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Juiz nega envolvimento de Kirchner em lavagem de dinheiro

Financeiro argentino envolvido no mesmo processo afirmou que Cristina Kirchner, presidente entre 2007 e 2015, é a "lavadora número um"


	Cristina Kirchner: ação investiga se o dinheiro foi levado em aviões privados ao Uruguai, de onde era lavado por transferências à Suíça
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Cristina Kirchner: ação investiga se o dinheiro foi levado em aviões privados ao Uruguai, de onde era lavado por transferências à Suíça (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2016 às 16h27.

Buenos Aires - O juiz federal da Argentina Sebastián Casanello desvinculou nesta segunda-feira a ex-presidente Cristina Kirchner da investigação por lavagem de dinheiro que atingiu empresários próximos ao kirchnerismo.

"A ex-presidente não está envolvida neste processo", afirmou o magistrado à rádio "La Red", insistindo que o processo investiga "lavagem de dinheiro delitivo" e não conivências políticas.

Na sexta-feira, o financeiro argentino Federico Elaskar, envolvido no mesmo processo, afirmou em um programa de televisão que Cristina, presidente entre 2007 e 2015, é a "lavadora número um".

Nesse mesmo dia o juiz havia intimado o empresário Lázaro Báez, próximo ao kirchnerismo, e o ex-titular da financeira SGI ameaçou levar todo mundo com ele, e garantiu que "meia Casa Rosada (em referência à sede de governo argentino e ao governo de Cristina) está envolvida nessa rede".

Casanello decidiu intimar Báez pela investigação de uma suposta rede de lavagem de dinheiro, ação que teve início após a divulgação pela televisão de vídeos que mostravam várias pessoas contando milhões de dólares.

As imagens, feitas em 2012, mostram Martín Báez, filho de Lázaro, transferindo, junto com outros homens, grandes somas de dólares contadas por máquinas no escritório da financeira SGI em um edifício em Puerto Madero, mesmo bairro de Buenos Aires em que Cristina comprou dois imóveis.

"O surgimento dos vídeos é uma prova de outro calibre, é a que imediatamente disparou para chamar para depor", afirmou hoje Casanello em uma entrevista à "Rádio Nacional", em que também insistiu que esta decisão não está ligada à mudança de governo.

Apesar de Lázaro Báez não aparecer nos vídeos divulgados, o promotor Guillermo Marijuán já tinha intimado em 2015 Casanello, seu filho e o financista Federico Elaskar.

A investigação começou em 2013, quando Elaskar afirmou em um programa de televisão ter tirado do país recursos milionários de Báez através de sociedades inscritas no Panamá, o que depois ele desmentiu.

A ação investiga se o dinheiro foi levado em aviões privados ao Uruguai, de onde supostamente era lavado por transferências à Suíça e depois para contas de sociedades panamenhas.

Lázaro Báez, dono da empresa Austral Construções, foi o principal vencedor de licitações de obras públicas na província argentina de Santa Cruz durante o kirchnerismo.

O empresário investigado era um próximo colaborador do ex-governador dessa província e ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner (2003-2007).

Casanello insistiu hoje em que há quase três anos sua equipe trabalha "sem descanso", tanto com o promotor como com o juiz neste processo, "montando um quebra-cabeças muito complexo".

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