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Kim Jong-un admite ter fracassado na Coreia do Norte

Kim Jong-un lamentou o fracasso do plano de desenvolvimento econômico. Os resultados ficaram "muito abaixo em quase todos os âmbitos", afirmou

Kim Jong-un: Coreia do Norte sofre com a má gestão da economia ("AFP PHOTO/KCNA VIA KNS/AFP)

Kim Jong-un: Coreia do Norte sofre com a má gestão da economia ("AFP PHOTO/KCNA VIA KNS/AFP)

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AFP

Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 07h04.

Última atualização em 6 de janeiro de 2021 às 07h06.

O dirigente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, admitiu "erros" na estratégia de desenvolvimento econômico do país que, afirmou na abertura do congresso do partido único, fracassou em "quase todos os âmbitos", informou nesta quarta-feira a imprensa estatal.

Este congresso é o primeiro em cinco anos e apenas o oitavo na história da Coreia do Norte. Começa duas semanas antes da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, no momento em que as relações com os Estados Unidos estão paralisadas.

O oitavo congresso do Partido dos Trabalhadores da Coreia (WPK) começou na terça-feira em Pyongyang na presença de 7.000 delegados e participantes. Nenhum deles usava máscara, de acordo com as fotos divulgadas pelo jornal oficial do partido, Rodong Sinmum.

Em seu discurso, o líder supremo do país mencionou o fracasso do plano quinquenal de desenvolvimento econômico adotado no último congresso de 2016. Os resultados ficaram "muito abaixo de nossos objetivos em quase todos os âmbitos", afirmou, de acordo com a agência oficial KCNA.

O país sofre com a má gestão da economia e o plano anterior foi abandonado discretamente ano passado.

"Temos a intenção de analisar profundamente (...) nossas experiências, lições e os erros cometidos", completou Kim, vestido com um terno preto em cuja lapela exibia retratos de seu pai e de seu avô, que o precederam à frente da Coreia do Norte.

A KCNA não detalhou os "erros" mencionados pelo líder norte-coreano.

A Coreia do Norte também foi duramente atingida por sanções internacionais impostas para forçar Pyongyang a desistir de seus programas nucleares e balísticos, que fizeram grandes avanços no governo de Kim.

E o país está mais isolado do que nunca desde que fechou as fronteiras há um ano para proteger-se da pandemia de coronavírus, que surgiu na China, seu poderoso vizinho e principal aliado.

Pyongyang afirma que não registrou nenhum caso de covid-19, mas os especialistas duvidam da informação.

O comércio com a China representa agora uma ínfima parte do que era. Muitas embaixadas fecharam as portas ou reduziram drasticamente o número de funcionários.

De acordo com os analistas, o congresso, voltado para temas internos, reafirmará a importância da "autossuficiência" e anunciará um novo plano econômico.

No domingo, o Rodong Sinmun pediu lealdade inabalável ao líder supremo e afirmou que é necessário um "espírito de unidade" para ter um ano "vitorioso.

O congresso é a reunião mais importante do partido governante. Analistas examinam cuidadosamente o evento em busca de qualquer mudança nas orientações políticas ou na designação de altos funcionários.

A irmã e conselheira do líder supremo, Kim Yo Jong, integra o comitê executivo do congresso, sinal de sua influência crescente.

O sétimo congresso, celebrado em 2016, o primeiro em quase 40 anos, contribuiu para forjar o status de Kim Jong Un como líder supremo e herdeiro da dinastia dos Kim, no poder há sete décadas.

O congresso reunido esta semana mostra, de acordo com Ahn Chan-il, analista do Instituto Mundial de Estudos Norte-Coreanos de Seul, uma "necessidade urgente de solidariedade interna".

"O congresso do partido deve servir de faísca para restaurar a fé de uma opinião pública decepcionada", opina.

O congresso foi precedido por uma campanha de mobilização que pediu aos norte-coreanos que trabalhassem horas horas extras e assumissem novas tarefas durante 80 dias para estimular a economia.

Desfile militar

A menos de duas semanas da posse de Joe Biden, em 20 de janeiro, a Coreia do Norte poderia aproveitar a oportunidade para enviar uma mensagem a Washington.

"Sem Trump, a Coreia do Norte reafirmará sua tradicional hostilidade em relação aos Estados Unidos, com uma antecipação de suas futuras provocações", considera Go Myong-hyun, do Instituto Asan de Estudos Políticos.

Kim Jong Un e Donald Trump tiveram altos e baixos, entre insultos e apertos de mãos. A relação com Joe Biden deve ser marcada pela tensão.

Imagens de satélite mostram "a intensificação de preparativos para um desfile militar", informou o site 38North, poucos meses depois de Pyongyang ter apresentado um míssil balístico intercontinental gigante.

Um desfile foi organizado durante o congresso de 2016 que durou quatro dias.

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