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Da Redação
Publicado em 5 de março de 2014 às 21h11.
Jerusalém - A Marinha israelense apreendeu nesta quarta-feira um navio no Mar Vermelho que levava um carregamento iraniano de dezenas de foguetes avançados fabricados na Síria e destinados a guerrilheiros palestinos na Faixa de Gaza, disseram militares de Israel.
A divulgação foi feita enquanto o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, estava nos Estados Unidos para defender sua posição de ações internacionais mais duras contra o Irã por causa de seu programa nuclear e apoio a grupos guerrilheiros islâmicos.
O navio de carga de bandeira panamenha Klos C foi abordado em águas internacionais, sem a resistência de seus 17 tripulantes, em uma "complexa operação secreta", disse a jornalistas o porta-voz militar de Israel, tenente-coronel Peter Lerner.
Lerner afirmou que dezenas de foguetes M302 foram encontrados a bordo do Klos C, uma arma que poderia atingir áreas no interior de Israel, a partir da Faixa de Gaza, e teria melhorado significativamente o poder de fogo do Hamas, grupo islâmico que governa esse enclave palestino, e de outras facções armadas.
"O M302, em seu modelo mais avançado, pode alcançar áreas a mais de 160 quilômetros e, se tivesse chegado a Gaza, isso significaria, por fim, que milhões de israelenses estariam sob ameaça", disse ele.
O Hamas qualificou o anúncio israelense como uma "piada boba".
"Essa é uma nova mentira de Israel que tem como objetivo justificar e prolongar o bloqueio a Gaza", disse Taher Al-Nono, um conselheiro do primeiro-ministro do Hamas, Ismail Haniyeh.
Não houve comentário imediato do Irã ou da Síria.
A porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Jen Psaki, disse que os Estados Unidos ajudaram Israel nessa ação, fornecendo informações sobre o navio.
"Logo após tomar conhecimento do movimento iminente do navio suspeito, a Casa Branca orientou o Departamento de Defesa a monitorar o navio", disse ela.
Segundo Jen, as opções dos EUA para lidar com o navio incluíam a ação unilateral, se necessário, mas depois de compartilhar os dados de inteligência, Israel optou por assumir a liderança na operação.
Imagens militares mostram o chefe da Marinha israelense, almirante Ram Rothberg, inspecionando um foguete no chão de uma área de armazenagem num navio, com sacos de cimento rotulados como "Made in Iran" em inglês ao lado dele.
Lerner disse que os foguetes foram levados da Síria para o Irã, de onde seguiram primeiro para o Iraque e, depois, para o Sudão. Se tivessem atingido o litoral africano, eles teriam provavelmente sido contrabandeados por terra através do Egito para Gaza, disse ele.
Nic Jenzen-Jones, um especialista em armas militares com sede na Austrália, onde é diretor do Armament Research Services, disse que a maioria dos informes indicam que os foguetes sírios produzidos tinham alcance de 90 a 100 quilômetros.
"Várias avaliações israelenses desses foguetes questionam sua confiabilidade", disse ele. "O (grupo xiita libanês) Hezbollah fez uso desses foguetes, e se acredita que o Hamas esteja tentando estocar sistemas de foguetes de longo alcance."