Irã: petroleiro seguia com destino aos países árabes do Golfo (Leonhard Foeger/Reuters)
AFP
Publicado em 4 de agosto de 2019 às 11h00.
O Irã anunciou neste domingo que interceptou um navio "estrangeiro" no Golfo, a terceira embarcação interceptada pela República Islâmica em menos de um mês nesta região estratégica, o que aumentou a tensão entre Teerã e Washington.
As forças navais da Guarda Revolucionária, o exército ideológico do regime, capturaram o navio-tanque, mas não divulgaram sua nacionalidade. Sete membros da tripulação foram detidos na operação, que aconteceu na quarta-feira, indicou a agência de notícias Fars.
O navio apreendido transportava "700.000 litros de combustível de contrabando nas proximidades da ilha de Farsi", norte do Golfo, afirmou a agência IRNA.
A embarcação foi levada para o porto de Bushehr e a "carga de combustível de contrabando entregue às autoridades" em coordenação com a justiça iraniana, informou a mesma fonte.
O petroleiro seguia com destino aos países árabes do Golfo, segundo o general Ramezan Zirahi, comandante das forças da Guarda Revolucionária que capturaram o navio.
Este é a terceira embarcação interceptada pelo Irã desde 14 de julho no Golfo. Um terço do petróleo que transita por via marítima no mundo passa pelo Estreito de Ormuz, localizado nesta região.
Em 14 de julho, o Irã capturou um petroleiro de bandeira panamenha, o "MT Riah", acusado de contrabando de combustível.
Cinco dias depois, um petroleiro sueco de bandeira britânica, "Stena Impero", foi interceptado sob suspeita de "não respeitar o código marítimo internacional".
- Escolta de navios -
A captura do "Stena Impero" aconteceu 15 dias depois da interceptação pelas autoridades britânicas do petroleiro iraniano "Grace 1" na costa de Gibraltar.
Londres afirmou que o "Grace 1" foi interceptado por violar as sanções da União Europeia ao seguir rumo à Síria, país em guerra, com uma carga de petróleo, o que Teerã nega.
O Reino Unido determinou que a Marinha escolte os navios civis com bandeira britânica que navegam pelo Estreito de Ormuz.
O governo dos Estados Unidos deseja estabelecer uma coalizão internacional no Golfo para proteger os navios mercantes. A ideia é que cada país escolte militarmente suas embarcações com o apoio do exército americano.
Mas os europeus relutam ante a proposta, para evitar uma associação com a política de "máxima pressão" sobre o Irã defendida pelo presidente americano, Donald Trump.
Os países europeus querem preservar o acordo sobre o programa nuclear iraniano alcançado com a República Islâmica em 2015.
O caso deste domingo pode aprofundar ainda mais a tensão,que não para de aumentar no Golfo desde que Washington decidiu abandonar o acordo sobre o programa nuclear iraniano em maio 2018, o que significou o retorno das sanções americanas a Teerã e levou o país a perder quase todos os compradores de petróleo.
As sanções asfixiaram a economia do Irã, que tem a quarta maior reserva mundial de petróleo e a segunda de gás.
Além disso, os atos de sabotagem de maio e junho contra petroleiros no Golfo, que Washington atribuiu a Teerã (e que o Irã negou ter cometido), e a destruição de um drone americano contribuíram para aumentar a crise.
Apesar do noticiário, o general iraniano Ahmad Reza Purdastan afirmou neste domingo que os riscos de um conflito no Golfo diminuíram.
"À primeira vista pode parecer que a situação no Golfo Pérsico segue para um conflito militar, mas se você observar mais de perto verá que a probabilidade de tal conflito é cada vez menos elevada", declarou o general.
Ao mesmo tempo, ele destacou que o "Golfo Pérsico é como um barril de pólvora e a primeira explosão pode levar a um grande desastre".
- Chanceler iraniano -
O governo dos Estados Unidos impôs sanções ao chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, depois que ele rejeitou um convite para se reunir com o presidente americano, Donald Trump, afirmaram autoridades iranianas.
Em um artigo publicado na sexta-feira, a revista New Yorker informou que o senador americano Rand Paul foi o mediador, com a aprovação do presidente Trump, para convidar Zarif a visitar a Casa Branca.
Zarif e Paul se encontraram, segundo a publicação, em meados de julho em Nova York, à margem de uma visita do ministro iraniano à ONU.
"Durante uma reunião com um senador (americano), (Zarif) foi convidado para uma reunião e depois foi sancionado", disse o porta-voz do governo, Ali Rabiei.