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Líbia: pessimismo para setor petroleiro começa a virar realidade

Produção do país despencou 66%, segundo o regime; ataques contra rebeldes começam a atingir usinas

Produção de petróleo: presidente da companhia de petróleo líbia confirmou baixa de barris (Joe Raedle/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2011 às 15h17.

Benghazi, Líbia - As mais pessimistas advertências lançadas a respeito dos efeitos da crise na Líbia sobre o setor petroleiro começam a se concretizar: a produção do país despencou 66%, segundo o regime, cujos ataques contra os rebeldes atingiram pela primeira vez uma usina energética.

"Kadafi está mostrando suas verdadeiras intenções. Ou tem o petróleo do seu lado, ou começa a bombardeá-lo", disse à AFP na quinta-feira Fathi Faraj, conselheiro da Arabian Gulf Oil Company, uma das empresas que explora o cru líbio.

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"O que temíamos desde o princípio, e que hoje aconteceu, é o bombardeio de instalações petroleiras pelas artilharia e pelos aviões do regime de Kadafi", indicou na quarta-feira Adbelhafez Ghoqa, porta-voz do Conselho Nacional de Transição, com sede em Benghazi.

Em Trípoli, o presidente da companhia petroleira líbia, Shukri Ghanem, confirmou em parte os relatos do que ocorreu em Ras Lanuf, mas afirmou que a explicou "atingiu uma pequena instalação de depósito em Sidra", que continha 200.000 barris de diesel.

"Isto não afetou a nossa produção. Era diesel, não petróleo cru", destacou Ghanem, que coordena o setor petroleiro do regime de Kadafi.

No entanto, a produção da Líbia caiu para 500.000 barris por dia, contra os 1,6 milhão que produzia antes do início da revolta popular, em fevereiro, admitiu Ghanem.

"A produção caiu de maneira dramática. Está em apenas meio milhão de barris por dia, contra 1,6 milhão", declarou.


A opinião de Fethi Faraj é ainda mais pessimista no que diz respeito aos números: "A produção de cru atingiu seu nível mais baixo, a 20%" da capacidade total, indicou.

Em mais uma declaração na televisão estatal, Kadafi acusou o Ocidente de "tramar um complô para humilhar o povo líbio, reduzi-lo à escravisão, e controlar o petróleo".

No leste do país, onde nas últimas três semanas zarparam apenas dois navios petroleiros - ambos com destino à China -, a produção está praticamente suspensa, explicou Faraj.

"Em Tobruk (um dos principais terminais da região, perto da fronteira com o Egito), temos armazenados um milhão de barris em depósitos com capacidade para cinco milhões. A este ritmo de produção, serão necessárias pelo menos duas semanas antes de conseguirmos exportar mais cru", alertou Faraj.

Além disso, os preços dispararam desde o início da crise na Líbia. O país é membro da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) e o quarto maior produtor de petróleo da África, com cerca de 1,8 milhão de barris diários e reservas avaliadas em 42 bilhões de barris.

A Líbia exporta a maior parte de sua produção para a Europa: 32% para a Itália (32%), 14% para a Alemanha, 10% para a Espanha e 9% para a França. China (10%) e Estados Unidos (5%) também compram o petróleo do regime de Kadafi.

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