Jogos 'inspiram uma geração' na Grã-Bretanha, mas quem paga?
O legado dos Jogos e a questão de como fomentar mais atividades esportivas nas escolas britânicas despertou um debate vigoroso entre políticos, professores e pais
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2012 às 16h56.
Londres - Charlotte O'Brien, de 8 anos, começou a praticar ginástica na sala de casa usando meias velhas para imitar as faixas de apoio, enquanto Edward Smith, também de 8 anos, está determinado a entrar no ciclismo BMX.
"Não conhecia esportes como o BMX antes da Olimpíada. Estou adorando assistir. O futebol está ficando chato", disse Smith, um declaração ousada na Grã-Bretanha, fanática pela modalidade e tomada pela febre olímpica graças ao sucesso da delegação britânica.
Os organizadores de Londres 2012 podem ter tido algum sucesso em seu propósito declarado de "inspirar uma geração". Mas para crianças como Charlotte e Edward, que vivem em áreas urbanas de renda relativamente baixa perto do Estádio Olímpico, isso pode só trazer à tona como suas opções para alcançar a excelência esportiva são limitadas.
Se a Grã-Bretanha cresce no evento, está em terceiro no quadro de medalhas, sua economia está em recessão, e o governo conservador embarcou na pior política de austeridade em uma geração para lidar com um grande déficit no orçamento.
"Como vamos levar mais crianças para o esporte se o governo decidiu fazer todos estes cortes?", indaga Rumi Begum, de 21 anos, coordenador de esportes voluntário em Tower Hamlets, região pobre no leste londrino próxima do Parque Olímpico.
O legado dos Jogos e a questão de como fomentar mais atividades esportivas nas escolas britânicas despertou um debate vigoroso entre políticos, professores e pais.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro David Cameron pediu mais competitividade nos esportes escolares e um fim à cultura do "todos têm que conquistar prêmios", insinuando que alguns professores não "fazem sua parte".
Educadores reagiram com fúria à sua crítica, dizendo ser ultrajante lhes imputar culpa, dados os cortes nos fundos governamentais.
Não há dúvida de que a visão de milhares de atletas no auge da forma física disputando o ouro pode ser uma grande motivação para ficar em forma.
"É bastante inspirador ver a Olimpíada em nosso país. Sabe, essas ambições secretas que você tem que erguer a medalha você mesmo", afirmou a estudante Jemma Ruddick, de 21 anos.
Sua mãe, a assistente social Cherry Farley, de 50 anos, estava usando um equipamento do parque que frequentam pela primeira vez.
"No ano passado nem dei por eles, mas agora estamos inspirados a fazer um pouco mais. Não me interessei pela Olimpíada no começo, mas desde que começou a passar na TV toda noite entrei no clima", disse ela.
Mas as famílias em vizinhanças menos abastadas podem se intimidar de ver que tantos medalhistas do país praticam esportes que exigem equipamento caro ou locais especiais e treinadores.
A delegação britânica teve vitórias no hipismo, ciclismo e canoagem, esportes fora do alcance de muitas escolas do governo.
"Se eu pedisse aos meus professores para praticar um esporte assim, eles ririam de mim", disse Molly O'Brien, de 14 anos, irmã mais velha de Charlotte.
"Há uma razão para muitos de nossos medalhistas virem de escolas particulares: o sistema estatal não consegue competir", afirmou Sarah Price, professora de educação física que trabalha em uma escola em uma área de baixa renda no sul de Londres.
Londres - Charlotte O'Brien, de 8 anos, começou a praticar ginástica na sala de casa usando meias velhas para imitar as faixas de apoio, enquanto Edward Smith, também de 8 anos, está determinado a entrar no ciclismo BMX.
"Não conhecia esportes como o BMX antes da Olimpíada. Estou adorando assistir. O futebol está ficando chato", disse Smith, um declaração ousada na Grã-Bretanha, fanática pela modalidade e tomada pela febre olímpica graças ao sucesso da delegação britânica.
Os organizadores de Londres 2012 podem ter tido algum sucesso em seu propósito declarado de "inspirar uma geração". Mas para crianças como Charlotte e Edward, que vivem em áreas urbanas de renda relativamente baixa perto do Estádio Olímpico, isso pode só trazer à tona como suas opções para alcançar a excelência esportiva são limitadas.
Se a Grã-Bretanha cresce no evento, está em terceiro no quadro de medalhas, sua economia está em recessão, e o governo conservador embarcou na pior política de austeridade em uma geração para lidar com um grande déficit no orçamento.
"Como vamos levar mais crianças para o esporte se o governo decidiu fazer todos estes cortes?", indaga Rumi Begum, de 21 anos, coordenador de esportes voluntário em Tower Hamlets, região pobre no leste londrino próxima do Parque Olímpico.
O legado dos Jogos e a questão de como fomentar mais atividades esportivas nas escolas britânicas despertou um debate vigoroso entre políticos, professores e pais.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro David Cameron pediu mais competitividade nos esportes escolares e um fim à cultura do "todos têm que conquistar prêmios", insinuando que alguns professores não "fazem sua parte".
Educadores reagiram com fúria à sua crítica, dizendo ser ultrajante lhes imputar culpa, dados os cortes nos fundos governamentais.
Não há dúvida de que a visão de milhares de atletas no auge da forma física disputando o ouro pode ser uma grande motivação para ficar em forma.
"É bastante inspirador ver a Olimpíada em nosso país. Sabe, essas ambições secretas que você tem que erguer a medalha você mesmo", afirmou a estudante Jemma Ruddick, de 21 anos.
Sua mãe, a assistente social Cherry Farley, de 50 anos, estava usando um equipamento do parque que frequentam pela primeira vez.
"No ano passado nem dei por eles, mas agora estamos inspirados a fazer um pouco mais. Não me interessei pela Olimpíada no começo, mas desde que começou a passar na TV toda noite entrei no clima", disse ela.
Mas as famílias em vizinhanças menos abastadas podem se intimidar de ver que tantos medalhistas do país praticam esportes que exigem equipamento caro ou locais especiais e treinadores.
A delegação britânica teve vitórias no hipismo, ciclismo e canoagem, esportes fora do alcance de muitas escolas do governo.
"Se eu pedisse aos meus professores para praticar um esporte assim, eles ririam de mim", disse Molly O'Brien, de 14 anos, irmã mais velha de Charlotte.
"Há uma razão para muitos de nossos medalhistas virem de escolas particulares: o sistema estatal não consegue competir", afirmou Sarah Price, professora de educação física que trabalha em uma escola em uma área de baixa renda no sul de Londres.