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Kadafi tenta retomar cidades e violência aumenta na Líbia

Protestos contra Kadafi, os mais sangrentos contra um governante que está no poder há muito anos no mundo árabe, já reduziram pela metade a produção de petróleo do país

Países ocidentais têm pedido a Kadafi que renuncie e estão estudando várias opções (Giorgio Cosulich/Getty Images)

Países ocidentais têm pedido a Kadafi que renuncie e estão estudando várias opções (Giorgio Cosulich/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2011 às 19h30.

Trípoli - Forças leais a Muammar Kadafi ampliaram nesta sexta-feira os ataques a áreas sob controle de rebeldes, numa escalada na crise da Líbia, e a turbulência chegou à capital, onde homens armados abriram fogo para dissolver protestos de dissidentes.

Os rebeldes baseados no leste do país intensificaram sua investida em direção ao oeste, lançando um ataque à cidade petrolífera de Ras Lanuf, e disseram que tomaram o aeroporto da cidade.

Os rebeldes haviam dito à Reuters anteriormente que estão abertos a discussões apenas sobre o exílio ou renúncia de Kadafi, depois dos vários ataques contra civis que provocaram condenação internacional, uma série de sanções econômicas e de armas e uma investigação do líder líbio por crimes de guerra.

Em uma novidade que deve causar preocupação com a diminuição dos estoques de alimentos e remédios em áreas sob controle dos rebeldes, relatos vindos de vários pontos do país extenso sugerem que um agravamento do conflito temido pelo Ocidente pode desencadear um êxodo maciço de refugiados para a Europa.

O levante popular contra Kadafi, o mais sangrento já visto contra um governante que está no poder há muito anos no mundo árabe, já reduziu pela metade a produção de petróleo do país, que é membro da Opep e normalmente produz 1,6 milhão de barris por dia. O petróleo é a base da economia da Líbia.

No leste do país, rebeldes dispararam uma salva contínua de morteiros e foguetes contra uma base militar no terminal petrolífero do porto de Ras Lanuf, ao lado de uma rodovia costeira estratégica, e o Exército respondeu com disparos de artilharia. Fontes rebeldes disseram à Reuters ter dominado o aeroporto da cidade.

Ao menos 30 mortos

Em Zawiyah, a 50 quilômetros a oeste da capital, forças pró-Kadafi combateram durante horas os rebeldes que dominam o centro da cidade, disseram dois moradores à Reuters. Segundo testemunhas, ao menos 30 civis morreram em confronto com os militares.

"Estive no hospital há menos de 15 minutos. Dezenas morreram e outros ficaram feridos. Contamos 30 civis mortos. O hospital estava lotado. Eles não conseguiam achar um espaço para as vítimas", disse Mohamed, que mora em Zawiyah, à Reuters por telefone.


Uma instalação petrolífera em Zueitina, ao sul da cidade de Benghazi, controlada pelos rebeldes, foi danificada e está em chamas, disse a emissora Al Jazeera, exibindo vídeo que mostra fumaça negra elevando-se de uma usina de petróleo.

Abdullah al-Mahdi, um porta-voz dos rebeldes, disse à Al Jazeera que combatentes da oposição vão atacar a capital assim que uma zona de exclusão aérea for implementada pelas potências internacionais, para tentar romper o domínio de Kadafi sobre o país do norte da África.

Países ocidentais têm pedido a Kadafi que renuncie e estão estudando várias opções, entre as quais a imposição de uma zona de exclusão aérea, mas estão cautelosos em relação a qualquer envolvimento militar ofensivo para estabilizar o país, o 12º maior produtor mundial de petróleo.

Em Trípoli, foram ouvidos disparos no bairro de Tajoura, quando partidários de Kadafi dispersaram uma multidão de manifestantes que pedia o fim do governo dele e gritavam "Kadafi é inimigo de Deus!".

Os manifestantes saíram da mesquita Murat Adha após as orações da sexta-feira e várias centenas deles começaram a gritar palavras de ordem pedindo o fim do governo de Kadafi.

"Este é o fim de Kadafi. Quarenta anos de crimes vão acabar", disse o engenheiro Faragha Salim, participante do protesto em Tajoura.

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