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Longevidade política no mundo árabe se choca com 'geração Twitter'

Assad, presidente da Síria, foi um líder que ressaltou ser importante "estar estreitamente vinculado às opiniões do povo"

Protesto no Egito: líderes do mundo árabe há muito tempo no poder podem ser ameaçados (Peter Macdiarmid/Getty Images)

Protesto no Egito: líderes do mundo árabe há muito tempo no poder podem ser ameaçados (Peter Macdiarmid/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2011 às 09h31.

Madri - A longevidade política nos países do mundo árabe, amparada por suas constituições, contribui para que alguns de seus dirigentes se perpetuem no poder.

Os protestos no Egito, onde o presidente Hosni Mubarak governa há 30 anos, e na Tunísia, liderada por 23 anos pelo agora presidente deposto Zine El Abidine Ben Ali, evidenciaram como as novas gerações, por meio de redes sociais como Twitter e Facebook, transgridem a velho ordem.

O presidente iemenita, Ali Saleh, que está há 32 anos no poder, anunciou nesta quarta-feira que não vai se apresentar como candidato à reeleição em 2013 por causa dos protestos em seu país. Atitude semelhante foi tomada ontem por Mubarak.

O líder de um país árabe que está há mais tempo na cena política é o líbio Muammar Kadafi, de 68 anos, 41 deles à frente dos destinos de seu país. Kadafi liderou um grupo de oficiais que derrubou, em setembro de 1969, o rei Idris al-Senussi.

Enquanto isso, na vizinha Argélia, Abdelaziz Bouteflika completa 11 anos no comando de seu país. Já na Mauritânia, Mohammed Ould Abdel Aziz é o chefe de governo que está há menos tempo no poder entre os líderes de nações árabes - assumiu o cargo em agosto de 2009.


Entre os monarcas, uma curiosidade: os mais novos são os que estão no trono há mais tempo, enquanto os mais velhos estão há menos tempo no poder.

No Marrocos, o rei Mohammed VI, de 47 anos, ocupa o trono há 11 anos, desde a morte de seu pai, o rei Hassan II, em 23 de julho 1999.

O rei Abdullah II da Jordânia, de 48 anos, governa há 11 anos, após suceder seu pai, o rei Hussein, em 7 de fevereiro de 1999. Os protestos na Jordânia acabaram ontem com o governo do primeiro-ministro Samir Rifai, que apresentou sua renúncia ao soberano.

Por outro lado, na Arábia Saudita, Abdullah bin Abdul Aziz, de 86 anos, é o de maior idade, mas reina há apenas cinco, desde que herdou o trono de seu antecessor, seu meio-irmão, o rei Fahd.

No Barein, o rei Hamad bin Isa al-Khalifa, de 61 anos, leva 11 deles governando.

Caso à parte é a Síria, onde após a morte do presidente, Hafez al-Assad, foi instaurada uma república hereditária, com a sucessão do filho deste, Bashar al-Assad. Aos 45 anos, o caçula dos dirigentes árabes também está há 11 anos no poder.

Em recente entrevista ao jornal "The Wall Street Journal", Assad falou sobre a necessidade de "estar estreitamente vinculado às opiniões do povo".

No entanto, reconheceu que "é preciso tempo" para construir instituições políticas, pois se abriu "uma nova era" que pode levar tanto ao caos como a maiores reformas institucionais.

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