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Maduro diz que pode ir aos EUA contestar Obama

Em evento na Venezuela, sucessor de Hugo Chávez disse que seu país prepara um evento em Washington para pressionar Obama


	Nicolas Maduro: "Talvez eu apareça em Washington nessa exposição, para mostrar o meu rosto pelo meu país"
 (Roberto Sanchez/AFP)

Nicolas Maduro: "Talvez eu apareça em Washington nessa exposição, para mostrar o meu rosto pelo meu país" (Roberto Sanchez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2015 às 10h23.

Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ridicularizou a decisão dos Estados Unidos de classificar o país como uma ameaça à sua segurança e disse que poderá ir a Washington para contestar o presidente norte-americano, Barack Obama.

"Exigimos, por meio de todos os canais diplomáticos mundiais, que o presidente Obama retifique e revogue o decreto imoral que declara a Venezuela uma ameaça para os Estados Unidos", disse Maduro na quinta-feira à noite.

Na pior rusga entre os inimigos ideológicos desde que Maduro tomou posse em 2013, os EUA declararam no início desta semana "emergência nacional" pela "ameaça incomum e extraordinária" da Venezuela, e impuseram sanções a sete funcionários venezuelanos, acusando-os de corrupção e violação de direitos.

O governo Maduro exigiu provas da ameaça da Venezuela à segurança dos EUA.

Por outro lado, acusa Washington de ajudar golpistas e preparar uma intervenção militar no país.

Autoridades dos EUA dizem que a intenção de Obama é fazer com que o governo da Venezuela mude seu modo de agir, e não derrubá-lo.

Em declarações em uma feira de livros, Maduro, de 52 anos, sucessor de Hugo Chávez –-feroz adversário dos EUA-–, disse que a Venezuela prepara um evento em Washington para fazer pressão.

"Talvez eu apareça em Washington nessa exposição, para mostrar o meu rosto pelo meu país e dizer ao governo em Washington que está cometendo erros graves", disse ele.

Não foram dados mais detalhes desse evento nos EUA.

A Venezuela também vem exigindo que os Estados Unidos reduzam o quadro de funcionários em sua embaixada em Caracas de 100 para 17 pessoas, o que tem levado a disputa a dominar as manchetes locais, ofuscando a crise econômica.

O líder oposicionista Henrique Capriles acusou Maduro de usar a desavença como uma cortina de fumaça. "A inflação atravessa o telhado. A escassez também. Assassinatos e pobreza aumentam. E os governantes sem-vergonha nos falam em invasão", ele tuitou.

A coalizão de grupos oposicionistas na Venezuela procura dissociar-se de qualquer percepção de apoio a uma intervenção estrangeira nos assuntos do país, ao mesmo tempo em que endossa as acusações de repressão e corrupção.

Vários aliados de Maduro, incluindo a Rússia e a Argentina, enviaram mensagens de apoio à Venezuela, assim como a Unasul, bloco regional sul-americano, enquanto os críticos da política externa dos EUA protestam contra ações do governo.

"A Venezuela é um dos poucos países com reservas de petróleo significativas que não se submetem aos ditames dos EUA”, escreveu Glenn Greenwald, o jornalista que primeiro divulgou os documentos vazados pelo ex-subcontratado espião norte-americano Edward Snowden, que está foragido.

"Esses países estão sempre no topo da lista do governo e da mídia dos EUA para serem demonizados", disse.

Instigando o sentimento nacionalista, Maduro comandou uma marcha "anti-imperialista" na quinta-feira. No fim de semana a Assembleia Nacional deverá conceder-lhe poderes especiais para baixar decretos que, segundo afirma, são necessários depois da iniciativa dos EUA de considerarem o país uma ameaça à sua segurança.

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