional Africana do Zimbábue, está dividido, o que significa que a disputa pelo poder poderá ser tensa. Adiciona-se a essa conta os altos índices de desemprego, a falência da economia local e os péssimos serviços públicos e se tem um cenário de instabilidade que irá perdurar em 2016 e possivelmente nos próximos anos.
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15. 13º. Burundi – 33,70
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15/18 (Reuters)
O país vive uma profunda crise política desde abril, por conta da tentativa do presidente Pierre Nkurunziza de concorrer a um terceiro mandato, algo que desagradou grande parte da população. O clima de tensão se arrastou por todo o ano e se agravou em dezembro quando foram
registradas mais de 130 mortes em menos de 48h relacionadas a confrontos entre manifestantes e tropas do governo. “Perspectivas de uma melhora na estabilidade são nebulosas”, consideram os analistas, “especialmente quando se considera que governo e insurgentes não se mostraram dispostos a negociar”. Para a Marsh, a situação irá se deteriorar em 2016 e são altos os riscos de uma guerra civil e assassinatos em massa.
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16. 14º. Cisjordânia e Faixa de Gaza – 34,30
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16/18 (Reuters)
O futuro dessas regiões, crê a Marsh, é incerto. Na visão dos analistas da empresa, a crise de legitimidade do governo palestino em
Gaza e os perigos dos conflitos entre palestinos e soldados israelenses na
Cisjordânia são fatores que contribuem diretamente para clima de instabilidade que a população desses locais tem de suportar. Além disso, é improvável que um acordo de paz seja consolidado entre palestinos e Israel.
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17. **64º. Brasil – 57,20
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17/18 (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
O país não figura entre os quinze países mais instáveis e a Marsh considera a democracia brasileira como bem consolidada. Em 2016, contudo, é possível o surgimento de tensões por conta do descontentamento da população com a corrupção e má qualidade dos serviços públicos. “Do lado positivo, o país goza de um ambiente geopolítico seguro, distante das principais zonas de conflitos do mundo”.
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18. Veja os líderes em degradação ambiental
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18/18 (Getty Images)