Líder do partido trabalhista britânico pede renúncia de Johnson
Pedido acontece depois de a Suprema Corte declarar "ilegal" a suspensão do Parlamento ordenada pelo primeiro-ministro
EFE
Publicado em 24 de setembro de 2019 às 08h39.
Última atualização em 24 de setembro de 2019 às 12h01.
Brighton — O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, pediu nesta terça-feira (24), que Boris Johnson "reconsidere a sua posição" à frente do governo, após a Suprema Corte declarar "ilegal" a suspensão do Parlamento ordenada pelo primeiro-ministro britânico.
Em discurso durante o congresso trabalhista em Brighton, Corbyn antecipou que pedirá ao presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, que providencie o mais rápido possível a retomada das sessões parlamentares.
Em decisão unânime, a Suprema Corte do Reino Unido decidiu nesta terça-feira classificar como "ilegal" a decisão de Johnson de suspender o Parlamento por cinco semanas — até o dia 14 de outubro —, iniciativa que declarou "nula".
Os 11 juízes da máxima instância judicial britânica consideraram um abuso das competências do governo impedir a atividade das câmaras às vésperas da saída do país da União Europeia (UE), prevista para ocorrer em 31 de outubro.
Após tomar conhecimento da decisão, os presentes ao congresso trabalhista começaram a gritar "Johnson, fora", reverberando o pedido de Corbyn. Atualmente, Boris Johnson está em Nova York devido à Assembleia Geral da ONU.
Corbyn comemorou a decisão da Suprema Corte de confirmar que Johnson "agiu mal ao enclausurar o Parlamento" e mostrou "um desprezo pela democracia".
O líder trabalhista disse que falará com Bercow para que as câmaras dos Comuns e dos Lordes possam ser reconvocadas o mais rápido possível, a fim de "pedir contas" ao chefe do governo e "exigir que cumpra a lei".
O líder trabalhista já havia dito que, se o Parlamento retomasse as sessões, a primeira coisa que faria seria impulsionar medidas para prevenir que o primeiro-ministro não voltasse a suspender as sessões sem um motivo legítimo.
Os deputados e outros, como a empresária Gina Miller, que processaram Johnson pela suspensão do Parlamento entre os dias 10 de setembro e 14 de outubro alegaram que a iniciativa do primeiro-ministro buscava evitar que os parlamentares criassem obstáculos para os seus planos de concretizar um Brexit sem acordo com a União Europeia.
Johnson, que lidera as pesquisas de intenção de voto no Reino Unido, disse que tirará o país da UE no dia 31 de outubro com ou sem acordo, embora já exista uma lei que o impeça no segundo caso.