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Madaya é uma cidade onde há gente, mas não há vida, diz ONU

A Organização das Nações Unidas e a Cruz Vermelha conseguiram acessar ontem Madaya, onde nenhuma ajuda humanitária chegava desde outubro


	Madaya: "A situação é horrível: não tem comida, não tem luz, não tem calefação para temperaturas baixíssimas"
 (Syrian Observatory For Human Rights)

Madaya: "A situação é horrível: não tem comida, não tem luz, não tem calefação para temperaturas baixíssimas" (Syrian Observatory For Human Rights)

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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2016 às 11h18.

Genebra - Madaya tem gente, mas não tem vida: assim resumiram nesta terça-feira as agências humanitárias da Organização das Nações Unidas (ONU), que ontem entraram com um comboio de ajuda humanitária nessa cidade síria sitiada pelas forças do regime, onde vivem 42 mil pessoas "desnutridas e em uma situação desesperadora".

A Organização das Nações Unidas e a Cruz Vermelha conseguiram acessar ontem Madaya, onde nenhuma ajuda humanitária chegava desde outubro, e a situação encontrada foi "terrível", de acordo com Hajja Malik, representante da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) na Síria.

"Madaya é uma cidade onde há gente, mas não há vida. A situação é horrível: não tem comida, não tem luz, não tem calefação para temperaturas baixíssimas. Crianças têm que ir buscar alimentos, e sabemos de pelo menos dois casos de menores que perderam algum membro do corpo ao passar por uma mina antipessoal", denunciou Malik em teleconferência de Damasco.

O risco das minas antipessoais também foi citado em entrevista coletiva por porta-vozes de outras agências, como Unicef, Programa Alimentar Mundial (WFP/PAM), Organização Mundial da Saúde (OMS), que também participaram do comboio e que confirmaram as denúncias de desnutrição generalizada.

Não foi possível contabilizar as mortes por crise de fome ou o nível de desnutrição - severa ou aguda - da população, dado que nas horas em que estiveram na cidade não houve tempo hábil de fazer uma análise nutricional completa.

De acordo com a representante da OMS na Síria, Elizabeth Hoff, os três médicos presentes na cidade, confirmaram a morte de várias pessoas por crise de fome, sem poder, no entanto, dar números exatos.

Os médicos são um ginecologista, um pediatra e um clínico geral, que está ferido.

Elizabeth pediu permissão para a entrada de clínicas móveis com equipes especializadas na cidade para prestar atendimento médico de urgência à população.

Além disso, sugeriu que seja permitido o acesso da Cruz Vermelha para fazer uma análise "porta a porta" e detectar os casos de desnutrição mais graves.

Está previsto que amanhã um segundo comboio entre nessa cidade e outro em três ou quatro dias.

Eles irão para Madaya e para as localidades de Fua, Kefraya - também abastecidas ontem - assim como Zabadani.

O Unicef estima que a metade da população de Madaya é menor de idade.

Por isso, a ajuda distribuída ontem continha alimentos altamente energéticos, embora o grupo não tivesse leite em pó específico para os bebês.

Relatórios apontam a incapacidade de amamentar das mães, dada sua própria desnutrição.

Todos os porta-vozes insistiram na importância de que estas distribuições não sejam pontuais, mas permanentes.

"Se não pudermos entrar de novo, esse esforço não servirá para nada e em poucos meses voltaremos a falar de uma situação de morte e desolação", disse Maliki.

A ONU estima que 4,5 milhões de sírios residam em zonas de dificílimo acesso, sendo que 400 mil sobrevivem em regiões sitiadas.

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