Caças J-15 chineses em treinamento (Agência de Notícias Xinhua)
Redação Exame
Publicado em 7 de dezembro de 2025 às 08h46.
O Japão afirmou neste domingo, 7, que caças chineses apontaram seus radares para aeronaves militares japonesas em dois incidentes considerados “perigosos” perto das ilhas de Okinawa.
Segundo o Ministério da Defesa japonês, “aeronaves militares chinesas apontaram intermitentemente seus radares em direção a caças da Força Aérea de Autodefesa em duas ocasiões no sábado, 6”.
O ministro da Defesa, Koizumi Shinjiro, afirmou que pelo menos um caça J-15, lançado do porta-aviões chinês Liaoning, direcionou repetidamente seu radar contra aviões de combate F-15 japoneses mobilizados após a detecção de uma possível intrusão no espaço aéreo do país. Nenhum dano às aeronaves japonesas ou ferimentos às tripulações foi registrado.
Koizumi classificou as ações chinesas como “atos perigosos que ultrapassam o necessário para garantir a segurança de voo” e disse lamentar profundamente o ocorrido.
O ministro afirmou ainda que o Japão apresentou um forte protesto a Pequim e exigiu medidas imediatas para evitar novos incidentes.
Em nota, a China afirmou que realizou um treinamento regular de voo com caças embarcados nas águas a leste do Estreito de Miyako e que havia comunicado previamente as áreas marítimas e o espaço aéreo utilizados.
Segundo o comunicado, durante o exercício, aeronaves das Forças de Autodefesa do Japão se aproximaram repetidamente da zona de treinamento da Marinha do Exército de Libertação Popular (PLA), realizando “atos de assédio” que teriam interferido nas operações e representado uma “grave ameaça” à segurança de voo.
“Exigimos firmemente que o Japão cesse imediatamente suas calúnias e difamações e restrinja rigorosamente suas operações na linha de frente. A Marinha tomará as medidas necessárias, conforme a lei”, afirmou Wang Xuemeng, porta-voz da Marinha chinesa, em comunicado divulgado no domingo.
Os confrontos próximos a ilhas reivindicadas tanto pelo Japão quanto pela China são considerados os mais graves entre os dois países em anos e tendem a elevar ainda mais a tensão entre as duas potências do Leste Asiático, segundo a Reuters.
As relações se deterioraram no último mês, após a primeira-ministra Sanae Takaichi afirmar que o Japão poderia reagir a qualquer ação militar chinesa contra Taiwan caso a segurança japonesa fosse ameaçada.
Apontar um feixe de radar para outra aeronave é classificado como um ato hostil, pois indica a possibilidade de ataque e pode obrigar o piloto alvo a executar manobras evasivas.
Com o aumento das tensões, especialmente no entorno de Taiwan, Pequim passou a aconselhar seus cidadãos a evitarem viagens ao Japão e suspendeu planos de retomar as importações de frutos do mar — interrompidas após o país liberar água tratada da usina nuclear de Fukushima.
A China reivindica Taiwan, ilha governada democraticamente, e tem intensificado a pressão militar e política sobre o território, cujas autoridades rejeitam as pretensões chinesas. A ilha fica a apenas 110 km de Yonaguni, o ponto mais ocidental do Japão.
O Japão também abriga a maior concentração de poder militar dos Estados Unidos no exterior, incluindo navios de guerra, aeronaves e milhares de fuzileiros navais em Okinawa — fator que aumenta a sensibilidade regional em momentos de tensão geopolítica.