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Mais 409 vítimas são sepultadas 18 anos depois de massacre

Muçulmanos foram identificados e sepultados hoje 18 anos depois do massacre em Srebrenica, feito por tropas servo-bósnias


	Caixões em um funeral de vítimas do massacre de Srebrenica, em 2007: cerca de 8 mil muçulmanos foram mortos após tomada de Srebrenica pelas unidades comandadas pelo general Ratko Mladic
 (Hrvoje Polan/AFP)

Caixões em um funeral de vítimas do massacre de Srebrenica, em 2007: cerca de 8 mil muçulmanos foram mortos após tomada de Srebrenica pelas unidades comandadas pelo general Ratko Mladic (Hrvoje Polan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2013 às 14h18.

Sarajevo - Mais 409 vítimas do massacre de muçulmanos em Srebrenica - pelas mãos de tropas servo-bósnias - foram identificadas e sepultadas nesta quinta-feira em uma homenagem no centro memorial de Potocari, 18 anos depois dos acontecimentos.

Cerca de 35 mil pessoas de toda a Bósnia foram a Potocari, nos arredores de Srebrenica, para prestar homenagem às vítimas do maior massacre europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

Aproximadamente 8 mil homens muçulmanos foram assassinados após a tomada de Srebrenica pelas unidades comandadas pelo general Ratko Mladic, no dia 11 de julho de 1995, poucos meses antes do fim da guerra entre muçulmanos, sérvios e croatas na Bósnia.

A triste e solene cerimônia de enterro coletivo aconteceu no cemitério do mausoléu de Potocari segundo o rito islâmico, oficiado pelo máximo hierarca da comunidade muçulmana da Bósnia, Hussein Kavazovic.

Durante a cerimônia, foram lidos os nomes das 409 vítimas hoje sepultadas, entre elas 44 crianças e um idoso que tinha 76 anos.

O crime de Srebrenica foi cometido quando as tropas servo-bósnias conquistaram o enclave oriental bósnio, então protegido por tropas holandesas a serviço da ONU.

Entre os sepultados hoje há também uma recém-nascida, a vítima mais jovem, que por desejo de sua mãe recebeu o nome de Fátima para que pudesse ser inscrito no mausoléu. A menina descansará perto de seu pai, dois tios e um avô, também vítimas do mesmo massacre.


O evento começou depois do meio-dia (8h de Brasília) com um minuto de silêncio e a leitura do poema "Srebrenica", do escritor bósnio Abdulah Sidran.

Compareceram na cerimônia o representante da comunidade internacional para a Bósnia, o austríaco Valentin Inzco, além de políticos bósnios, diplomatas, membros de ONGs e outras personalidades.

"A comunidade internacional deve trabalhar para corrigir a injustiça", declarou na cerimônia o embaixador dos EUA na Bósnia, Patrick Moon, que leu uma mensagem do secretário de Estado americano, John Kerry.

Moon afirmou que a culpa deve ser individualizada e que todos os responsáveis pelo genocídio em Srebrenica devem ser levados à Justiça.

O embaixador americano fez um pedido "a todos os cidadãos da Bósnia-Herzegovina para que construam pontes entre as comunidades e trabalhem juntos na plena integração na família euro-atlântica de países".

"No dia 11 de julho estamos com vocês para chorar pelas vítimas, e no resto dos dias estamos com vocês para a construção de um futuro melhor", disse o diplomata.

O cemitério do mausoléu de Potocari abriga agora os restos mortais de 6.066 pessoas, que foram exumadas de várias valas comuns no leste da Bósnia ao longo dos anos e foram identificados através de exames de DNA.


Até agora foram identificadas 7 mil vítimas, segundo Lejla Cengic, porta-voz do Instituto de pessoas desaparecidas da Bósnia-Herzegovina.

Lejla disse hoje que outras 226 pessoas assassinadas em Srebrenica foram enterradas em outras localidades bósnias.

Munira Subasic, presidente da Associação Mães de Srebrenica e mãe de um jovem cujos restos mortais foram sepultados hoje, disse que foram encontrados apenas dois ossos de seu filho, em duas valas comuns afastadas cinco quilômetros uma de outra. "A tragédia afetou todas as mães de Srebrenica", declarou.

"A tristeza e a dor, não existem palavras, é muito difícil. Está fora de qualquer mente humana o que fizeram conosco. É horroroso", declarou à imprensa local Fadila Efendic, mãe de Fejzo, assassinado quando tinha 20 anos.

O Tribunal Internacional para a antiga Iugoslávia (TPII) condenou várias pessoas pelo massacre de Srebrenica.

No entanto, Ratko Mladic e Radovan Karadzic, os líderes militar e político servo-bósnios no momento do massacre, estão sendo processados no TPII por acusação de genocídio.

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