Mundo

Líbano tem mais um dia de protesto contra políticos acusados de corrupção

Com bandeiras libanesas, os manifestantes gritam "revolução" ou o "o povo quer a queda do regime", principais lemas da Primavera Árabe

Líbano: Os libaneses expressam irritação com a crise econômica em um país onde a dívida pública alcança mais de 86 bilhões de dólares, ou seja, mais de 150% do PIB (Ali Hashisho/Reuters)

Líbano: Os libaneses expressam irritação com a crise econômica em um país onde a dívida pública alcança mais de 86 bilhões de dólares, ou seja, mais de 150% do PIB (Ali Hashisho/Reuters)

A

AFP

Publicado em 20 de outubro de 2019 às 13h35.

Dezenas de milhares de libaneses se reuniram neste domingo (20) no centro de Beirute, no quarto dia de um movimento de protesto que exige a renúncia de toda a classe política, acusada de corrupção.

O movimento, ampliado para várias cidades do país, nasceu de forma espontânea na quinta-feira, após o anúncio de uma tarifa para as ligações feitas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp. A medida foi cancelada por pressão das ruas.

Mas a irritação dos libaneses foi canalizada em seguida para a situação econômica e política em geral, em um país onde mais de 25% da população vive abaixo da linha da pobreza, segundo o Banco Mundial (BM).

As manifestações, protagonizadas por pessoas de todas as idades e classes sociais, não dão trégua.

De Trípoli e Akkar, na região norte, até Baalbek, no leste, passando por várias cidades da costa, incluindo Tiro e Sidon, ao sul, e Shouf (leste), os libaneses demonstram seu descontentamento.

Com bandeiras libanesas, os manifestantes gritam "revolução" ou o "o povo quer a queda do regime", principais lemas da Primavera Árabe.

A classe política permanece praticamente inalterada no país desde o fim da guerra civil (1975-1990) e é acusada de mercantilismo em um país com infraestruturas deterioradas, escassez crônica de energia elétrica e água potável, além de um custo de vida elevado.

Depois de um sábado marcado por manifestações em todo o país, os libaneses voltaram às ruas no domingo.

Muitos acreditam que este pode ser o maior protesto até o momento, na véspera do fim do ultimato de 72 horas que o primeiro-ministro Saad Hariri impôs a sua frágil coalizão de governo, abalada por divisões, para que aprove as reformas econômicas.

Hariri insinuou que poderia renunciar caso não consiga a aprovação das reformas. Sua coalizão é dominada pelo grupo do presidente Michel Aoun e seus aliados, que incluem o movimento xiita Hezbollah, que não desejam a saída do primeiro-ministro.

Aliado de Hariri, o partido Forças Libanesas anunciou no sábado a renúncia de seus quatro ministros, uma iniciativa recebida com agitação pelos manifestantes.

Aos gritos de "Todos significa todos", os libaneses exigem a queda de toda a classe política.

No centro de Beirute, sede do governo e que virou o epicentro dos protestos, grupos de voluntários limpavam as ruas. Nas proximidades, os muros foram pintados com frases como: "O Líbano pertence ao povo" ou "A pátria para os ricos, o patriotismo para os pobres".

No sábado, as manifestações aconteceram em um ambiente festivo em todo o país.

Em Trípoli, segunda maior cidade do Líbano, tradicionalmente conservadora, a multidão se reuniu na praça Al Nur e dançou ao som de um DJ.

Em alguns pontos do país, os manifestantes incendiaram pneus e bloquearam estradas, mas não foram registrados confrontos com as forças de segurança.

Em um fato incomum, o protesto atingiu redutos dos poderosos movimentos xiitas Hezbollah e Amal.

Os bancos, fechados desde sexta-feira, não devem abrir as portas na segunda-feira.

Os libaneses expressam irritação com a crise econômica em um país onde a dívida pública alcança mais de 86 bilhões de dólares, ou seja, mais de 150% do PIB.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoLíbanoProtestos

Mais de Mundo

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio

MH370: o que se sabe sobre avião desaparecido há 10 anos; Malásia decidiu retomar buscas

Papa celebrará Angelus online e não da janela do Palácio Apostólico por resfriado