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Leste de Aleppo pode ficar totalmente destruído, adverte ONU

"Em um máximo de dois meses, dois meses e meio, o leste de Aleppo pode ficar totalmente destruído", disse enviado especial da ONU

Aleppo: entre 250 mil e 275 mil pessoas continuam no leste de Aleppo, cercado pelas tropas do regime e onde a ajuda internacional não chega (Hosam Katan / Reuters)
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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2016 às 15h30.

O enviado especial da ONU para a Síria advertiu nesta quinta-feira que os bairros rebeldes de Aleppo (norte) podem ficar "totalmente destruídos" até o fim do ano se o governo de Damasco e a Rússia continuarem com sua ampla ofensiva militar.

Esta operação prosseguia nesta quinta-feira com a conquista de novas posições rebeldes por parte das forças leais a Bashar al-Assad, apesar de Damasco ter anunciado na noite de quarta-feira que reduziria sua campanha de bombardeios, iniciada há mais de dez dias.

Uma ofensiva que preocupa muitos países e a ONU, cujo enviado especial para a Síria, Staffan de Mistura, tenta promover há meses uma solução política ao conflito.

"Em um máximo de dois meses, dois meses e meio, o leste de Aleppo pode ficar totalmente destruído", disse De Mistura à imprensa em Genebra.

"Falo da Cidade Velha, em particular, e milhares de civis sírios morrerão", ressaltou.

Entre 250.000 e 275.000 pessoas, segundo estimativas, continuam no leste de Aleppo, cercado pelas tropas do regime e onde a ajuda internacional não chega.

De Mistura disse que 376 pessoas foram abatidas e 1.266 ficaram feridas nos bombardeios dirigidos desde 22 de setembro pelo exército sírio e seu aliado russo.

A ofensiva foi lançada após o fracasso, em 19 de setembro, de um cessar-fogo.

"Propaganda" do regime

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), as tropas leais a Damasco controlam agora a metade do distrito de Bustan al-Basha, perto do centro da cidade, dividida em setores controlados pelos rebeldes (leste) ou pelas forças do governo (oeste).

"É o avanço de forças mais importante do regime em Aleppo desde 2013", disse o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

O OSDH, com sede em Londres, mas que conta com uma ampla rede de informantes na Síria, acrescentou que nesta quinta-feira ocorreram menos bombardeios aéreos, mas no setor de Bustan al-Basha havia importantes confrontos.

O exército sírio controla vários pontos da entrada no setor e a metade do bairro, disse, acrescentando que as forças do regime avançavam a outro bairro rebelde, Al Halak, a partir do norte.

Na quarta-feira, o exército sírio anunciou de surpresa que reduzirá seus bombardeios, "após o êxito de nossas forças armadas em Aleppo e a interrupção de todas as vias de abastecimento dos terroristas nos distritos orientais" da cidade.

Isso é propaganda pura, destacou Emile Hokayem, do International Insititue for Strategic Studies, afirmando que "o regime e seus aliados tomaram a decisão de conquistar tantos setores rebeldes quanto seja possível e trabalham nisso".

Russos e americanos atuam há vários meses para encontrar uma solução para a guerra na Síria, onde o conflito provocou a pior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial e deixou mais de 300.000 mortos desde que começou com protestos pacíficos duramente reprimidos, em 2011.

Mas Washington decidiu suspender suas negociações com Moscou, que participa ativamente junto ao governo de Damasco na guerra na Síria.

Saída diplomática

Para tentar propulsar a atividade diplomática, o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Marc Ayrault, viajou nesta quinta-feira a Moscou e na sexta-feira irá a Washington para tentar obter apoio a um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU para um novo cessar-fogo em Aleppo.

Em Moscou, o chefe da diplomacia francesa declarou que "nada podia justificar o dilúvio de fogo e de mortos" em Aleppo, considerando que a Rússia "não pode tolerar esta situação".

Por sua vez, Moscou está "disposta a trabalhar neste projeto", indicou nesta quinta-feira o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, referindo-se ao projeto de resolução de Paris.

Os quinze membros do Conselho estudam desde segunda-feira a proposta francesa, que também contempla a permissão do acesso de ajuda humanitária aos bairros sitiados pelo regime e a interrupção dos voos de aeronaves militares sobre a cidade.

Por outro lado, De Mistura convocou os 900 combatentes extremistas da organização Frente Fateh al-Sham (ex-frente Al-Nosra, braço sírio da Al-Qaeda) a abandonar o leste de Aleppo, e se propôs a escoltá-los pessoalmente.

