Le Pen aposta em campanha de guerrilha para desestabilizar Macron
A candidata navegou com pescadores,, para posar como protetora dos franceses humildes, contra o homem que ela apresenta como um "jovem dos negócios"
AFP
Publicado em 27 de abril de 2017 às 15h53.
Em um encontro com pescadores, após se reunir com operários na véspera, a candidata de extrema-direita, Marine Le Pen , faz uma campanha de guerrilha para tentar desestabilizar o favorito do segundo turno da eleição presidencial francesa, Emmanuel Macron.
Ao amanhecer, Le Pen navegou com pescadores de Grau-du-Roi, pequeno porto no sul da França, para posar como protetora dos franceses humildes, contra o homem que ela apresenta como um "jovem dos negócios", "representante da globalização desinibida".
"Ele quer criar uma política ultra-liberal", "uma política de desregulamentação total", "de destruição social", atacou a candidata em uma região pobre onde seu partido, a Frente Nacional (FN), vem crescendo nos últimos anos.
Sua foto sorrindo foi imediatamente publicada em suas contas no Twitter e Facebook, seguidas por cerca de 1,5 milhão de pessoas.
Le Pen, no entanto, não respondeu à nova estimativa do potencial prejuízo, de quase cinco milhões de euros, causado ao Parlamento Europeu em razão dos salários que foram pagos de forma fraudulenta a assistentes de eurodeputados de seu partido entre 2012 e 2017.
Determinada a desmentir as pesquisas que anunciam sua derrota em 7 de maio, a líder da extrema-direita lançou uma campanha de ataque surpresa no terreno, em regiões que votaram esmagadoramente nela e em seu programa anti-europeu e anti-imigração.
Ela também procura tirar proveito das críticas que surgiram no início da campanha do segundo turno contra o candidato centrista, que foi censurado por parecer considerar sua vitória garantida.
A popularidade do jovem candidato pró-europeu diminuiu ligeiramente (-4 pontos para ele, +4 pontos para sua rival) em uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira de manhã.
Após vencer o primeiro turno com seu movimento "Em Marcha!", criado no ano passado, Macron, que nunca foi eleito, organizou comícios em todas as partes e círculos, de direita, esquerda, empresarial, trabalhista, adotando posições de líderes judeus, muçulmanos e protestantes.
"Le Pen circus"
Desestabilizar o favorito é a estratégia clara de Marine Le Pen. Na quarta-feira, a candidata acusou Macron de "desprezar" os operários.
No mesmo momento e na mesma cidade, Amiens (norte), Emmanuel Macron se reuniu com os trabalhadores de uma fábrica da gigante americana Whirlpool, apresentando-se como o candidato das "propostas responsáveis" contra aquela que faz "uso político" do sofrimento social.
"Madame Le Pen vai à pesca. Bom passeio", comentou Emmanuel Macron em sua conta no Twitter, sobre o evento matinal de sua oponente.
"A liberação da Europa que ela propõe significa o fim da pesca francesa. Pensem nisso", acrescentou.
O secretário-geral de seu movimento, Richard Ferrand, denunciou por sua vez o "Le Pen Circus, que consiste em visitar locais para tirar fotos", valendo-se "da miséria dos outros".
Marine Le Pen realizará à noite seu primeiro grande comício, em Nice, uma região do sudeste onde, mais uma vez, liderou no domingo o primeiro turno.
Macron deve participar de um programa televisivo político no horário nobre.