Mundo

Irmã mais velha China é maior desafio para sucesso dos BRICS

Inicialmente, os chineses queriam uma parcela maior do banco, lançado formalmente nesta terça

Presidente da China, Xi Jinping, durante plenária na VI Cúpula dos BRICS, em Fortaleza (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Presidente da China, Xi Jinping, durante plenária na VI Cúpula dos BRICS, em Fortaleza (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2014 às 20h32.

Fortaleza - Durante os dois anos de duras negociações para criar o novo banco de desenvolvimento dos BRICS, o principal obstáculo não foi a falta de recursos ou de comprometimento, mas a parceira China.

Inicialmente, os chineses queriam uma parcela maior do banco, lançado formalmente nesta terça-feira pelos líderes dos cinco países dos BRICS como claro desafio ao rígido domínio ocidental sobre as finanças globais, disseram autoridades envolvidas nas conversas.

No final, Brasil e Índia prevaleceram e mantiveram igual a participação dos cinco membros, mas permanecem os temores de que a China, segunda maior economia do mundo, possa tentar exercer influência maior no banco de 100 bilhões de dólares para ampliar seu peso político no exterior.

“É inevitável que os chineses dominem o novo banco”, declarou Riordan Roett, cientista político da Universidade Johns Hopkins. “Eles não se envolvem nestes empreendimentos a menos que tenham, senão o controle total, uma influência significativa”.

Conhecidos por suas diferenças acentuadas na economia e na política, os BRICS enfrentam o desafio de conter a ânsia chinesa para controlar instituições que supostamente dão voz a todos os parceiros.

A discórdia interna se tornou evidente nesta terça-feira, quando o grupo mostrou dificuldade para superar um impasse de última horas nas negociações entre China e Índia –- ambas queriam sediar o banco. Para destravar as conversas, o Brasil abdicou do pedido para ser o primeiro presidente rotativo em favor dos indianos, segundo uma autoridade de alto escalão envolvida no processo.

O banco será sediado em Xangai, a capital dos negócios na China, e seu objetivo será romper com o modelo que dá pouco direito a voto para economias emergentes e perpetua o domínio dos Estados Unidos e da Europa sobre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.

“Este é um grande desafio para os BRICS. Às vezes, quando se chega às negociações de fato e os países querem mais voz, esquecem de algumas de suas aspirações mais nobres, quando criticavam o FMI e o Banco Mundial”, disse Kevin Gallagher, professor de relações internacionais da Universidade de Boston.

A China já detém a maior fatia do novo fundo de reserva, também inaugurado nesta terça-feira e conhecido como Arranjo Contingentes de Reservas, e entrou com 41 bilhões de dólares, enquanto Brasil, Rússia e Índia prometeram 18 bilhões de dólares cada, e a África do Sul, cinco bilhões de dólares.

O regimento interno do banco procura evitar que qualquer membro tenha peso excessivo.

"A ideia é ter uma instituição profissional ditada pelas melhores práticas bancárias e pela governança compartilhada que manterá esse risco à distância”, afirmou à Reuters o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, nos bastidores da cúpula.

Acompanhe tudo sobre:Ásiabancos-de-investimentoBricsChinaDiplomaciaPaíses emergentes

Mais de Mundo

Ataque a Trump: "Ainda é cedo para dizer se atirador agiu sozinho", dizem autoridades

Trump se pronuncia após ser atingido na cabeça em comício na Pensilvânia

Biden se pronuncia sobre tiroteio no comício de Trump: "Estou grato em saber que ele está bem"

'Atentado contra Trump deve ser repudiado', diz Lula sobre tiros durante comício

Mais na Exame