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Líderes egípcios concordam em iniciar diálogo

Os participantes da reunião -líderes políticos islamitas e laicos, movimentos juvenis e representantes das igrejas-, decidiram criar uma comissão para estabelecer diálogo


	Mohamed Mursi: documento final do encontro pede "a reconciliação e a proteção da união nacional das violências sectárias e dos grupos armados"
 (AFP/ Fayez Nureldine)

Mohamed Mursi: documento final do encontro pede "a reconciliação e a proteção da união nacional das violências sectárias e dos grupos armados" (AFP/ Fayez Nureldine)

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Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2013 às 19h56.

Cairo - As distintas forças políticas egípcias deram nesta quinta-feira os primeiros passos rumo a um diálogo nacional para resolver a crise que o país atravessa, em um encontro organizado pela instituição sunita Al-Azhar, no qual todas as partes condenaram a recente onda de violência.

O imã de Al-Azhar, o xeque Ahmed al Tayyip, disse após a reunião, realizada na sede deste centro islâmico, no Cairo, que é importante proteger a união nacional e "o diálogo é o caminho para a cooperação e a convivência".

Os participantes da reunião -líderes políticos islamitas e laicos, movimentos juvenis e representantes das igrejas-, decidiram criar uma comissão para estabelecer esse diálogo nacional.

O documento final do encontro pede "a reconciliação e a proteção da união nacional das violências sectárias e dos grupos armados" com o objetivo de completar com "os valores supremos da revolução de 25 de janeiro de 2011", na qual foi derrubado o presidente Hosni Mubarak.

Segundo o texto, o dever do Estado é proteger a segurança dos cidadãos, seus direitos e liberdades constitucionais, mas isto deve ser feito com respeito à lei e aos direitos humanos.


O xeque incentivou as distintas forças a atuar com métodos pacíficos e denunciarem os grupos que violem a lei, ao mesmo tempo em que pediu que os líderes do país lancem uma campanha para rejeitar a violência e recuperar a paz.

Participaram da reunião o esquerdista Hamdin Sabahi; o prêmio Nobel da paz Mohamed ElBaradei; o ex-secretário geral da Liga Árabe Amre Moussa; e o chefe do partido nacionalista Al Wafd, Sayed al Badaui, todos eles líderes da Frente de Salvação Nacional (FSN), que refutou nas últimas semanas o diálogo.

Também participaram o presidente do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), da Irmandade Muçulmana, Saad Katatni; o xeque salafista Hassan; o ex-candidato presidencial islamita Abdel Moneim Abul Futuh; e o dirigente do partido Al Wasat (muçulmano moderado) Abulaela Madi.

Após o encontro, Katatni se mostrou otimista e disse que a reunião pode ser "o começo para superar as diferenças".

"Todos perceberam o perigo, por isso se comportaram com espírito de responsabilidade e houve consenso em condenar a violência e rejeitar as tentativas de expandir o caos", disse em seu perfil do Facebook.


Os distúrbios no Egito explodiram na sexta-feira passada, quando foi lembrado o segundo aniversário do início da revolução que derrubou o regime de Mubarak.

O aumento da tensão e a violência levaram ao presidente egípcio, Mohammed Mursi, a decretar estado de emergência e toque de recolher em Port Said, Ismailiya e Suez, embora a duração desta última medida tenha sido reduzida ontem.

Apesar da relativa tranquilidade, foram convocadas para amanhã novas manifestações da oposição para rejeitar o domínio político da Irmandade Muçulmana, onde Mursi militava antes de assumir o poder.

"O presidente eleito pelos egípcios para cumprir os objetivos da revolução é o mesmo que agora aborta a revolução e sequestra o Estado e suas instituições a favor de seu grupo", acrescentou a oposição em uma nota.

A FSN insistiu, além disso, que é preciso formar um "governo de salvação nacional" e criar comissões para reformar a Constituição e investigar a morte de manifestantes durante os recentes protestos.

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