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Lula deixa um Brasil que confia em suas capacidades, diz espanhol ´El País´

Jornal diz que as bases do Brasil atual se estabeleceram sob o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas que ´a definitiva eclosão´ das potencialidades aconteceu com Lula

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.

São Paulo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixa um Brasil que confia em suas próprias capacidades e que passou a ser, ao longo de seus dois mandatos, uma economia emergente capaz de transformar a realidade internacional, afirma hoje o jornal espanhol "El País".

"O êxito de Lula foi em boa parte interiorizado pelos brasileiros, cuja confiança nas próprias capacidades está se traduzindo em um dinamismo econômico e social sem comparação na América Latina, nem provavelmente no restante do mundo", diz o jornal em um editorial elaborado por ocasião das eleições presidenciais brasileiras.

Durante os dois mandatos de Lula, acrescenta, "o Brasil deixou de ser aquele permanente país do futuro que foi na maior parte do século XX" para se transformar "em uma das economias emergentes que estão transformando a realidade internacional no início do século XXI".

O jornal diz que as bases do Brasil atual se estabeleceram sob o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas que "a definitiva eclosão" de suas potencialidades aconteceu porque seu sucessor "soube ir ampliando a herança recebida até os setores mais desfavorecidos, até consolidar uma dinâmica classe média".

No editorial, intitulado "Lula despede-se", a publicação considera que essa estratégia permitiu que "os brasileiros confiassem no sistema democrático e na reforma como via para superar as desigualdades que ainda subsistem".

Destaca como a gestão de Lula mais próxima de sua despedida teve marcas fortes na "tentativa de redefinir a posição internacional do Brasil acomodando-a a sua nova e pujante realidade interna", para o qual "se multiplicaram" as iniciativas diplomáticas, "embora com resultados desiguais".

Assim, enquanto propostas como a reforma da ONU "ampliaram a margem internacional do Brasil", "a aproximação ao Irã despertou mais receios que colheu benefícios", da mesma forma que "a gestão da crise hondurenha" e "a condescendência em direção ao Governo cubano por ocasião da morte do opositor Orlando Zapata", acrescenta o jornal.

Apesar de "outras marcas ruins no balanço, como os casos de corrupção e os confrontos com a imprensa, Lula deixa um Brasil melhor do que encontrou", acrescenta a publicação, que considera que "não será fácil para nenhum dos três candidatos sucedê-lo com a mesma liderança".

Apesar disso, o diário espanhol opina que "um país previsível se reconhece porque as instituições e as políticas são independentes das pessoas. Embora, como no caso de Lula, as pessoas possam ser decisivas". EFE

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