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Liga Árabe busca se adaptar a um Oriente Médio em ebulição

A Primavera Árabe derrubou dois dos pilares da Liga: Mubarak e o ex-presidente tunisiano Ben Ali

O enfraquecimento dos pilares regionais tradicionais, como Egito e Síria, deu aos países do Golfo um maior espaço para suas ambições na Liga (Marco Longari/AFP)

O enfraquecimento dos pilares regionais tradicionais, como Egito e Síria, deu aos países do Golfo um maior espaço para suas ambições na Liga (Marco Longari/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2012 às 13h30.

As rebeliões da Primavera Árabe sacudiram a Liga Árabe, considerada durante décadas como um simples clube de déspotas, que na cúpula de quinta-feira em Bagdá buscará se mostrar em sintonia com as aspirações populares.

Em um ano, a Liga Árabe tomou duas decisões transcendentes - a exclusão aérea da Líbia para derrubar o general Muamar Kadhafi e a adoção de sanções contra a Síria - ambas inimagináveis na época em que a organização pan-árabe se limitava a apoiar a causa palestina.

Com a explosão das revoltas populares, a organização de 22 membros, cuja sede está localizada na famosa Praça Tahrir do Cairo, epicentro da rebelião contra o presidente Hosni Mubarak, enfrentou um simples dilema: se adaptar ou morrer.

"A Liga Árabe deveria enfrentar o problema e se manter ao lado do povo", afirma seu secretário-geral-adjunto, Ahmed Ben Hilli, em uma entrevista concedida à AFP antes à cúpula de quinta-feira.

"Se não tivesse feito isso, teria se marginalizado e teria sido esmagada pela onda de apelos por democracia", acrescenta.

A Primavera Árabe derrubou dois dos pilares da Liga, o presidente tunisiano Zine El Abidine Ben Ali e seu colega egípcio Hosni Mubarak, e dois de seus veteranos, o coronel Kadhafi e o iemenita Ali Abdullah Saleh.


O presidente sírio, Bashar al-Assad, enfrenta uma onda de contestação cada vez mais intensa que pode levar a uma guerra civil, enquanto outros países, como Bahrein, enfrentaram grandes movimentos de protesto.

Em janeiro de 2011, o então secretário-geral da Liga Árabe, o egípcio Amr Mussa, havia incentivado, em vão, os dirigentes árabes a responder sem demora "à ira e à frustração sem precedentes" de seus povos.

"A revolução na Tunísia não está longe do que discutimos aqui", disse em um discurso premonitório, pouco antes da explosão da revolta contra Mubarak.

Os acontecimentos da Líbia ofereceram à instituição árabe uma primeira chance para se adaptar à nova situação.

A Liga suspendeu a Líbia e aprovou uma zona de exclusão aérea, habilitando a intervenção da Otan que terminou com a queda de Kadhafi.

O ativismo do pequeno, mas riquíssimo emirado do Qatar, presidente rotativo da Liga, também teve um grande peso, afirma Ben Hilli.

"A direção da Liga, decidida a cumprir seu papel com força, foi um fator de revitalização da instituição", acrescenta.


"Com sua imensa riqueza, o Qatar quer ser ouvido e ter peso nos acontecimentos", afirma Theodore Karasik, do Instituto de Análises Militar do Golfo e do Oriente Médio, sediado em Dubai.

O enfraquecimento dos pilares regionais tradicionais, como Egito e Síria, deu aos países do Golfo um maior espaço para suas ambições na Liga.

Mas esta influência impediu que a Liga Árabe cumprisse um papel na crise do Bahrein, dirigida por uma monarquia sunita apoiada pela Arábia Saudita.

A Liga também esteve afastada da crise do Iêmen, que levou à renúncia do presidente Saleh, deixando a solução nas mãos do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG).

O atual secretário da Liga Árabe, o egípcio Nabil al-Arabi, está determinado a perseverar na nova orientação, e pediu ao chefe da diplomacia argelina, Lakhdar Brahimi, um plano para dar à organização fundamentos que lhe permitam enfrentar os novos desafios no mundo árabe.

Uma das propostas poderia ser a criação de um Conselho de Segurança, considera Ahmed Ben Hilli.

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