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Líbia pode usar força contra petroleiro da Coreia do Norte

Petroleiro atracou no terminal leste do Es Sider para pressionar por exigências de autonomia e por maior participação nas receitas do petróleo


	Rua de Trípoli, na Líbia: país quer impedir petroleiro com bandeira norte-coreana carregue óleo cru em um porto controlado pelos rebeldes
 (Filippo Monteforte/AFP)

Rua de Trípoli, na Líbia: país quer impedir petroleiro com bandeira norte-coreana carregue óleo cru em um porto controlado pelos rebeldes (Filippo Monteforte/AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2014 às 15h26.

 Trípoli - O Ministério da defesa da Líbia autorizou o uso da força por militares para impedir que um petroleiro com bandeira norte-coreana carregue óleo cru em um porto controlado pelos rebeldes, ignorando o governo de Trípoli, disse a mídia estatal neste domingo.

O petroleiro atracou no sábado no terminal leste do Es Sider, um dos três portos controlados pelos rebeldes desde agosto, para pressionar por exigências de autonomia e de uma maior participação nas receitas do petróleo.

O jornal local al-Wasat disse que o navio tinha sido carregado com o equivalente a 36 milhões de dólares de óleo cru.

A venda de óleo dos rebeldes retrata a crescente desordem no país produtor da Opep, que não conseguiu controlar os combatentes que ajudaram a derrubar Muammar Gaddafi em 2011, mas que agora desafiam a autoridade do país.

Em Trípoli, trabalhadores de uma empresa estatal de petróleo que controla o porto de Es Sider, entraram em greve, pressionando o governo a intervir porque seus colegas estavam sendo ameaçados por manifestantes armados.

"Estamos muito aborrecidos com o que está acontecendo em Es Sider", disse Salah Madari, um trabalhador da área do petróleo, na capital. "O oficial de controle do porto está sendo mantido sob a mira de uma arma", ele disse, acrescentando que homens armados também tinham forçado um piloto a dirigir o petroleiro até a doca.

O primeiro-ministro Ali Zeidan disse no sábado que os militares iam bombardear o Morning Glory, de 37 mil toneladas, se ele tentasse sair do porto, um dos maiores terminais de petróleo da Líbia.


TEMORES "O Ministério da Defesa emitiu ordens para que o chefe de gabinete, força aérea e naval cuidem deste petroleiro que entrou em águas líbias sem permissão oficial", ele disse em um comunicado.

"A ordem autoriza o uso da força e coloca toda a responsabilidade por qualquer dano resultante no dono do navio." Porta-vozes da estatal National Oil Corp. (NOC) e dos manifestantes, disseram que o petroleiro ainda estava atracado no porto.

Um repórter da Reuters que visitou Es Sider no sábado a noite, viu um pequeno número de manifestantes no portão. Um deles disse que as ordens eram para não deixar os funcionários saírem até que terminasse o carregamento.

Os rebeldes são liderados pelo ex-comandante anti-Gaddafi, Ibrahim Jathran, que já liderou uma brigada paga pelo país para proteger as instalações petrolíferas. Ele se voltou contra o governo e tomou Es Sider e outros dois portos no leste do país, junto com milhares dos seus homens em agosto.

Trípoli tem mantido conversações indiretas com Jathran, mas teme que a sua exigência por uma maior parcela da receita do petróleo para o leste da Líbia possa levar a uma cisão.

A região se sentia em desvantagem durante o governo de Gaddafi e quer restabelecer a parcela de receita de petróleo que recebia durante o governo do seu antecessor, o Rei Idris, que foi derrubado em 1970.

Em janeiro, a marinha líbia atirou contra um petroleiro de bandeira maltesa, que ela disse que tinha tentado carregar petróleo dos manifestantes de Es Sider, e conseguiu afugentar a embarcação.

É muito raro que um petroleiro com bandeira da reservada Coreia do Norte opere no Mediterrâneo, disseram fontes da marinha mercante. A NOC diz que o petroleiro pertence a uma empresa saudita. Ele mudou de donos nas últimas semanas e era chamado anteriormente de Gulf Glory, de acordo com uma fonte da marinha mercante.

O governo da Líbia tentou acabar com uma onda de protestos em portos e campos petrolíferos, que reduziram a produção de petróleo para 230 mil barris por dia (bpd), ante 1,4 milhão de bpd em julho.

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