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Líbia pode se unir a Iraque e Bósnia em caso de exclusão aérea

Opção é pensada dentro da ONU para evitar os bombardeios que têm atingido os rebeldes no país

Rebeldes em Bengazi, na Líbia: Conselho de Segurança teria que aprovar exclusão aérea (John Moore/Getty Images)

Rebeldes em Bengazi, na Líbia: Conselho de Segurança teria que aprovar exclusão aérea (John Moore/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2011 às 11h24.

Madri - A Líbia pode se unir ao Iraque e à Bósnia, os principais países nos quais a comunidade internacional decidiu aplicar zonas de exclusão aérea para tentar deter o massacre de civis, caso a ONU resolva de fato adotar essa medida.

A situação no país árabe, onde os protestos iniciais da população deram lugar a intensos combates entre o Exército líbio fiel a Muammar Kadafi e as tropas rebeldes, beira a uma guerra civil.

Nesse contexto, a opção de criar uma zona "non-fly", que evite os bombardeios do regime contra a população, "paira nos corredores" da ONU, embora ainda não haja nenhuma proposta oficial, confirmou nesta quarta-feira à noite o presidente rotativo do Conselho de Segurança da ONU, o embaixador chinês Li Baodong.

O debate internacional sobre o assunto foi aberto há quase uma semana, mas tomou impulso nas últimas horas, depois que os rebeldes líbios pediram à ONU que lance ataques aéreos "contra os mercenários" de Kadafi e que a Liga Árabe, que recusa qualquer intervenção militar estrangeira, anunciou que ia realizar consultas sobre a possibilidade de impor uma zona de exclusão aérea na Líbia.

Embora qualquer decisão tenha que passar pelo Conselho de Segurança da ONU, o certo é que os países se preparam para a criação da zona de exclusão aérea, como reconheceu nesta quarta-feira o vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg.

"Em eventos que evoluem muito rápido como este, é preciso planejar e tentar se antecipar, estudar qualquer possível medida. E isso é o que fizemos e o que fará a maioria de Governos, incluindo o tema da zona de exclusão", disse.


Assim, os diplomatas que negociam na ONU deverão revisar os antecedentes do Iraque e da Bósnia, onde a comunidade internacional criou zonas deste tipo para deter os massacres dos regimes de Saddam Hussein e Slobodan Milosevic.

Após a guerra do Golfo, o regime de Saddam Hussein reprimiu com firmeza as rebeliões dos curdos no norte e xiitas no sul.

No início da primavera de 1991, mais de 1,7 milhão de curdos tiveram que abandonar suas casas pelas montanhas diante da brutal ofensiva do ditador, em um êxodo que foi transmitido em todo o mundo.

Em abril do mesmo ano, os Estados Unidos e outros países fizeram um acordo para a criação de uma zona de exclusão aérea, acima do paralelo 36, para proteger a população curda, uma decisão que se estendeu ao sul do país em agosto de 1992, com uma zona "non-fly" abaixo do paralelo 32.

A decisão foi acompanhada de polêmica, já que os países que optaram pela medida argumentaram que a resolução de condenação emitida pela ONU em 6 abril de 1991 (que não autorizava a criação da zona especificamente) era suficiente, enquanto para outros, como o então secretário-geral da ONU, Boutros-Ghali, foi uma medida "ilegal".

No caso da Bósnia, a medida foi adotada por unanimidade do Conselho de Segurança da ONU devido aos massacres registrados durante a guerra dos Bálcãs, no coração da Europa.

Em 9 outubro de 1992, o Conselho de Segurança adotou a resolução 781, que proibia todos os voos militares sobre Bósnia, e em 10 de novembro foi a vez da 786, que ampliou a zona de exclusão aérea sobre a Bósnia-Herzegovina para todo o tipo de voos.

A brutal repressão de Kadafi contra seu povo durante as últimas semanas, com centenas de mortos e milhares de feridos, pode acabar por uni-lo a uma lista na qual já figuram Saddam e Milosevic.

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