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Macron poderá convocar novas eleições caso o governo Lecornu seja derrubado

Primeiro-ministro francês tenta evitar crise política com discurso crucial sobre reformas

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 14 de outubro de 2025 às 11h30.

O presidente francês, Emmanuel Macron, alertou nesta terça-feira, 14, que poderá convocar eleições legislativas antecipadas caso o Parlamento derrube o governo, horas antes de um discurso crucial do primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, aos deputados em meio a uma crise política.

Este homem de confiança do presidente precisa convencer a oposição socialista a não se juntar ao restante da oposição de esquerda e extrema-direita em sua tentativa de censurar o terceiro primeiro-ministro em menos de um ano.

"As moções de censura apresentadas são moções para dissolver [o Parlamento] e devem ser vistas como tal", alertou Macron durante a primeira reunião de seu novo governo, de acordo com a porta-voz governamental Maud Bregeon.

Reformas em risco e a batalha política

A chave para a sobrevivência de Lecornu dependerá de seu discurso de política geral, agendado para as 15h00 (10h00 de Brasília), e se ele cederá às exigências da oposição socialista sobre uma das principais reformas de Macron.

"Exigimos claramente a suspensão imediata e completa da reforma da Previdência de 2023", que Macron impôs por decreto apesar da oposição popular, reiterou o líder socialista Olivier Faure na segunda-feira.

A esquerda radical e a extrema-direita já apresentaram moções de censura, que serão debatidas na quinta-feira. Se Lecornu não convencer a oposição, os socialistas podem decidir apresentar outra moção com mais chances de derrubar o governo.

Reforma da previdência e suas consequências

O aumento da idade da aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e o aumento para 43 anos, a partir de 2027, do período de contribuição obrigatório para uma pensão completa cristalizaram o descontentamento com as políticas do presidente de centro-direita desde 2023.

Para o governo, a suspensão da única grande reforma do segundo mandato de Macron custaria pelo menos 3 bilhões de euros (19 bilhões de reais) e divide o partido no poder. A esquerda e os sindicatos querem sua revogação.

O recém-coroado Prêmio Nobel de Economia, Philippe Aghion, chegou a pedir um acordo sobre a suspensão da reforma da previdência para evitar o "perigo" de o partido de extrema-direita de Marine Le Pen, que lidera as pesquisas, chegar ao poder.

Desafios fiscais e possibilidade de novas eleições

Uma eleição legislativa antecipada não afetaria Macron a princípio. O presidente se recusa a renunciar antes do final de seu mandato em 2027 e não pode se candidatar novamente.

A situação financeira não ajuda. A segunda maior economia da UE está sob pressão para reduzir sua elevada dívida pública (115,8% do PIB) e levar o déficit público para menos de 5% do PIB até 2026.

O governo de Lecornu apresentou um projeto de orçamento para 2026 nesta terça-feira, que prevê um esforço fiscal de 30 bilhões de euros (189 bilhões de reais), em grande parte devido à redução dos gastos públicos, segundo o Conselho Superior de Finanças Públicas.

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