Irã executa britânico-iraniano por espionagem
Reino Unido classifica execução como "implacável" e afirma que ato "não ficará sem resposta"
AFP
Publicado em 14 de janeiro de 2023 às 10h41.
O Irã executou um britânico-iraniano condenado à morte por espionar para os serviços de inteligência britânicos por enforcamento neste sábado (14), um ato "implacável" que "não ficará sem resposta", segundo o Reino Unido.
Alireza Akbari, de 61 anos, ex-funcionário de alto escalão da Defesa iraniana, foi condenado por "corrupção no terreno e minar a segurança interna e externa do país ao passar informações de inteligência" ao Reino Unido, disse a agência de notícias da autoridade judicial, Mizan Online, neste sábado.
A execução ocorreu três dias após o anúncio da sentença de morte deste homem, apresentado no Irã como um "espião-chave" do Serviço Secreto de Inteligência britânico (SIS), mais conhecido como MI6.
É um "ato bárbaro" que "não ficará sem resposta", disse o ministro britânico das Relações Exteriores, James Cleverly, neste sábado.
O governo britânico "convocará o encarregado de negócios iraniano para transmitir a ele nosso descontentamento", acrescentou Cleverly.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, denunciou no Twitter uma condenação "implacável e covarde", enquanto a Anistia Internacional descreveu a execução como um "ataque atroz" do Irã ao "direito à vida".
A França condenou a execução "com a maior firmeza", segundo um comunicado de imprensa do Ministério das Relações Exteriores divulgado neste sábado.
"O encarregado de negócios da embaixada do Irã em Paris foi convocado mais uma vez esta manhã para expressar nossa indignação" e alertá-lo de que "as repetidas violações do direito internacional pelo Irã não podem ficar sem resposta, principalmente quando se trata do tratamento de cidadãos estrangeiros que este país detém arbitrariamente”, disse o ministério.
Altos cargos
De acordo com a mídia oficial iraniana, Alireza Akbari ocupou altos cargos no aparato de segurança e defesa iraniano.
Este veterano da guerra entre o Irã e o Iraque (1980-1988) foi, entre outros, vice-ministro da Defesa para as Relações Exteriores, chefe de uma unidade num centro de pesquisa ministerial e assessor do comandante da Marinha, segundo a agência de notícias Irna, sem fornecer datas.
Em fevereiro de 2019, o jornal oficial do governo iraniano publicou uma entrevista com Alireza Akbari apresentando-o como um "ex-vice-ministro da Defesa" durante a presidência de Mohammad Khatami (1997-2005).
O ministro da Defesa na época era Ali Shamkhani, atual secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional.
Akbari foi detido entre março de 2019 e março de 2020, segundo a agência Irna.
A agência Mizan afirmou que ele recebia pagamentos de mais de dois milhões de dólares por seus serviços.
A mídia iraniana divulgou um vídeo no qual ele parece ser visto conversando com pessoas que seriam contatos britânicos. Essas pessoas teriam pedido a ele, entre outras coisas, informações sobre o físico nuclear Mohsen Fakhrizadeh, assassinado perto de Teerã em 2020 em um ataque a seu comboio pelo qual o Irã culpou Israel.
O Irã frequentemente anuncia a prisão de agentes suspeitos de trabalhar para serviços de inteligência estrangeiros. Quatro pessoas acusadas de cooperar com os serviços de inteligência israelenses foram executadas em dezembro.