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Líderes mundiais deixam a economia verde no tinteiro

Conferência termina com um morno apoio à economia verde, que ficou no tinteiro das boas intenções, relegada pelas urgências da crise

Bandeiras na Rio+20, no Forte de Copacabana (Ricardo Moraes/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2012 às 23h58.

Rio de Janeiro - Os líderes mundiais concluíram nesta sexta-feira a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) com um morno apoio à economia verde, que ficou no tinteiro das boas intenções, relegada pelas urgências da crise e deixada à sorte da iniciativa privada.

A declaração final reconheceu a importância de dar impulso a uma economia respeitosa com o meio ambiente, mas postergou até 2014 a decisão de criar instrumentos financeiros para apoiar a transição a esse modelo, o que representou uma decepção para os ecologistas e os Governos que reivindicavam compromissos concretos.

Os países emergentes, aglutinados no grupo G77, pretendiam criar um fundo de US$ 30 bilhões para financiar projetos de desenvolvimento sustentável. Essa proposta, porém, foi eliminada do texto final devido à oposição dos países industrializados, que preferem dar mais atenção à crise econômica.

O diretor da ONG Ecologistas em Ação, Samuel Martín-Sosa, disse à Agência Efe que 'o encerramento em falso' da Rio+20 evidencia 'a falta de vontade política' dos governantes que, segundo ele, insistem no 'enfoque errado' de apostar todas as fichas no crescimento econômico.

'A receita que volta a ser posta na mesa é mais crescimento econômico. Acreditamos que há uma verdade inconveniente que os líderes do mundo não querem ver: não é possível que o crescimento econômico seja infinito, uma vez que o planeta é finito e tem recursos limitados', afirmou o ecologista.


Na mesma linha, a vice-ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Claudia Salerno, disse nesta sexta-feira no plenário da Rio+20 que os países desenvolvidos 'não estão dispostos a promover as transformações necessárias porque suas economias não suportariam isso'.

'Não é possível mandar as pessoas consumirem mais para salvar as economias', sustentou a chefe da delegação venezuelana.

A economia verde encontrou incontáveis detratores entre os movimentos sociais que se concentraram na Cúpula dos Povos para denunciar que por trás desse conceito se esconde o 'velho capitalismo', que quer fazer negócios com os recursos naturais.

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, reconheceu hoje que 'os Governos não podem, sozinhos, solucionar o problema' da mudança climática e transferiu parte da responsabilidade às empresas e à sociedade civil.

O setor privado e as universidades foram responsáveis por grande parte dos 692 projetos de desenvolvimento sustentável anunciados durante a conferência, que contemplam áreas como energia, meio ambiente e prevenção de desastres, somando investimentos de US$ 513 bilhões, segundo uma apuração anunciada nesta sexta-feira pela ONU.

O presidente do Foro Soria 21 para o Desenvolvimento Sustentável, Amalio de Marichalar, explicou à Efe que, se não fosse pela iniciativa das empresas e da sociedade civil, o problema da mudança climática continuaria estagnado 'na discussão de questões teóricas'.

Já os prefeitos das maiores cidades do planeta, reunidos no grupo C40, passaram das palavras para os fatos, anunciando metas ambiciosas de redução das emissões de gases poluentes durante um fórum paralelo à Rio+20.

Os prefeitos dessas 59 cidades, cuja população soma 544 milhões de pessoas, prometeram cortar as emissões em 1.300 toneladas de dióxido de carbono até 2030, o que representa cerca de 60% do número atual.

No plenário da Rio+20, os governantes demonstraram que só concordam nos pontos mínimos recolhidos na declaração final, enquanto as grandes questões os dividem.

Vários dos líderes dos países mais populosos do mundo, entre eles potências emergentes como China, Brasil e Rússia, sublinharam que cada país deve marcar seus próprios objetivos e utilizar suas próprias ferramentas para adaptar-se à economia verde sem renunciar a seu desenvolvimento.

Essa postura foi totalmente oposta ao espírito da Cúpula da Terra de 1992, cujo 20º aniversário celebra a Rio+20 e da qual nasceram três convenções internacionais.

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A declaração final reconheceu a importância de dar impulso a uma economia respeitosa com o meio ambiente, mas postergou até 2014 a decisão de criar instrumentos financeiros para apoiar a transição a esse modelo, o que representou uma decepção para os ecologistas e os Governos que reivindicavam compromissos concretos.

Os países emergentes, aglutinados no grupo G77, pretendiam criar um fundo de US$ 30 bilhões para financiar projetos de desenvolvimento sustentável. Essa proposta, porém, foi eliminada do texto final devido à oposição dos países industrializados, que preferem dar mais atenção à crise econômica.

O diretor da ONG Ecologistas em Ação, Samuel Martín-Sosa, disse à Agência Efe que 'o encerramento em falso' da Rio+20 evidencia 'a falta de vontade política' dos governantes que, segundo ele, insistem no 'enfoque errado' de apostar todas as fichas no crescimento econômico.

'A receita que volta a ser posta na mesa é mais crescimento econômico. Acreditamos que há uma verdade inconveniente que os líderes do mundo não querem ver: não é possível que o crescimento econômico seja infinito, uma vez que o planeta é finito e tem recursos limitados', afirmou o ecologista.


Na mesma linha, a vice-ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Claudia Salerno, disse nesta sexta-feira no plenário da Rio+20 que os países desenvolvidos 'não estão dispostos a promover as transformações necessárias porque suas economias não suportariam isso'.

'Não é possível mandar as pessoas consumirem mais para salvar as economias', sustentou a chefe da delegação venezuelana.

A economia verde encontrou incontáveis detratores entre os movimentos sociais que se concentraram na Cúpula dos Povos para denunciar que por trás desse conceito se esconde o 'velho capitalismo', que quer fazer negócios com os recursos naturais.

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, reconheceu hoje que 'os Governos não podem, sozinhos, solucionar o problema' da mudança climática e transferiu parte da responsabilidade às empresas e à sociedade civil.

O setor privado e as universidades foram responsáveis por grande parte dos 692 projetos de desenvolvimento sustentável anunciados durante a conferência, que contemplam áreas como energia, meio ambiente e prevenção de desastres, somando investimentos de US$ 513 bilhões, segundo uma apuração anunciada nesta sexta-feira pela ONU.

O presidente do Foro Soria 21 para o Desenvolvimento Sustentável, Amalio de Marichalar, explicou à Efe que, se não fosse pela iniciativa das empresas e da sociedade civil, o problema da mudança climática continuaria estagnado 'na discussão de questões teóricas'.

Já os prefeitos das maiores cidades do planeta, reunidos no grupo C40, passaram das palavras para os fatos, anunciando metas ambiciosas de redução das emissões de gases poluentes durante um fórum paralelo à Rio+20.

Os prefeitos dessas 59 cidades, cuja população soma 544 milhões de pessoas, prometeram cortar as emissões em 1.300 toneladas de dióxido de carbono até 2030, o que representa cerca de 60% do número atual.

No plenário da Rio+20, os governantes demonstraram que só concordam nos pontos mínimos recolhidos na declaração final, enquanto as grandes questões os dividem.

Vários dos líderes dos países mais populosos do mundo, entre eles potências emergentes como China, Brasil e Rússia, sublinharam que cada país deve marcar seus próprios objetivos e utilizar suas próprias ferramentas para adaptar-se à economia verde sem renunciar a seu desenvolvimento.

Essa postura foi totalmente oposta ao espírito da Cúpula da Terra de 1992, cujo 20º aniversário celebra a Rio+20 e da qual nasceram três convenções internacionais.

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