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Jornalista diz que denunciará Strauss-Kahn para acabar com 8 anos de inferno

Tristane Banon vai denunciar o ex-diretor do FMI pela suposta tentativa de estupro que ocorreu em 2003

A escritora Tristane Banon: "depois disso, nunca mais tive relações normais com homens. Para mim, todos se transformaram em pessoas que podiam me fazer mal" (Wikimedia Commons)

A escritora Tristane Banon: "depois disso, nunca mais tive relações normais com homens. Para mim, todos se transformaram em pessoas que podiam me fazer mal" (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2011 às 09h21.

Paris - A jornalista e escritora francesa Tristane Banon, que vai denunciar Dominique Strauss-Kahn pela suposta tentativa de estupro que ocorreu em 2003, afirmou em entrevista nesta terça-feira que o faz para "acabar com o inferno que vive há oito anos".

"Ver Strauss-Kahn livre, jantando em restaurante de luxo entre amigos, me deixa doente, declarou Banon em entrevista publicada na edição digital da revista "L'Express", a primeira desde a explosão do escândalo que envolve o ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

No extenso relato, a mulher, de 32 anos, garante que decidiu levar o caso à justiça porque há anos não quer escutar mais que é "uma mentirosa pelo fato de não ter apresentado uma denúncia" e nega que queira publicidade gratuita ou "vingança".

A jornalista, que sustenta que DSK tentou estuprá-la durante uma entrevista para o livro que preparava, lembra como ocorreram os fatos e alguns detalhes sobre o suposto encontro em um apartamento central de Paris.

"Começamos a conversar, ofereceu-me um café. Tirei meu ditafone e ele quis que fôssemos para o sofá. Ele parou o ditafone, agarrou-me pela mão, depois pelo braço. Pedi que me deixasse ir embora e ali começou a luta", lembra. Pela sua versão, Banon e DSK brigaram no chão "durante vários minutos".

Após a resistência, e "aterrorizada", conseguiu desvencilhar-se dele e ir até o carro. "Liguei para minha mãe porque não conseguia dirigir, eu tremia". O encontro durou "pouco mais de meia hora", diz.


Na época ela não denunciou os fatos porque achava que ninguém teria acreditado nela, já que "nesses casos, era sua palavra contra a de Strauss-Kahn".

"Que valia a palavra de uma jovem estagiária de jornalismo preparando seu primeiro livro? Minha denúncia poderia ser encarada como uma tentativa minha de ganhar publicidade. Que valia minha palavra contra a de Strauss-Kahn, o marido de Anne Sinclair? Nada!", ressalta.

Desde os supostos fatos - que denuncia como estupro e não como agressão sexual -, que já teriam prescritos, ela diz viver "traumatizada".

"Depois disso, nunca mais tive relações normais com homens. Para mim, todos se transformaram em pessoas que podiam me fazer mal", confessa.

Perguntada sobre os rumores que a descrevem como uma mulher pouco equilibrada que tinha assiduamente aventuras com celebridades e que queria vingar-se dos homens, Banon afirma que não é nenhuma "depredadora sexual".

Sua mãe era uma mulher de negócios pouco interessada nas crianças. Banon foi criada por um babá e não chegou a conhecer o pai, nem sabe se ainda está vivo.

"Por outro lado, não tinha nenhuma preocupação com dinheiro" e "tive uma boa educação nos melhores bairros", comenta a jornalista, atualmente "vivendo fora de Paris".

Banon explica que em setembro de 2010 teve problemas trabalhistas na publicação de um trabalho para o qual se dedicava havia um ano e vinclua isso a influência de DSK.

Conta que outros importantes nomes do Partido Socialista (PS), no qual militava sua mãe, sabiam do ocorrido e que não fizeram nada e recomendaram que esquecesse o caso.

"No entorno de Laurent Fabius (ex-primeiro-ministro) muitos estavam sabendo da história. François Hollande (então principal responsável do PS) conhecia a história. Ele me ligou uma vez em 2003. Muito inquieto, disse que tinha falado com minha mãe. Esperava que seguisse o conselho que me havia dado, de não denunciá-lo", afirma.

Desde que o escândalo saiu à luz, não recebeu ligações de mais nenhum político, nem conservador, nem progressista, diz.

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