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Justiça espanhola diz que prisão de Ricardo Teixeira é "provável"

Autoridades em Barcelona confirmaram que o ex-presidente da CBF é alvo de investigação, que corre em segredo de justiça

Ricardo Teixeira: ele é suspeito de agir como testa de ferro para o empresário J. Hawilla e realizar os pagamentos de propinas para dirigentes do futebol mundial (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Ricardo Teixeira: ele é suspeito de agir como testa de ferro para o empresário J. Hawilla e realizar os pagamentos de propinas para dirigentes do futebol mundial (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de maio de 2017 às 12h25.

Genebra - Autoridades na Espanha afirmam que um pedido de prisão ao Brasil contra Ricardo Teixeira é algo "provável". Mas que dependerá do andamento das investigações sobre o material encontrado nas casas e escritórios de Sandro Rosell, na Espanha e Andorra.

A informação foi dada ao Estado pelas autoridades em Barcelona que confirmam que o ex-presidente da CBF é alvo de investigação, que corre em segredo de justiça.

Rosell e mais quatro pessoas foram detidas nesta terça-feira na cidade catalã. Mas os investigadores revelaram à reportagem que essa é apenas a primeira etapa.

Com base nas contas rastreadas, documentos e ligações, uma nova onda de prisões pode ser declarada.

Diante do envolvimento de Teixeira, não se exclui que uma carta rogatória seja enviada à Justiça brasileira pedindo a prisão do ex-presidente da CBF no Brasil ou pelo menos para que ele seja ouvido.

Fontes envolvidas no caso informaram que o nome de Teixeira aparece de forma "consistente" no caso, principalmente com o uso da seleção brasileira para a lavagem de dinheiro.

O caso apenas avançou diante da cooperação entre Espanha, Estados Unidos e Andorra. Mas, no caso do Brasil, o País ainda não pode cooperar com a Justiça dos EUA na troca de dados sobre os suspeitos.

O Estado apurou que um recurso foi apresentado impedindo que o Ministério Público Federal repasse aos norte-americanos informações solicitadas sobre dirigentes como José Maria Marin, Marco Polo del Nero e Ricardo Teixeira.

No próximo dia 27, o caso que abalou o futebol mundial completará dois anos. Dos mais de 40 dirigentes e empresários indiciados pelo desvio de mais de US$ 200 milhões (cerca de R$ 653 milhões), apenas cinco dos que estão detidos se recusam a admitir culpa, entre eles José Maria Marin, ex-presidente da CBF.

Nesse período, os investigadores americanos fecharam acordos de cooperação com quase uma dezena de governos pelo mundo, inclusive diversos latino-americanos.

Mas, conforme a reportagem revelou com exclusividade em 2015, uma decisão judicial no Brasil impediu a cooperação com os EUA, o que freou iniciativas do MP no País de confiscar recursos ou o envio aos norte-americanos de documentos relativos aos três dirigentes.

Uma juíza no Rio havia determinado que a troca de informações não poderia ocorrer e que apenas as mais altas instâncias poderiam dar um sinal verde.

Na época, o MP federal entrou com um recurso, alegando que a decisão de um tribunal no Rio de Janeiro feria os tratados internacionais assinados pelo Brasil.

Em março, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu razão ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot e autorizou a cooperação.

Mas agora um novo recurso ainda precisará ser julgado, já que a defesa entrou com um agravo. A iniciativa promete arrastar o caso por mais alguns meses e uma Corte Especial do STJ decidirá.

Em Brasília, procuradores indicaram que o hiato entre o pedido americano e sua execução pode ter permitido que os recursos, contas e indícios tenham sido destruídos, fechados ou transferidos.

Suíça

Além do caso com Rosell, os americanos investigam Teixeira por contas controladas pelo ex-presidente da CBF em pelo menos três bancos: UBS, Banca del Gottardo e BSI.

Em apenas duas dessas contas, um total de US$ 800 mil (cerca de R$ 2,6 milhões) foi transferido de contas nos EUA para a Suíça, envolvendo a Somerton, empresa controlada pelo também brasileiro José Margulies.

Ele é suspeito de agir como testa de ferro para o empresário J. Hawilla e realizar os pagamentos de propinas para dirigentes do futebol mundial.

A empresa de fachada de Hawilla, portanto, também teria abastecido as contas suíças de Teixeira.

A suspeita do FBI é de que Teixeira usaria um nome de fachada para não ter sua identidade revelada. Mas aparecia como beneficiário das contas.

O "laranja" seria Willy Kraus, dono da Kraus Corretora de Câmbio, no centro do Rio de Janeiro. Para o FBI, Teixeira mantinha o "efetivo controle" sobre essas contas.

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