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Maduro treina como presidente em terra natal de Chávez

No candidato governista, a obediência à vontade de Chávez se mistura com a falta de ambição de um homem que admite que nunca quis ser presidente

Nicolas Maduro concede uma entrevista exclusiva à AFP, em Barinas: o objetivo de Maduro é bater um recorde de votos a favor do chavismo (Juan Barreto/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2013 às 11h34.

Barinas - Ele ainda leva alguns segundos para reagir quando as pessoas o chamam de presidente, quando uma multidão vestida de vermelho grita seu nome, ou quando uma idosa coloca um papel em seu bolso pedindo uma casa ou uma pensão.

Nicolás Maduro , presidente interino da Venezuela, candidato à presidência e, acima de tudo, "filho" político do falecido Hugo Chávez, parece atravessar vários estados de espírito neste dia que passa em Barinas, no oeste da Venezuela, terra natal do falecido presidente.

A postura que demonstra deixa entrever o peso esmagador da responsabilidade, a obediência à vontade de Chávez se mistura com a falta de ambição de um homem que admite que nunca quis ser presidente, o luto pela morte precisa se conciliar com a energia positiva que uma campanha presidencial deve irradiar.

"Percorremos estas terras muitas vezes com nosso comandante e vir aqui, mais do que as lembranças, renova o compromisso que temos de aprofundar seu legado", afirma, emocionado, ao chegar no que classifica ser o "berço da revolução bolivariana".

Dirigindo ele mesmo o ônibus que transporta os membros do governo, Maduro chega ao ginásio poliesportivo onde se dirigirá a milhares de pessoas e provoca uma comoção muito similar à gerada pela chegada de Chávez neste tipo de eventos. Maduro parece se contagiar com esta euforia.

Sua figura imponente caminha, sapateia, dança e canta as músicas da campanha para as presidenciais do dia 14 de abril, nas quais parte como claro favorito.

"É o único dos nossos que podia, com sua presença e seu discurso, gerar tanto entusiasmo", admite um membro do governo.


Chávez provavelmente também sabia disso quando o elegeu como seu sucessor, em dezembro, caso a doença o impedisse de seguir governando. Mas Maduro não é nem será Chávez. Ele sabe, o governo sabe e as pessoas que o escutam em Barinas também sabem. A comparação, mais do que odiosa, é, neste caso, inevitável.

Muitas fotografias de Chávez estão nas mãos dos presentes, o hino nacional venezuelano segue entoando com a inconfundível voz do presidente falecido e Maduro multiplica as referências ao seu mentor político e cita quase literalmente algumas de suas frases.

"Aqui há dois modelos: o socialista e o imperialista". "Vocês deverão escolher entre o filho de Chávez ou um burguês", clama, referindo-se ao candidato opositor Henrique Capriles.

O vazio deixado por Chávez com sua morte, no dia 5 de março, é doloroso e palpável entre os presentes, que viram em diversas ocasiões o falecido líder e não conseguem conter as lágrimas.

"Eu não vou falhar com Chávez e votarei em Maduro", afirma Elena Vargas.

Diante da pergunta sobre se Maduro será capaz de seguir adiante no caminho iniciado por Chávez, a resposta parece ser unânime. "Só há um Chávez, isto está claro, mas Maduro se comprometeu a carregar este peso cheio de amor e pátria que Chávez (carregava) e vai fazer. O povo o ajudará", afirma, convencido, Rafael Delgado, segurando uma bandeira com a imagem do falecido presidente.

"Esta revolução não pode se deixar vencer pela tristeza", afirma, chorosa, Carmen Vega, repetindo o lema da campanha: "Chávez, te juro, meu voto é por Maduro".

Maduro parece ser a prolongação de Chávez e ele não parece se importar.


"Criticam-me porque falo muito de Chávez, mas deveria falar dele um milhão de vezes, porque lembro dele em cada ato, em cada momento. Sempre precisaremos dele", afirma, enquanto Adán Chávez, irmão mais velho do falecido presidente, assente comovido.

"Chávez" é, sem dúvida, a palavra mais repetida deste ato político. Como se o falecido presidente voltasse a ser, de alguma forma, o candidato de 14 de abril, uma estratégia repudiada pela oposição venezuelana, que se esforça em concentrar sua campanha no valor do candidato Nicolás Maduro.

"Agora, mais do que nunca com Chávez", "Com Chávez e Maduro o povo está seguro", "Chávez vive, a luta segue", gritavam os presentes.

O objetivo de Maduro é bater um recorde de votos a favor do chavismo. "Que os oito milhões de votos (conquistados nas presidenciais de outubro de 2012) se convertam em 10 milhões", lançam os presentes neste ato político em Barinas. Alcançá-lo seria se legitimar como líder perante os venezuelanos, diante do governo e de companheiros de partido.

