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Maduro confirma que há meses conversa com os EUA sobre crise

Embora os EUA não reconheçam governo da Venezuela, Trump também confirmou que mantém diálogos "de alto nível" com Maduro

Nicolás Maduro: "Assim como tenho buscado o diálogo na Venezuela, tenho procurado uma forma de o presidente Donald Trump escutar a Venezuela de verdade" (Miraflores Palace/Reuters)

Nicolás Maduro: "Assim como tenho buscado o diálogo na Venezuela, tenho procurado uma forma de o presidente Donald Trump escutar a Venezuela de verdade" (Miraflores Palace/Reuters)

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AFP

Publicado em 21 de agosto de 2019 às 07h16.

Última atualização em 21 de agosto de 2019 às 09h41.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou nesta terça-feira contatos entre seu governo e altos funcionários de Washington para avaliar as propostas feitas por seu homólogo americano, Donald Trump.

"Confirmo que há meses ocorrem contatos de altos funcionários do governo dos Estados Unidos, de Donald Trump, com o governo bolivariano que presido, sob minha expressa autorização, direta. Vários contatos, vários caminhos, para buscar solucionar este conflito", disse Maduro em rede nacional de rádio e TV.

"Não é novidade, há meses mantemos contatos. Assim como tenho buscado o diálogo na Venezuela, tenho procurado uma forma de o presidente Donald Trump escutar a Venezuela de verdade", declarou Maduro, denunciando que colaboradores do presidente americano "escondem a verdade e lhe vendem uma Venezuela de mentira".

Trump revelou nesta terça que seu governo mantém diálogos "de muito alto nível" com autoridades da Venezuela, embora Washington não reconheça a legitimidade de Maduro.

"Estamos em contato, estamos falando com vários representantes na Venezuela", disse Trump à imprensa, ao ser consultado sobre relatos de uma aproximação entre a Casa Branca e Diosdado Cabello, considerado o líder mais poderoso depois de Maduro.

"Estamos ajudando a Venezuela tanto quanto podemos. Nos mantemos à margem, mas estamos ajudando. Precisa de muita ajuda. Há 15 anos, era um dos países mais ricos, agora é um dos países mais pobres".

"Não quero dizer quem, mas estamos falando de alguém de muito alto nível", acrescentou o presidente.

A agência americana Associated Press disse na segunda-feira, citando uma autoridade sênior dos EUA que não identificou, que Cabello se reuniu no mês passado em Caracas com uma pessoa em contato próximo com a administração Trump e que uma segunda reunião está sendo organizada.

De acordo com a reportagem, as comunicações secretas com Cabello, chefe da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, e outras autoridades venezuelanas buscam aumentar a pressão sobre o governo de Maduro.

Em uma coletiva de imprensa na segunda-feira, Cabello negou as informações, consideradas "uma mentira" e "uma enorme manipulação".

Sanções

As informações sobre os contatos bilaterais ocorrem um dia após o responsável pelo Comando Sul dos EUA, almirante Craig Faller, afirmar que a Marinha americana está pronta para "fazer o que for necessário" na Venezuela.

"Não vou detalhar o que estamos planejando e o que estamos fazendo, mas continuamos prontos para implementar decisões políticas e estamos prontos para agir", disse Faller no Rio de Janeiro durante o início do exercício militar marítimo da UNITAS, que é realizado anualmente por vários países.

Trump já disse que analisa um "bloqueio ou quarentena" ao país caribenho, impedindo assim a entrada e saída de mercadorias.

Washington tem implementado uma série de sanções para derrubar Maduro, a quem considera "ilegítimo" e "ditador", para que o líder opositor Juan Guaidó assuma de fato o governo e convoque eleições presidenciais.

Trump intensificou a pressão em 5 de agosto, bloqueando os ativos do governo venezuelano nos Estados Unidos e ameaçando com sanções as empresas que negociam com Caracas.

Delegados de Maduro e Guaidó iniciaram em maio passado uma série de reuniões mediadas pela Noruega, mas Maduro retirou seus representantes da iniciativa em 7 de agosto, por conta da nova leva de sanções impostas pelos Estados Unidos.

Guaidó informou nesta terça que seus negociadores têm encontros agendados com representantes do governo americano em Washington.

O opositor já afirmou que só assinará um acordo com o governo venezuelano caso seja estabelecida a realização de nova eleição presidencial, enquanto Maduro exige o fim das sanções.

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