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Irã diz que encontrou em suas águas territoriais restos do drone dos EUA

Segundo o comando central das forças americanas, o drone foi abatido por um míssil terra-ar iraniano no estreito de Ormuz

Presidente do Irã, Hassan Rouhani: tensões com os EUA escalaram nos últimos meses (Iranian Presidency / Handout/Anadolu Agency/Getty Images)
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AFP

Publicado em 21 de junho de 2019 às 07h27.

Última atualização em 21 de junho de 2019 às 10h01.

O Irã afirmou nesta quinta-feira ter encontrado em suas águas territoriais restos de um drone de vigilância americano que derrubou horas antes, um incidente que intensificou ainda mais as tensões entre Teerã e Washington.

"Nosso país não aceitará isso, posso garantir", afirmou o presidente americano, Donald Trump , antes de tentar amenizar a situação sugerindo que o incidente pode ter sido causado por um erro humano. "Para mim é difícil acreditar que foi intencional", disse na Casa Branca.

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Durante todo o dia, Estados Unidos e Irã travaram uma guerra de comunicação em torno à localização exata do drone da Marinha americana no momento da derrubada.

O chefe da diplomacia iraniana, Mohamad Javad Zarif, afirmou que restos do aparelho foram encontrados nas águas territoriais de seu país, "no lugar onde foi derrubado". O drone "foi atingido às 4h05 (20h35 de quarta-feira em Brasília) a 25°59'43" (de latitude Norte e) 57°02'25" (de longitude Leste)", tuitou.

O general Amir Ali Hajizadeh, chefe da divisão aeroespacial da Guarda Revolucionária do Irã, disse que avisou os Estados Unidos "diversas vezes" antes de disparar um míssil contra um drone americano, na madrugada de ontem. "Infelizmente eles não responderam", disse Hajizadeh à TV estatal iraniana. Ele acrescentou que o Irã coletou os destroços de suas águas territoriais.

O Pentágono afirmou que o drone se encontrava a 34 km da costa iraniana no momento do ataque e que não havia violado o espaço aéreo iraniano em nenhum momento. E para demostrá-lo publicou à noite um mapa da trajetória do aparelho, que o mostra nas águas internacionais ou de Omã, mas nunca nas águas do Irã.

O documento apresenta também uma foto de num aparelho em chamas às 20H39 (horário de Brasília), nas coordenadas 25°57'42 de latitude Norte e 56°58'22, de longitude Leste. A informação sobre a hora difere em quatro minutos em relação ao que afirma o Irã.

Segundo o comando central das forças americanas, o drone foi abatido por um míssil terra-ar iraniano no estreito de Ormuz. Foi perto dessa zona, uma via de passagem estratégica para o abastecimento mundial de petróleo, onde dois petroleiros sofreram um ataque em 13 de junho, quase um mês depois de sabotagens contra quatro navios na entrada do golfo Pérsico.

"Desastre"

O drone Global Hawk, fabricado pela companhia americana Northrop Grumman, havia decolado às 16h44 (horário de Brasília) de uma base americana na "costa sul do Golfo Pérsico", segundo um comunicado dos Guardiões da Revolução, o exército ideológico do Irã.

O aparelho "desligou todos seus dispositivos de reconhecimento" após passar pelo estreito de Ormuz e se dirigiu para o leste em direção ao porto iraniano de Chabahar, acrescentaram os Guardiões.

Segundo eles, o drone foi derrubado quando regressava de sua missão, na zona costeira perto de Jask, no sul do Irã.

A violação das fronteiras iranianas é a "linha vermelha" que não deve ser ultrapassada, alertou o general de divisão Hosein Salami, comandante em chefe dos Guardiões. "Nossa reação é e será categórica e absoluta", enfatizou.

O aumento dos incidentes na região do Golfo fazem temer o surgimento de um conflito, apesar de que Washington e Teerã afirmaram várias vezes que não buscam uma guerra.

O presidente russo, Vladimir Putin, advertiu nesta quinta que o eventual uso da força dos Estados Unidos contra o Irã "seria um desastre" para a região.

As relações entre Washington e Teerã pioraram quando Trump decidiu, em maio de 2018, retirar os Estados Unidos do acordo nuclear internacional assinado com o Irã em 2015 e restabelecer duras sanções contra Teerã.

E estão previstas novas fricções entre ambos. Os Estados Unidos reforçaram seu dispositivo militar no Oriente Médio após o anúncio do Irã de que suas reservas de urânio enriquecido passarão em breve o limite estabelecido no acordo de 2015.

As declarações de Trump provocaram um forte aumento dos preços do petróleo nesta quinta. Em Nova York, o barril de "light sweet crude" (WTI) para entrega em julho fechou em 56,65 dólares (+5,4%), a maior subida do ano em um mesmo dia. Em Londres, o barril de Brent para entrega em agosto disparou 4,3%, até 64,45%.

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