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Junta Militar promete plebiscito; manifestantes egípcios exigem renúncia

Decisão, anunciada pelo chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas, foi recebida com ceticismo e desconfiança na praça Tahrir

Desde o início dos enfrentamentos, já foram registradas 28 mortes (Mahmud Hams/AFP)

Desde o início dos enfrentamentos, já foram registradas 28 mortes (Mahmud Hams/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2011 às 18h15.

Cairo - A praça Tahrir reviveu nesta terça-feira o espírito da revolução e milhares de manifestantes pediram em uníssono a renúncia da Junta Militar, que prometeu realizar um plebiscito para que os egípcios decidam se os militares devem abandonar o poder.

A decisão, anunciada pelo chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas, marechal Hussein Tantawi, foi recebida com ceticismo e desconfiança na praça, onde milhares de pessoas exigiram a saída imediata da junta.

"Eles já disseram outras vezes que abandonarão o poder e não cumpriram o prometido", disse à Agência Efe o jovem Amir Ahmed, que acrescentou que continuará protestando na Tahrir.

Em seu discurso, o marechal explicou que não quer ser uma "alternativa à legalidade desejada pelo povo" e nem pretende perpetuar-se no poder.

"Estamos dispostos a entregar imediatamente o governo e voltar a nossa missão original, que é a defesa da pátria, se o povo decidir por isso num plebiscito" disse Tantawi, sem oferecer mais detalhes sobre a realização do referendo.

O chefe da Junta Militar disse que tem vontade de realizar eleições presidenciais antes do final de junho de 2012, e de manter a eleição legislativa na data prevista, marcada para começar na próxima segunda-feira, 28 de novembro.

Para o jovem Ahmed Gharib, o discurso chega tarde: "Se Tantawi o tivesse pronunciado há três dias, a situação seria diferente. Pedíamos o anúncio das eleições presidenciais, mas agora queremos o afastamento do Conselho Supremo das Forças Armadas, responsável pela morte de vários manifestantes", afirmou.

Desde o início dos enfrentamentos, já foram registradas a morte de 28 pessoas. Os ativistas consideram a situação atual uma continuação do regime de Hosni Mubarak, que abandonou o poder em fevereiro após 18 dias de protestos parecidos com o de hoje.


"A Junta Militar tem que entender que o povo quer a liberdade, e não que sigam o caminho traçado pelo regime de Mubarak como fizeram até agora", disse à Efe a jovem Fatma Saher. A manifestante insistiu que os militares devem transferir o poder aos civis.

Antes do discurso de Tantawi, um dos momentos de maior emoção foi quando um soldado, após declarar seu apoio às reivindicações da população, foi carregado sobre os ombros dos manifestantes.

"Os militares querem se unir ao povo mas temem seus dirigentes", disse comovido Reda Renshawy, de 50 anos.

O Governo negocia com os ativistas para que deixem as cercanias do Ministério do Interior. Um dos feridos durante os enfrentamentos, Hisham Mahmud, assegurou à Efe num hospital de campanha da praça que o objetivo não é invadir o ministério: "Estamos atacando a Polícia que matou nossos irmãos", garantiu.

Apesar dos choques, dos feridos, das sirenes das ambulâncias e do ambiente carregado pelo gás lacrimogêneo, os pedidos da população puderam ser ouvidos por todos nesta terça-feira.

Além dos protestos contra a Junta Militar, os manifestantes também criticaram os partidos políticos, que para muitos são cúmplices da atual situação.

Um grande cartaz afirmava ser proibido a realização de comícios e manifestações políticas na praça, e lembrava que Tahrir tem apenas uma voz, a do povo. Por tudo isso e pela semelhança entre as promessas do atual governo e as de Mubarak, o Egito parece reviver novamente o espírito da revolução.

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