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Luto e revolta no aniversário do incêndio da Torre Grenfell de Londres

Um ano após o incêndio que provocou 71 mortes na madrugada, muitos expressam a frustração com os políticos e os bombeiros

As autoridades não explicaram porque ninguém foi detido na investigação ou porque não foi proibido o revestimento exterior que contribuiu para a rápida propagação das chamas (Dan Kitwood/Getty Images)

As autoridades não explicaram porque ninguém foi detido na investigação ou porque não foi proibido o revestimento exterior que contribuiu para a rápida propagação das chamas (Dan Kitwood/Getty Images)

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AFP

Publicado em 13 de junho de 2018 às 10h29.

A indignação e a sede de justiça se misturam à dor no primeiro aniversário do incêndio da Torre Grenfell, um prédio de apartamentos sociais em Londres, o mais grave no país desde a Segunda Guerra Mundial.

Em um bairro da zona oeste da capital britânica ainda traumatizado pelo desastre que provocou 71 mortes na madrugada de 13 a 14 de junho de 2017, muitos expressam a frustração com os políticos e os bombeiros.

"Não entendo por quê, como país, não armamos um escândalo, por quê não afirmamos ao governo o que deve mudar já", disse Tasha Brade, uma vizinha e integrante da campanha Justice4Grenfell ("Justiça para Grenfell"), que apoia os sobreviventes e as famílias das vítimas.

As autoridades não explicaram porque até hoje ninguém foi detido como resultado da investigação ou porque não foi proibido o revestimento exterior que contribuiu para a rápida propagação das chamas.

Além disso, as vítimas não entendem o que levou os bombeiros que chegaram ao local para combater o incêndio a solicitar que os moradores da Torre não deixassem os seus apartamentos, uma ordem que não foi retirada por duas horas.

A transferência lenta dos afetados também causa perplexidade, porque 43 das 203 famílias afetadas permanecem em hotéis.

"As vítimas não receberam o que precisavam", afirma Vassiliki Stavrou-Lorraine, que mora há 34 anos em um prédio diante do local em que ficava a Torre Grenfell.

"As pessoas sofrem "depressão e estresse pós-traumático".

 'Abandonados à morte'

O incêndio começou na cozinha de um apartamento do arranha-céus de 24 andares e se propagou com grande rapidez.

Setenta e uma pessoas morreram e uma mulher grávida perdeu o bebê, um aborto atribuído à tragédia.

O edifício havia sido construído em 1974 e passou por uma reforma entre 2014 e 2016, quando recebeu o revestimento que muitos interpretaram como uma tentativa de esconder um prédio feio no bairro de Kensington e Chelsea.

O material do revestimento nunca havia passado por testes de combate ao incêndio e não respeitavas as normas de segurança, de acordo com o relatório da perícia.

"O fato é que nossos parentes são recordados agora porque foram abandonados à morte", escreveu no jornal The Guardian Karim Mussilhy, que perdeu o tio na tragédia.

Kerry O'Hara, sobrevivente, declarou à AFP: "Fico feliz por não ter seguido aquela ordem de permanecer no apartamento e odeio pensar no que teria acontecido se tivesse ficado".

May pede desculpas

A primeira-ministra Theresa May foi muito criticada, depois de visitar o local da tragédia e evitar o contato com as vítimas.

Também é criticada por não ter proibido o revestimento usado na Torre.

Na segunda-feira, ela pediu desculpas por ter se reunido apenas com as equipes de resgate na polêmica primeira visita a Grenfell, quando fumaça ainda saía do edifício.

O clube de boxe que ficava no térreo do prédio foi totalmente destruído e transferido para um local próximo.

Um dos treinadores, Moutaz Chellat, perdeu cinco parentes na tragédia - o tio, a tia e os três filhos do casal.

"Os meninos são muito resistentes e se recuperam rapidamente, mas os adultos se apegam e não administramos muito bem este tipo de situação", declarou à AFP Joe Sweeney, que trabalha há três anos no clube, que formou dois campeões do mundo - George Groves e James DeGale.

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