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Jornal russo denuncia novos assassinatos de gays na Chechênia

O jornal é o mesmo que, em abril, denunciou esse tipo de perseguição e assassinato na república russa

Perseguição: segundo o Kremlin, autoridades comprovarão a veracidade das acusações (Olga Maltseva/AFP)

Perseguição: segundo o Kremlin, autoridades comprovarão a veracidade das acusações (Olga Maltseva/AFP)

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EFE

Publicado em 22 de maio de 2017 às 11h52.

Moscou - O jornal "Novaya Gazeta", da Rússia, que no mês de abril denunciou uma campanha de perseguições e assassinatos de homossexuais na República da Chechênia, informou nesta segunda-feira que aconteceram quatro novas execuções extrajudiciais de pessoas "suspeitas" de serem gays.

Segundo as informações publicadas pelo "Novaya Gazeta" e que já foram entregues ao Comitê de Instrução da Rússia, um dos mortos é um militar, integrante da Guarda Nacional russa.

Outra vítima é um morador da cidade de Izhevsk, que passou um tempo em uma das prisões secretas da Chechênia, mas foi assassinado após sua libertação, quando já tinha conseguido fugir da república russa do Cáucaso.

O jornal russo publicou em abril uma reportagem na qual denunciou a perseguição e o assassinato de homossexuais na Chechênia e a existência de prisões secretas nessa república russa de maioria muçulmana onde os gays eram fechados e torturados.

O Kremlin afirmou que as autoridades comprovarão a veracidade das acusações, enquanto o líder da Chechênia, Ramzan Kadyrov, que inicialmente qualificou a publicação de "provocação" e "mentira", depois se mostrou disposto a cooperar com as autoridades federais na investigação das denúncias.

A Rede LGBT da Rússia, por sua vez, informou sobre a retirada da Chechênia de 40 homossexuais com o objetivo de garantir sua segurança.

A investigação iniciada por causa da reportagem no jornal russo, que repercutiu em muitos meios de comunicação dentro e fora do país, começou a cerca de um mês e causou "pânico" entre as autoridades da república, que tentam "sabotar" com todos os meios o seu desenvolvimento, segundo a fonte.

De acordo com o "Novaya Gazeta", os policiais e outros agentes públicos citados pelos investigadores, evitam comparecer a qualquer custo aos interrogatórios, "com doenças repentinas" e outras desculpas de última hora.

O chefe de polícia de Grozni, a capital da Chechênia, Magomed Dashaev, surpreendeu os jornalistas com um súbita explosão de tolerância ao se referir ao escândalo.

"Ninguém vai tocar em ninguém. Se quiserem, que façam uma marcha no centro de Grozni", afirmou o policial.

O jornal indica que a repressão contra os gays e o alvoroço gerado pela publicação desta informação fizeram com que o governo checheno mudasse o discurso oficial, mas, por enquanto, as autoridade não proporcionaram mudanças reais.

Para abrir um processo penal, são necessárias denúncias das próprias vítimas, "ou seja, a Justiça depende da coragem das pessoas mais indefesas, desprezadas e perseguidas, tanto pelas autoridades, como pela sociedade chechena", segundo o "Novaya Gazeta".

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