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Líder da Al-Qaeda defende derrubada do governo sírio

O governo sírio tem alertado várias vezes nos últimos onze meses que "terroristas" estão provocando a revolta contra Assad

Vice-líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahri, fala de um local desconhecido, em imagem de vídeo publicada em uma rede social (Reuters TV)

Vice-líder da Al Qaeda, Ayman al-Zawahri, fala de um local desconhecido, em imagem de vídeo publicada em uma rede social (Reuters TV)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2012 às 21h25.

Beirute - O líder da rede terrorista Al-Qaeda, o egípcio Ayman al-Zawahiri, pediu em uma mensagem de vídeo de oito minutos a derrubada do "pernicioso e cancerígeno" regime do presidente Bashar Assad na Síria, aumentando os temores de que extremistas tentem explorar a revolta contra o mandatário, que começou como um movimento pacífico pela democracia mas adquire cada vez mais os contornos de uma guerra civil sectária, opondo muçulmanos sunitas, que formam a maioria da população, contra alauitas (dissidentes xiitas) e cristãos.

O governo sírio tem alertado várias vezes nos últimos onze meses que "terroristas" estão provocando a revolta contra Assad e o apoio da Al-Qaeda à rebelião cria novas dificuldades para os Estados Unidos, a França, a Turquia e os países árabes, que tentam encontrar uma maneira de afastar Assad do poder.

Na mensagem de vídeo que foi publicada em sites de extremistas, al-Zawahiri pede aos muçulmanos que apoiem a revolta. "A Síria ferida sangra dia após dia. O açougueiro (Assad) não é detido e não quer parar", disse al-Zawahiri, que passou a comandar a rede extremista no ano passado, após a morte de Osama bin Laden no Paquistão. "Contudo, a resistência do nosso povo na Síria cresce a cada dia, mesmo com todos os sacrifícios, dores e sangue", disse al-Zawahiri. Ele também pediu aos sírios, bem como aos árabes em geral, que "rejeitem a Liga Árabe e seus governos corruptos".

Em uma grave escalada da violência, uma série de ataques desfechados por suicidas mataram dezenas de pessoas desde o final de dezembro. O mais recente, que ocorreu na sexta-feira passada em Alepo, a maior cidade do país, matou 28 pessoas. Cerca de 70 pessoas foram mortas em ataques desfechados por homens-bomba em Damasco, em 23 de dezembro e 6 de janeiro. Todos os atentados atingiram alvos da polícia e do exército.

O comunicado de al-Zawahiri parece dar força às acusações de Assad, mas a oposição síria e o Exército Livre da Síria, formado por desertores, rejeitam totalmente as acusações do governo. Eles acusam o próprio governo de desfechar os atentados para culpar a oposição.

"O pronunciamento de al-Zawahiri, para mim, é puro esforço de propaganda. Ele diz 'estamos vivos e bem no Oriente Médio'", afirmou Salman Shaik, analista político do Brookings Doha Center, instituto de análises geopolíticas no Catar. "Quanto mais tempo essa situação perdurar na Síria, o ambiente ficará mais permissivo para essas personagens, à medida que o povo sírio fica cada vez mais desesperado", disse Shaik. "Não acredito que a Al-Qaeda seja bem-vinda pelo povo sírio, mas podem existir sírios que no desespero busquem esse tipo de ajuda".

Algumas horas após o pronunciamento de al-Zawahiri, a União dos Doutos do Islã, uma entidade que funciona no Curdistão iraquiano, onde a população é majoritariamente sunita, pregou a jihad, ou guerra santa, contra Assad. "A guerra santa é o dever de todos os muçulmanos contra o governo de Assad" disse o xeque Abdul-Rahman Abdul-Karim Barzanji, ao descrever o edito dos clérigos curdos. A Síria tem uma população expressiva de curdos, cerca de 10%.

As informações são da Associated Press.

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