Trabalhadores da campanha de vacinação antipólio protestam contra assassinato de colegas em Karachi: muitos muçulmanos se opõem às campanhas de imunização (Akhtar Soomro/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2012 às 11h37.
Peshawar - Três agentes de uma campanha de erradicação da poliomielite foram baleados na quarta-feira no Paquistão, e dois deles morreram, como parte de uma inédita série de atentados nos últimos três dias, que deixaram oito mortos.
A ONU paralisou parcialmente a campanha e retirou das ruas todos os funcionários envolvidos na campanha de imunização, segundo um porta-voz. O governo insistiu que a vacinação prossegue em algumas áreas, embora muitos profissionais da saúde se recusem a sair às ruas.
Autoridades se disseram surpresas com a violência, explicando que não esperavam ataques em áreas distantes de redutos do Taliban, e que elas serão obrigadas a alterar suas táticas na campanha.
"Não esperávamos esses ataques em Karachi", disse Mustafa Nawaz Khokhar, ministro dos Direitos Humanos, que supervisiona a campanha antipolio. Ele se referia ao polo comercial do país, onde houve ataques nesta semana.
"Em áreas distantes, onde as ameaças são mais pronunciadas, temos fornecido segurança às equipes de pólio", acrescentou.
Na quarta-feira houve quatro ataques separados. No distrito de Charsadda (noroeste), pistoleiros em motos mataram uma mulher e seu motorista, segundo autoridades.
Horas antes, um profissional sanitário havia ficado gravemente ferido ao sofrer um atentado em Peshawar, a capital provincial.
Quatro outras trabalhadoras da saúde foram alvejadas na localidade próxima de Nowshera, mas não chegaram a ser atingidas. Duas profissionais foram baleadas na localidade de Dwasaro, também em Charsadda, segundo a polícia.
Não ficou claro quem cometeu os ataques.
Muitos muçulmanos, inclusive militantes do Taliban, se opõem tradicionalmente às campanhas de imunização.
Alguns dizem que se trata de uma campanha para esterilizar os muçulmanos, e um comandante militante disse que a vacinação não pode prosseguir enquanto os EUA bombardearem o território paquistanês. Um porta-voz do Taliban paquistanês, no entanto, negou envolvimento do grupo nos novos incidentes.