Leilão: apesar de o valor arrecadado ser maior que o esperado, somente 53 dos 143 blocos ofertados antes do intervalo do almoço foram arrematados (REUTERS/Ricardo Moraes)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2013 às 16h29.
Rio de Janeiro - A 11ª rodada de áreas de exploração de petróleo e gás do Brasil, o primeiro leilão do setor após cinco anos, registrou forte disputa nesta terça-feira, com o total arrecadado nas sete primeiras bacias superando as expectativas e atingindo um novo recorde de 2,7 bilhões de reais.
A estimativa inicial para todo o leilão, que inclui 11 bacias sedimentares e ocorre nesta terça-feira e na quarta-feira, era de uma arrecadação com bônus de assinatura de 2 bilhões de reais.
Na avaliação do governo e representantes do setor privado, o intervalo de cinco anos desde a última licitação de áreas de exploração fez com que houvesse uma valorização das áreas que estão sendo ofertadas.
Executivos, investidores e especialistas do setor de petróleo ouvidos pela Reuters durante o leilão também destacaram disputas acirradas principalmente por blocos das bacias da Foz do Amazonas, Parnaíba e Espírito Santo.
O resultado geral da rodada até o início da tarde também demonstrava forte apetite tanto de empresas nacionais como estrangeiras, incluindo algumas novatas como a Ouro Preto, bem como a força da OGX, do empresário Eike Batista, apesar da sua difícil situação de caixa.
"Esta volta dos leilões está sendo excelente, com muito interesse dos investidores, tanto nacionais como estrangeiros", disse o consultor e ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Vitor Martins.
O investidor Flávio Barreto, que participa do leilão por meio de empresas como a Cisco Oil & Gas, disse que ficou surpreso com lances na bacia do Parnaíba, que saíram com o preço três vezes superior ao esperado.
Segundo ele, as ofertas refletem o apetite do setor por novas áreas de petróleo no Brasil, após um prolongado período sem licitações.
O governo não promovia uma rodada desde 2008, ano em que suspendeu os leilões devido à descoberta do pré-sal e enquanto elaborava um novo marco regulatório para elevar o controle sobre essa riqueza.
"A espera deu às áreas a devida valorização", disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a jornalistas durante a 11a rodada.
"Nunca vimos nada parecido", acrescentou o secretário de Petróleo do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, em entrevista à Reuters, durante o leilão.
Já o diretor da ANP, Helder Queiroz, avaliou que as áreas foram muito valorizadas também pelos importantes estudos geológicos que foram realizados.
Apesar de o valor arrecadado ser maior que o esperado, somente 53 dos 143 blocos ofertados antes do intervalo do almoço tinham sido arrematados.
Mesmo assim, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, disse que "está dando tudo certo".
"Eu estou muito satisfeita com o resultado e acredito que vamos conseguir mais de 2 bilhões de reais (em arrecadação)", afirmou ela à Reuters, ressaltando estar surpresa com os lances feitos no leilão.
Empresas brasileiras como a estatal Petrobras, a OGX, a Petra Energia e Ouro Preto e as estrangeiras Total, BP, BHP Billiton, Galp e BG apareceram como vencedoras das disputas por blocos nas bacias do Parnaíba, Foz do Amazonas e Barreirinhas.
Participam do leilão promovido pela ANP mais de 60 companhias, disputando direitos sobre 289 áreas de exploração e produção em terra e no mar.
Os 155,8 mil quilômetros que estão sendo ofertados na 11a rodada têm potencial para elevar em até 55 por cento toda a área exploratória de petróleo e gás do país, que vem recuando nos últimos anos como consequência da suspensão dos leilões no período.
Lances de destaque
O maior lance na primeira parte do leilão foi feito pelo consórcio formado pela francesa Total, a britânica BP e a Petrobras, pelo bloco FZA-M-57, na Foz do Amazonas, no valor de 345,9 milhões de reais.
A Foz do Amazonas está situada em região conhecida como margem equatorial. A semelhança geológica da região com a costa oeste africana --importante área petrolífera-- faz dela uma das mais valorizadas do leilão.
Somente com oito blocos na Foz do Amazonas, a ANP arrecadou em lances mais de 750 milhões de reais.
Atualmente, a atividade de petróleo da bacia se resume a apenas dois blocos, em fase de exploração, operados pela Petrobras. Não há área em etapa de produção.
A disputa acirrada ficou evidenciada também pela bacia do Parnaíba, onde todos os blocos foram arrematados, uma situação rara em leilões da ANP.
Descobertas de elevado potencial já foram realizadas na bacia do Parnaíba, que tem área aproximada de 680 mil quilômetros quadrados e está distribuída entre os Estados do Maranhão, Piauí, Tocantins, Pará, Ceará e Bahia. Desde janeiro de 2012, a ANP recebeu oito notificações de descobertas na bacia.
A OGX, empresa de Eike Batista, já produz gás a partir do campo Gavião Real na região, e a extração tem apresentado bons resultados. Petrobras e BP também são operadoras na bacia.
Na bacia de Barreirinhas, a principal vencedora foi a britânica BG, sozinha ou em consórcio. A OGX ficou, nessa bacia, com o um bloco em águas profundas e outro em águas rasas. Pelo último, a petrolífera de Eike deu lance de 80 milhões de reais, mais de 130 vezes o valor mínimo de 588 mil reais estipulado pelo governo.
A ANP estima que os blocos na bacia de Barreirinhas e na margem equatorial podem ter 30 bilhões de barris de óleo.
Atualizada às 16h26