Em outras regiões da Síria, ao menos 29 rebeldes morreram e 20 ficaram feridos nesta quinta-feira em uma explosão na província de Idleb (norte), na fronteira com a Turquia, segundo o OSDH, um ataque reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).

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O enviado especial da ONU para a Síria advertiu nesta quinta-feira que os bairros rebeldes de Aleppo (norte) podem ficar "totalmente destruídos" até o fim do ano se o governo de Damasco e a Rússia continuarem com sua ampla ofensiva militar.

Esta operação prosseguia nesta quinta-feira com a conquista de novas posições rebeldes por parte das forças leais a Bashar al-Assad, apesar de Damasco ter anunciado na noite de quarta-feira que reduziria sua campanha de bombardeios, iniciada há mais de dez dias.

Uma ofensiva que preocupa muitos países e a ONU, cujo enviado especial para a Síria, Staffan de Mistura, tenta promover há meses uma solução política ao conflito.

"Em um máximo de dois meses, dois meses e meio, o leste de Aleppo pode ficar totalmente destruído", disse De Mistura à imprensa em Genebra.

"Falo da Cidade Velha, em particular, e milhares de civis sírios morrerão", ressaltou.

Entre 250.000 e 275.000 pessoas, segundo estimativas, continuam no leste de Aleppo, cercado pelas tropas do regime e onde a ajuda internacional não chega.

De Mistura disse que 376 pessoas foram abatidas e 1.266 ficaram feridas nos bombardeios dirigidos desde 22 de setembro pelo exército sírio e seu aliado russo.

A ofensiva foi lançada após o fracasso, em 19 de setembro, de um cessar-fogo.

"Propaganda" do regime

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), as tropas leais a Damasco controlam agora a metade do distrito de Bustan al-Basha, perto do centro da cidade, dividida em setores controlados pelos rebeldes (leste) ou pelas forças do governo (oeste).

"É o avanço de forças mais importante do regime em Aleppo desde 2013", disse o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

O OSDH, com sede em Londres, mas que conta com uma ampla rede de informantes na Síria, acrescentou que nesta quinta-feira ocorreram menos bombardeios aéreos, mas no setor de Bustan al-Basha havia importantes confrontos.

O exército sírio controla vários pontos da entrada no setor e a metade do bairro, disse, acrescentando que as forças do regime avançavam a outro bairro rebelde, Al Halak, a partir do norte.

Na quarta-feira, o exército sírio anunciou de surpresa que reduzirá seus bombardeios, "após o êxito de nossas forças armadas em Aleppo e a interrupção de todas as vias de abastecimento dos terroristas nos distritos orientais" da cidade.

Isso é propaganda pura, destacou Emile Hokayem, do International Insititue for Strategic Studies, afirmando que "o regime e seus aliados tomaram a decisão de conquistar tantos setores rebeldes quanto seja possível e trabalham nisso".

Russos e americanos atuam há vários meses para encontrar uma solução para a guerra na Síria, onde o conflito provocou a pior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial e deixou mais de 300.000 mortos desde que começou com protestos pacíficos duramente reprimidos, em 2011.

Mas Washington decidiu suspender suas negociações com Moscou, que participa ativamente junto ao governo de Damasco na guerra na Síria.

Saída diplomática

Para tentar propulsar a atividade diplomática, o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Marc Ayrault, viajou nesta quinta-feira a Moscou e na sexta-feira irá a Washington para tentar obter apoio a um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU para um novo cessar-fogo em Aleppo.

Em Moscou, o chefe da diplomacia francesa declarou que "nada podia justificar o dilúvio de fogo e de mortos" em Aleppo, considerando que a Rússia "não pode tolerar esta situação".

Por sua vez, Moscou está "disposta a trabalhar neste projeto", indicou nesta quinta-feira o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, referindo-se ao projeto de resolução de Paris.

Os quinze membros do Conselho estudam desde segunda-feira a proposta francesa, que também contempla a permissão do acesso de ajuda humanitária aos bairros sitiados pelo regime e a interrupção dos voos de aeronaves militares sobre a cidade.

Por outro lado, De Mistura convocou os 900 combatentes extremistas da organização Frente Fateh al-Sham (ex-frente Al-Nosra, braço sírio da Al-Qaeda) a abandonar o leste de Aleppo, e se propôs a escoltá-los pessoalmente.

Em outras regiões da Síria, ao menos 29 rebeldes morreram e 20 ficaram feridos nesta quinta-feira em uma explosão na província de Idleb (norte), na fronteira com a Turquia, segundo o OSDH, um ataque reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).

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