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Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2015 às 12h14.
Teerã - O governo iraniano expressou nesta quinta-feira de primeira mão ao enviado do secretário-geral das Nações Unidas para o Iêmen Ismail Ould Sheikh Ahmed sua rejeição aos bombardeios e à política geral saudita sobre o Iêmen e sua preocupação pela deteriorada situação humanitária no país árabe.
Sheikh Ahmed chegou a Teerã em visita oficial e se reuniu com o ministro das Relações Exteriores iraniano Mohamad Javad Zarif para discutir sobre a situação no país mais pobre da península arábica, que desde o começo do ano vive envolvido em uma guerra sectária, e que desde março está sendo submetido a bombardeios por parte de uma coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita.
Em uma nota divulgada pela agência oficial iraniana "Irna", no encontro o Irã expressou sua "indignação pela agressão ao Iêmen" e pediu à Corte Internacional de Justiça que submeta a julgamento os líderes sauditas pelos "bombardeios indiscriminados dirigidos a áreas civis" e por perpetrar "a sangue frio um assassinato em massa de mulheres e crianças".
A Organização Mundial da Saúde informou que desde o início dos bombardeios sauditas em 19 março, cerca de 1.820 pessoas morreram em consequência dos ataques e 7.330 ficaram feridas .
Além disso, o Irã condenou na reunião as violações ao cessar-fogo humanitário decretado no Iêmen e que esteve vigente até 17 de maio e pediu o envio imediato de ajuda de emergência para o povo iemenita.
O governo de Teerã também insistiu em dar seu apoio a negociações de paz que incluam todas as partes e que a ONU seja a encarregada de supervisionar um acordo perdurável.
Precisamente, ontem o Conselho de Segurança da ONU pediu a todas as partes em conflito no Iêmen que estejam bem dispostos ao reatamento do diálogo que haverá em Genebra na próxima semana e que evitem "provocações" que possam solapar essa negociação.
As negociações para buscar uma saída política a um conflito com graves riscos para a segurança regional serão retomados em 28 de maio, e espera-se que esteja presente o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
O Iêmen, um país que praticamente se transformou em um estado fracassado, vive desde 2011 uma grande instabilidade política, que se agravou nos últimos meses pelo avanço dos rebeldes houthis, um grupo xiita apoiado pelo Irã, que chegaram a ocupar a capital Sana e expulsaram o presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi.
Riad, aliada de Hadi, iniciou ataques sobre os houthis e seus aliados do Exército regular iemenita, uma intervenção duramente criticada por Teerã e por outros países de maioria xiita, como o Iraque ou o Líbano.
Na semana passada foi realizada em Riad uma mesa de diálogo entre diferentes grupos iemenitas que reafirmou a legitimidade de Hadi, apesar dos houthis estiveram ausentes do encontro por não confiar nas intenções da Arábia Saudita, organizador do mesmo.