Israel bombardeia Rafah, em Gaza, em meio a negociações de trégua
Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa Gaza, 97 pessoas morreram nos bombardeios nas últimas 24 horas
Agência de notícias
Publicado em 22 de fevereiro de 2024 às 12h43.
Os mediadores internacionais continuam com os esforços para chegar a um acordo de trégua na Faixa de Gaza entre o movimento islamistaHamase Israel,que nesta quinta-feira (22) voltou a bombardear a cidade de Rafah, no sul do território palestino.
Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa Gaza, 97 pessoas morreram nos bombardeios nas últimas 24 horas.
Para tentar romper o impasse nas discussões, está prevista para esta quinta-feira a visita a Israel do assessor do presidente dos EUA para o Oriente Médio, Brett McGurk.
McGurk fez uma escala no Egito, onde também esteve esta semana o chefe do Gabinete Político do Hamas, Ismail Haniyeh.
A comunidade internacional acompanha com especial preocupação a situação dos 1,5 milhão de palestinos amontoados em Rafah, a maioria deles deslocados pela guerra.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou uma próxima ofensiva terrestre nesta cidade, que considera o "último reduto" do Hamas, para libertar reféns sequestrados pelos islamistas na sua ofensiva de 7 de outubro no sul de Israel.
Naquele dia, milicianos palestinos mataram 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em dados israelenses, e sequestraram 250 pessoas. Destes, 130 ainda estão detidos em Gaza, incluindo 30 que teriam morreram em cativeiro.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva para "aniquilar" o Hamas, que até agora deixou 29.410 mortos, a grande maioria deles civis, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do território.
"Chamas, fumaça e explosões"
Segundo um jornalista da AFP, a aviação israelense lançou uma dezena de bombardeios contra Rafah e Khan Yunis na noite de quarta-feira, alguns quilômetros mais ao norte.
"Acordei com o som de uma grande explosão, como um terremoto. Havia chamas, fumaça, explosões e poeira por toda parte", disse Rami Al Shaer, de 21 anos, em Rafah, à AFP.
Encurralados por combates durante mais de quatro meses, os habitantes de Gaza estão atolados em uma grave crise humanitária. Segundo a ONU, 2,2 milhões dos quase 2,4 milhões de habitantes do território estão ameaçados pela fome.
A situação humanitária é especialmente alarmante no norte do território, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), que na terça-feira foi obrigado a suspender o envio de ajuda devido à "violência" e ao "caos" que prevalecem na região.
Perante esta situação, houve novas discussões sobre um plano de paz elaborado pelos países mediadores (Catar, Estados Unidos e Egito).
A primeira etapa deste plano prevê uma trégua de seis semanas, uma troca de reféns por prisioneiros palestinos detidos em Israel e a entrada de comboios de ajuda humanitária em Gaza.
"Queremos chegar a um acordo (...) o mais rápido possível", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller.
Ataque na Cisjordânia
O Hamas exige um cessar-fogo, a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza, o fim do bloqueio israelense imposto desde 2007 e a criação de áreas seguras para as centenas de milhares de pessoas deslocadas pela guerra.
O Parlamento israelense aprovou na quarta-feira, por ampla maioria, uma resolução proposta por Netanyahu contra qualquer "reconhecimento unilateral de um Estado palestino", que segundo o texto equivaleria a recompensar "o terrorismo sem precedentes" do Hamas.
A votação ocorreu poucos dias depois de o jornal americano The Washington Post ter afirmado que os Estados Unidos e vários países árabes estavam desenvolvendo um plano de paz global com um calendário para a fundação de um Estado palestino quando terminar a atual guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas em Gaza.
Na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, três palestinos abriram fogo com armas automáticas contra veículos nesta quinta-feira, em um engarrafamento perto de um assentamento israelense próximo a Jerusalém, deixando um morto e oito feridos, segundo a polícia israelense.