Macedônia: o resultado do referendo precisará ser validado pelo Parlamento (Reuters/Ognen Teofilovski/Reuters)
AFP
Publicado em 28 de setembro de 2018 às 12h08.
Os macedônios decidirão no domingo em um referendo se aceitam a mudança do nome do país para "República da Macedônia do Norte", para resolver um conflito com a Grécia e abrir o caminho para uma adesão à Otan e União Europeia.
A Grécia não aceita que seu pequeno vizinho, que declarou independência da Iugoslávia em 1991, tenha o direito de usar o nome "Macedônia".
Atenas reivindica este nome para sua província setentrional ao redor de Tessalônica e acusa Skopje - a capital macedônia - de usurpar seu patrimônio histórico, além de acusar o vizinho de ter ambições territoriais.
Se o acordo assinado em junho pelos primeiros-ministros macedônio Zoran Zaev e grego Alexis Tsipras for confirmado dos dois lados da fronteira, isto acabará com o veto de Atenas à integração macedônia na Otan e às negociações de adesão com a UE.
Mas o caminho ainda é longo. O resultado do referendo precisará ser validado pelo Parlamento de Skopje e a coalizão de governo, composta por social-democratas e partidos que representam a minoria albanesa (20 a 25% dos 2,1 milhões de habitantes), não dispõe da maioria de dois terços.
Uma ampla vitória do "Sim" poderá ajudar o governo a convencer parte da oposição de direita, dividida sobre a questão e que hesita em votar a ratificação, sobretudo se a participação for reduzida, como temem vários analistas.
"Para a Macedônia não há outra opção que uma adesão à Otan e UE", afirmou Zoran Zaev, que advertiu os compatriotas que em caso de fracasso o país estaria relegado ao "isolamento total e instabilidade".
Vários líderes ocidentais defenderam o voto no "Sim", incluindo a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês Emmanuel Macron, o secretário americano de Defesa Jim Mattis, entre outros.
A pergunta do referendo não faz referência direta à mudança de nome: "Você é favorável à adesão à UE e Otan ao aceitar o acordo com a Grécia?".
Para muitos, a aproximação com o Ocidente é oportunidade para retirar do marasmo econômico o país, que enfrenta uma emigração em massa, uma diáspora que equivale a quase 25% da população.
Esta semana, Zoran Zaev se dirigiu a seu "amigo" Hristo Mickoski, líder da oposição e a seus "estimados" partidários: "Vocês sabem que um acordo melhor é impossível de alcançar (...) Vocês sabem que todos somos favoráveis à UE e Otan".
Hristo Mickoski não fez qualquer recomendação explícita: "Quando acordarem no domingo, escutem seu coração. E vocês tomarão a boa decisão".
O "Sim" é considerado favorito. Nenhuma autoridade defende o "Não".
Os opositores ao acordo defendem um boicote ao referendo nas redes sociais, mas um protesto convocado em Skopje reuniu apenas dezenas de pessoas.
O presidente macedônio, Gjorge Ivanov, próximo à direita nacionalista e que tem um cargo honorário, repetiu na quinta-feira na ONU que não vai votar.
"Dizem que somos menores e mais fracos e que por isto devemos aceitar o acordo que Atenas deseja", denunciou.
Nenhuma pesquisa foi divulgada, mas analistas acreditam que a abstenção deve superar 50%, consequência da falta de entusiasmo e da ausência de muitos eleitores que moram no exterior.
O referendo, que acontecerá no domingo das 7H00 às 19H00 locais (2H00 às 14H00 de Brasília), terá a presença de 500 observadores estrangeiros.