Maior central sindical da Argentina convoca greve geral para 25 de junho
Greve geral, que não terá mobilização nas ruas, foi anunciada após governo do país divulgar detalhes do acordo negociado com o FMI
EFE
Publicado em 12 de junho de 2018 às 19h47.
Buenos Aires - A Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal central sindical da Argentina , convocou nesta terça-feira uma greve geral para o próximo dia 25 de junho para exigir ao governo do presidente Mauricio Macri uma "retificação" na sua política econômica, marcada pela solicitação de um milionário crédito ao Fundo Monetário Internacional ( FMI ).
"A conclusão é que os dados econômicos, de emprego, que têm a ver com tudo o que afeta os setores mais vulneráveis da sociedade, estão sendo afetados e são cada vez mais angustiantes", afirmou Héctor Daer, um dos três líderes da CGT, em entrevista coletiva em Buenos Aires.
Segundo reconheceu, a central sindical finalmente se recusou a comparecer hoje a uma reunião programada com membros do Executivo de Macri, que buscava um acordo para evitar a greve geral, já que "em conversas informais" a CGT comprovou "a impossibilidade" de que o governo satisfizesse as reivindicações sindicais.
A greve, que será total em todos os setores e não terá mobilização nas ruas, é anunciada depois que na semana passada o governo divulgou os detalhes do acordo negociado com o FMI - consistente em empréstimos no valor total de US$ 50 bilhões - para atenuar a abrupta desvalorização do peso e diminuir o déficit, que implicará em restritas metas fiscais e de inflação.
Ao mesmo tempo em que a moeda nacional se desvalorizou quase 30% em relação ao dólar em dois meses, o Índice de Preços ao Consumidor já acumula um aumento de 9,6% neste ano, influenciado principalmente pelos fortes aumentos ditados pelo governo nas tarifas dos serviços públicos como gás e eletricidade.
"Esperamos que nos meses que vêm a situação se agrave, porque os problemas que existiam antes de se fechar o acordo com o FMI e sancionar o 'tarifaço' se deviam ao fato de que o poder aquisitivo cada vez está mais corroído", declarou parte Carlos Acuña, outro dos integrantes do triunvirato da central sindical.
Por sua parte, o terceiro líder, Juan Carlos Schmid, assegurou que a CGT "sempre quis que o governo se saia bem" e sempre teve "a prudência necessária para que as coisas se solucionem através do diálogo".
"Mas um diálogo que tenha resposta, não que fique em um diálogo para uma foto", sentenciou.
A central sindical reiterou que pede ao governo uma "reflexão", depois que Macri vetou a lei impulsionada pela oposição para frear os fortes aumentos nas tarifas e apresentou "um ajuste fiscal como único horizonte econômico".
Além disso, advertiu que a política comercial, com uma importação "que ingressa indiscriminadamente", está "destruindo" a indústria nacional e reprovou o fato de que as negociações de atualização salarial tenham um teto, tendo em conta que a expectativa é que a inflação volte a ser alta em 2018.
"Uma das piores causas deste desastre econômico tem a ver com a queda do poder aquisitivo, a queda do consumo traz aparelhado um círculo negativo que prejudica todos os setores", acrescentou Daer, convencido de que são as pequenas e médias empresas as que mais estão sofrendo com o "tarifaço" e a queda da atividade e do consumo, o que vem acompanhado do desemprego.
Já nesta manhã, as duas vertentes da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), com grande peso no país, mas de menor importância que a CGT, acompanhadas de outros setores sindicais como os caminhoneiros - de forte influência -, ratificaram a greve geral que convocaram para esta quinta-feira, também contra as políticas econômicas de Macri.
"Entendíamos que havia um grau de demora na definição da CGT em seu triunvirato e resolvemos marchar neste dia 14 em uma jornada nacional de luta com greves e mobilizações em toda a Argentina", destacou Pablo Micheli, líder da CTA-Autônoma.
No entanto, esses grupos sindicais anteciparam que, independentemente da sua iniciativa, se somarão também à greve convocada pela CGT.