Liga e 5 Estrelas dão passos para formar governo na Itália
Os dois grupos reiniciaram negociações na quarta (9) para evitar nova eleição, que seria inevitável caso impasse partidário continuasse
Reuters
Publicado em 10 de maio de 2018 às 17h59.
Última atualização em 10 de maio de 2018 às 18h43.
Roma - O partido italiano anti-establishment Movimento 5 Estrelas e a Liga, de extrema-direita, disseram nesta quinta-feira que deram "passos significativos" para formar um governo após nove semanas tentando tirar a Itália de um impasse político .
Os dois grupos, que rejeitam as restrições orçamentárias da União Europeia e fizeram promessas eleitorais cuja implantação custaria bilhões de euros, finalmente iniciaram negociações na quarta-feira tendo em vista uma volta às urnas quase inevitável.
"Passos adiante significativos foram dados quanto à composição do governo e à (indicação) de um primeiro-ministro", disseram o líder da Liga, Matteo Salvini, e o chefe do 5 Estrelas, Luigi Di Maio, em um comunicado conjunto depois de se reunirem.
Eles não deram nenhum indício de quem pode comandar a gestão ou quem pode ficar encarregado dos principais ministérios.
"Não consigo disfarçar minha alegria e felicidade por podermos finalmente começar a resolver os problemas da Itália", escreveu Di Maio no Facebook.
O presidente italiano, Sergio Mattarella, que tem a palavra final sobre a estrutura do novo governo, deu um prazo até domingo para os dois lados lhe informarem sobre o resultado de suas conversas.
"Eles nos pediram tempo até domingo, e no domingo esperamos uma resposta", disse uma fonte do gabinete presidencial.
A notícia de que um acordo era iminente aumentou a diferença entre os rendimentos dos títulos italianos padrão e seu equivalente alemão mais seguro para seu maior nível em sete semanas devido ao receio de que as contas do Estado sejam prejudicadas. O principal índice de ações do país recuou um por cento, a maior queda do dia nas principais bolsas europeias.
"A perspectiva de ter um governo de dois partidos eurocéticos cria incertezas... os investidores podem não confiar em tal governo e temer que a dívida cresça", disse Vincenzo Longo, analista da IG Markets.
A Itália está em um limbo político desde as eleições inconclusivas de 4 de março, nas quais um bloco de centro-direita que inclui a anti-imigração Liga conquistou a maioria das cadeiras do Parlamento e o 5 Estrelas emergiu como o maior partido isolado de longe.
O 5 Estrelas passou semanas assinalando que estava disposto a montar um governo com a Liga, mas não com seu aliado eleitoral, o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que vê como um símbolo da corrupção política após anos de escândalos.
Salvini vinha se recusando a fazê-lo por lealdade à aliança de centro-direita, mas na noite de quarta-feira Berlusconi aceitou sair de cena voluntariamente, removendo um grande obstáculo para um acordo.