O discurso de Maduro dura pouco mais de uma hora, nada comparado às maratônicas intervenções do falecido chefe de Estado. Ao final, não há "pátria socialismo ou morte" nem tampouco "viveremos e venceremos", sinais utilizados durante anos pelo governo. Um "Viva Chávez" parece resumir por enquanto o sentimento do candidato.

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Barinas - Ele ainda leva alguns segundos para reagir quando as pessoas o chamam de presidente, quando uma multidão vestida de vermelho grita seu nome, ou quando uma idosa coloca um papel em seu bolso pedindo uma casa ou uma pensão.

Nicolás Maduro , presidente interino da Venezuela, candidato à presidência e, acima de tudo, "filho" político do falecido Hugo Chávez, parece atravessar vários estados de espírito neste dia que passa em Barinas, no oeste da Venezuela, terra natal do falecido presidente.

A postura que demonstra deixa entrever o peso esmagador da responsabilidade, a obediência à vontade de Chávez se mistura com a falta de ambição de um homem que admite que nunca quis ser presidente, o luto pela morte precisa se conciliar com a energia positiva que uma campanha presidencial deve irradiar.

"Percorremos estas terras muitas vezes com nosso comandante e vir aqui, mais do que as lembranças, renova o compromisso que temos de aprofundar seu legado", afirma, emocionado, ao chegar no que classifica ser o "berço da revolução bolivariana".

Dirigindo ele mesmo o ônibus que transporta os membros do governo, Maduro chega ao ginásio poliesportivo onde se dirigirá a milhares de pessoas e provoca uma comoção muito similar à gerada pela chegada de Chávez neste tipo de eventos. Maduro parece se contagiar com esta euforia.

Sua figura imponente caminha, sapateia, dança e canta as músicas da campanha para as presidenciais do dia 14 de abril, nas quais parte como claro favorito.

"É o único dos nossos que podia, com sua presença e seu discurso, gerar tanto entusiasmo", admite um membro do governo.


Chávez provavelmente também sabia disso quando o elegeu como seu sucessor, em dezembro, caso a doença o impedisse de seguir governando. Mas Maduro não é nem será Chávez. Ele sabe, o governo sabe e as pessoas que o escutam em Barinas também sabem. A comparação, mais do que odiosa, é, neste caso, inevitável.

Muitas fotografias de Chávez estão nas mãos dos presentes, o hino nacional venezuelano segue entoando com a inconfundível voz do presidente falecido e Maduro multiplica as referências ao seu mentor político e cita quase literalmente algumas de suas frases.

"Aqui há dois modelos: o socialista e o imperialista". "Vocês deverão escolher entre o filho de Chávez ou um burguês", clama, referindo-se ao candidato opositor Henrique Capriles.

O vazio deixado por Chávez com sua morte, no dia 5 de março, é doloroso e palpável entre os presentes, que viram em diversas ocasiões o falecido líder e não conseguem conter as lágrimas.

"Eu não vou falhar com Chávez e votarei em Maduro", afirma Elena Vargas.

Diante da pergunta sobre se Maduro será capaz de seguir adiante no caminho iniciado por Chávez, a resposta parece ser unânime. "Só há um Chávez, isto está claro, mas Maduro se comprometeu a carregar este peso cheio de amor e pátria que Chávez (carregava) e vai fazer. O povo o ajudará", afirma, convencido, Rafael Delgado, segurando uma bandeira com a imagem do falecido presidente.

"Esta revolução não pode se deixar vencer pela tristeza", afirma, chorosa, Carmen Vega, repetindo o lema da campanha: "Chávez, te juro, meu voto é por Maduro".

Maduro parece ser a prolongação de Chávez e ele não parece se importar.


"Criticam-me porque falo muito de Chávez, mas deveria falar dele um milhão de vezes, porque lembro dele em cada ato, em cada momento. Sempre precisaremos dele", afirma, enquanto Adán Chávez, irmão mais velho do falecido presidente, assente comovido.

"Chávez" é, sem dúvida, a palavra mais repetida deste ato político. Como se o falecido presidente voltasse a ser, de alguma forma, o candidato de 14 de abril, uma estratégia repudiada pela oposição venezuelana, que se esforça em concentrar sua campanha no valor do candidato Nicolás Maduro.

"Agora, mais do que nunca com Chávez", "Com Chávez e Maduro o povo está seguro", "Chávez vive, a luta segue", gritavam os presentes.

O objetivo de Maduro é bater um recorde de votos a favor do chavismo. "Que os oito milhões de votos (conquistados nas presidenciais de outubro de 2012) se convertam em 10 milhões", lançam os presentes neste ato político em Barinas. Alcançá-lo seria se legitimar como líder perante os venezuelanos, diante do governo e de companheiros de partido.

O discurso de Maduro dura pouco mais de uma hora, nada comparado às maratônicas intervenções do falecido chefe de Estado. Ao final, não há "pátria socialismo ou morte" nem tampouco "viveremos e venceremos", sinais utilizados durante anos pelo governo. Um "Viva Chávez" parece resumir por enquanto o sentimento do candidato.

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