Para comprar títulos lusos para dez anos, os investidores exigiam nesta terça-feira rentabilidade de 9,69% (Miguel Riopa/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2011 às 09h33.
Lisboa - A pressão sobre a dívida de Portugal voltou a recrudescer nesta terça-feira, alcançando valores recordes desde a entrada em vigor do euro no dia em que a Comissão Europeia avalia o resgate financeiro ao país luso.
Os títulos lusos com vencimento para dois anos estavam na primeira hora com 12,07% de juro no mercado secundário, dez pontos percentuais superiores aos do bônus alemão com as mesmas características.
Para cinco anos, a taxa de juro que penalizava a dívida de Portugal batia novo recorde histórico de 11,93%, acima do percentual de 11,88% registrado na véspera.
Para comprar títulos lusos para dez anos, os investidores exigiam nesta terça-feira rentabilidade de 9,69%, novo recorde histórico desde a entrada em vigor do euro, em 1999, e ligeiramente superior à cotação da segunda-feira.
Comparado com a dívida alemã para dez anos, utilizada como valor de referência, o diferencial ("spread") ficou em 656,7 pontos base.
O novo aumento da pressão dos mercados sobre Portugal ocorre no mesmo dia em que Bruxelas deve dar seu aval político ao programa de ajuda estipulado com as autoridades lusas, e que envolve uma injeção de 78 bilhões de euros nos próximos três anos.
O compromisso deve ser aprovado definitivamente na próxima reunião dos ministros de Economia da União Europeia (Ecofin), prevista para 16 de maio.
O contínuo aumento dos juros que penalizam a dívida lusa se deteve na semana passada, depois que a equipe enviada por Bruxelas e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) a Lisboa para negociar o resgate tornassem públicas as condições do empréstimo, que envolvem a liberalização do mercado de trabalho, mais privatizações e cortes em prestações, entre outras medidas.
No entanto, os rumores sobre a necessidade de reestruturação da dívida grega e que o país heleno poderia deixar a zona do euro - hipótese desmentida por Atenas - voltaram a recrudescer os temores dos investidores em dívida pública, o que provocou uma nova alta dos juros.