Mundo

Irã chama de "repugnante" reação de Trump a ataques em Teerã

O presidente americano sugeriu que "os Estados que apoiam o terrorismo se arriscam a se tornarem vítimas do mal que promovem"

Donald Trump: em paralelo, o Senado dos EUA aprovou na quarta-feira um projeto de lei para impor novas sanções ao Irã (Joshua Roberts/Reuters)

Donald Trump: em paralelo, o Senado dos EUA aprovou na quarta-feira um projeto de lei para impor novas sanções ao Irã (Joshua Roberts/Reuters)

A

AFP

Publicado em 8 de junho de 2017 às 09h27.

O Irã chamou nesta quinta-feira de "repugnante" a reação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos atentados desta quarta-feira reivindicados pelo Estado Islâmico (EI).

Treze pessoas foram mortas e mais de 40 ficaram feridas ontem em dois ataques simultâneos contra o Parlamento iraniano e o mausoléu do aiatolá Khomeini na capital iraniana.

Trump disse em um breve comunicado que reza pelas "vítimas inocentes" dos ataques, mas comentou que "os Estados que apoiam o terrorismo se arriscam a se tornar vítimas do mal que promovem".

"O comunicado da Casa Branca é repugnante num momento em que os iranianos enfrentam o terror apoiado pelos clientes dos americanos", queixou-se em um tuíte o chanceler iraniano Mohamad Javad Zarif, em clara referência à Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos.

Os seis terroristas "eram iranianos de várias partes do país que se juntaram ao EI", informou Reza Seifollahi, vice-secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, em declarações à televisão estatal.

Estavam armados com fuzis e pistolas e ao menos dois acionaram explosivos, segundo a imprensa iraniana.

A polícia indicou que cinco pessoas foram presas perto do mausoléu de Khomeini por suspeita de envolvimento no ataque, enquanto o ministério de Inteligência afirmou que uma terceira equipe foi detida antes de iniciarem os ataques.

O EI publicou em março um vídeo em persa dizendo que o grupo ia "conquistar o Irã e devolvê-lo à nação muçulmana sunita", matando os xiitas.

Embora regiões próximas às fronteiras com o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão tenham sido atacadas pelos grupos extremistas extremistas, entre eles o EI, os grandes centros urbanos se mantiveram à margem destes atentados até agora

Os extremistas sunitas do EI consideram o Irã xiita apóstata. Já Teerã participa na luta contra o grupo no Iraque e na Síria.

Os comentários de Trump também foram criticados pelos iranianos nas redes sociais.

"Os iranianos acenderam velas por vocês no 11 de setembro", tuitou Ali Ghezelbash, umanalista de negócios iraniano.

O presidente americano acusa regularmente o Irã de apoiar o terrorismo e ameaça acabar com o acordo selado em 2015 entre as potências ocidentais e a República Islâmica sobre o seu programa nuclear.

Em paralelo, o Senado dos Estados Unidos aprovou na quarta-feira um projeto de lei para impor novas sanções ao Irã, em parte pelo "apoio aos atos de terrorismo internacional".

Autoridades iranianas da segurança afirmam, por sua vez, que a Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos, é responsável por financiar e espalhar o extremismo encarnado pelo Estado Islâmico.

Os Guardiões da Revolução acusaram em um comunicado os Estados Unidos e a Arábia Saudita de envolvimento nos atentados em Teerã, considerando que a "ação terrorista após o encontro do presidente dos Estados Unidos com o chefe de um dos governos reacionários da região, que sempre apoiou os terroristas, é repleta de significado e a reivindicação pelo Daesh (grupo Estado Islâmico) mostra que estão envolvidos".

Já o guia supremo Ali Khamenei garantiu que estes ataques não terão nenhum efeito na determinação do povo iraniano.

À noite, em uma primeira reação oficial, o presidente iraniano, Hassan Rohani, clamou pela "unidade e cooperação regional e internacional" contra o terrorismo, em um comunicado publicado na página da Presidência na internet.

Acompanhe tudo sobre:Ataques terroristasDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Irã - País

Mais de Mundo

Violência após eleição presidencial deixa mais de 20 mortos em Moçambique

38 pessoas morreram em queda de avião no Azerbaijão, diz autoridade do Cazaquistão

Desi Bouterse, ex-ditador do Suriname e foragido da justiça, morre aos 79 anos

Petro anuncia aumento de 9,54% no salário mínimo na Colômbia