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Juiz critica "poder irrestrito" de Mueller em investigação sobre Rússia

Juiz acusou procurador especial de usar casos criminais para pressionar aliados do presidente Donald Trump a se voltarem contra ele

Robert Mueller: Trump disse que investigação do procurador sobre laços de sua campanha com a Rússia era "uma caça às bruxas" (Jason Reed/REUTERS/Reuters)

Robert Mueller: Trump disse que investigação do procurador sobre laços de sua campanha com a Rússia era "uma caça às bruxas" (Jason Reed/REUTERS/Reuters)

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Reuters

Publicado em 4 de maio de 2018 às 21h00.

Alexandria, Estados Unidos - Um juiz federal dos Estados Unidos disse que o procurador especial Robert Mueller não deveria ter "poder irrestrito" para investigar laços entre a campanha do presidente Donald Trump e a Rússia, e acusou Mueller de usar casos criminais para pressionar aliados de Trump a se voltarem contra ele.

Em uma tensa audiência em um tribunal federal na Virgínia nesta sexta-feira, o juiz distrital dos EUA T.S. Ellis III questionou acentuadamente se Mueller excedeu sua autoridade ao apresentar acusações de fraude fiscal e bancária contra o ex-gerente de campanha de Trump, Paul Manafort.

Ellis disse que a acusação aparentava ser uma maneira para Mueller levar Manafort a fornecer informações sobre Trump.

"Você não liga realmente para o Sr. Manafort", disse o juiz. "Você na verdade liga para a informação que o Sr. Manafort pode te dar para levar ao Sr. Trump" e sua eventual acusação ou impeachment.

"É improvável que você consiga me persuadir de que o procurador especial possui poder irrestrito para fazer o que quiser", disse Ellis, que foi nomeado pelo presidente republicano Ronald Reagan, em uma audiência sobre a moção de Manafort para rejeitar as acusações na Virgínia.

Manafort, que trabalhou como gerente da campanha de Trump por cinco meses, também enfrenta acusações federais em Washington, onde é acusado de conspiração para lavagem de dinheiro e falha em se registrar como um agente estrangeiro quando fez lobby para o governo ucraniano pró-Rússia.

Michael Dreeben, um vice-procurador-geral trabalhando com Mueller, argumentou que o escopo investigativo do procurador especial cobria a atividade na acusação.

Em um memorando de 2 de agosto de 2017, o vice-secretário de Justiça dos EUA, Rod Rosenstein, autorizou Mueller a investigar se Manafort "cometeu crime ou crimes surgindo a partir de pagamentos que recebeu do governo ucraniano antes e durante o mandato do presidente Viktor Yanukovych".

O ex-líder ucraniano foi retirado do poder e fugiu para a Rússia em fevereiro de 2014, mais de dois anos antes de Trump declarar sua candidatura à Presidência.

"Uma caça às bruxas"

Trump leu entusiasticamente em voz alta os comentários do juiz para sua plateia durante um discurso em Dallas à Associação Nacional do Rifle, dizendo que eles ecoavam suas posições de longa data. Ele chamou Ellis de "uma pessoa muito respeitada".

"Tenho dito isto há muito tempo. É uma caça às bruxas", disse sobre a investigação de Mueller sobre os laços de sua campanha com a Rússia e sobre se a campanha conspirou com russos para interferir na eleição de 2016.

Ele também se distanciou de Manafort, chamando-o de um cara legal, mas dizendo que "ele trabalhou para mim por um período muito curto de tempo".

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