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Jornalismo, profissão de alto risco em Honduras

Entre 2010 e o primeiro semestre deste ano, foram assassinados 28 profissionais da comunicação no país


	Policial segura arma em Tegucigalpa, Honduras: jornalismo se transformou em profissão de alto risco devido à violência do crime organizado e à impunidade que prevalece no país
 (Spencer Platt / Getty Images)

Policial segura arma em Tegucigalpa, Honduras: jornalismo se transformou em profissão de alto risco devido à violência do crime organizado e à impunidade que prevalece no país (Spencer Platt / Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2013 às 11h10.

Tegucigalpa - O exercício do jornalismo em Honduras, onde, entre 2010 e o primeiro semestre de 2013, foram assassinados 28 comunicadores sociais, se transformou em uma profissão de alto risco devido à violência do crime organizado e à impunidade que prevalece no país.

O presidente do Colégio de Jornalistas de Honduras, Juan Ramón Mairena, disse à Agência Efe que ser jornalista no país se tornou "perigoso" pela onda de criminalidade e de violência registrada devido à pressão do crime organizado.

Isso se reflete, segundo Mairena, no assassinato de mais de 30 jornalistas entre 2003 e a primeira metade de 2013, a maioria ainda impune, e também nos atentados e nas ameaças de morte que enfrentam diariamente os profissionais da comunicação.

O último caso foi registrado na semana passada, quando, na quarta-feira, o jornalista hondurenho Antonio Quintero foi baleado no pescoço, o que paralisou sua mão direita, em um ataque no qual morreu um técnico que fazia manutenção no seu carro.

Quintero, que conduz um polêmico programa de televisão por assinatura, voltou para casa na sexta-feira e descartou que o ataque fosse pessoal.


Honduras vive uma onda de violência que afeta não só os jornalistas, mas toda a população, e causa diariamente uma média de 20 mortes, segundo organismos de direitos humanos.

"A situação é muito difícil, ainda há muito por fazer para esclarecer o assassinato dos comunicadores", ressaltou Mairena.

Ele também expressou sua "preocupação" pela impunidade que prevalece nos assassinatos de jornalistas em Honduras, já que as próprias autoridades de segurança reconheceram em abril que 80% dos homicídios ficam impunes pela falta de investigação.

Além disso, lamentou que o governo do presidente Porfirio Lobo "não tenha cumprido" os compromissos assumidos em agosto, de implementar programas de proteção aos jornalistas.

No último ano, Lobo bateu de frente com diferentes meios de comunicação que criticam sua administração, acusando-a de fracassada nos setores econômico, social e de segurança.

O comissário nacional dos Direitos Humanos de Honduras, Ramón Custódio, também lamentou que o exercício do jornalismo no país tenha se transformado em uma profissão de "alto risco", que não só põe em perigo a vida dos comunicadores, mas também a de seus familiares.


"Lamentamos a violência da qual padece o povo hondurenho e que atinge os jornalistas, ameaçando a liberdade de pensamento e de expressão", disse Custódio em comunicado.

Além disso, expressou sua preocupação pela impunidade dos assassinatos de 35 pessoas vinculadas à imprensa entre 2003 e o primeiro semestre deste ano, já que, desses casos, apenas dois chegaram à sentença.

O chefe de redação do jornal "La Tribuna", Daniel Villeda, declarou à Efe que a profissão do jornalismo "se tornou muito difícil" devido às ameaças constantes dos traficantes de drogas.

"Exercer o jornalismo é bem difícil, porque o narcotráfico influenciou muitas pessoas e montou várias campanhas contra os jornalistas, para que não se denunciem casos de extorsão, lavagem de dinheiro e corrupção", ressaltou Villeda.

Segundo as autoridades hondurenhas, o narcotráfico é uma das causas dos altos índices de violência no país centro-americano que, segundo um relatório das Nações Unidas de 2011, era o mais violento do mundo, com uma taxa anual de 86,5 homicídios por cada 100 mil habitantes.

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