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Irã ajuda Síria a embarcar petróleo para a China

O Irã, que também é alvo de sanções ocidentais por causa do seu programa nuclear, já prometeu fazer de tudo para sustentar a ditadura de Bashar al-Assad

O governo iraniano recentemente elogiou a forma como Assad lida com a rebelião que dura um ano no país (AFP)

O governo iraniano recentemente elogiou a forma como Assad lida com a rebelião que dura um ano no país (AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de março de 2012 às 09h31.

Londres - O Irã está ajudando a aliada Síria a burlar as sanções ocidentais ao fornecer petróleo sírio para uma estatal chinesa, numa operação que pode dar estimados 80 milhões de dólares ao combalido governo de Bashar al-Assad. O Irã, que também é alvo de sanções ocidentais por causa do seu programa nuclear, já prometeu fazer de tudo para sustentar Assad e recentemente elogiou a forma como ele lida com a rebelião que dura um ano no país, período em que milhares de pessoas foram mortas pelas forças de segurança.

A China também tem blindado Assad de qualquer intervenção estrangeira, vetando no Conselho de Segurança da ONU as iniciativas ocidentais para tentar conter a violência. Pequim não tem obrigação de seguir as sanções ocidentais contra a Síria, contra seu setor petrolífero ou contra a estatal Sytrol.

"Os sírios planejavam vender petróleo diretamente aos chineses, mas não conseguiam encontrar um navio", disse uma fonte setorial, acrescentando que foi chamada a ajudar a Sytrol a executar o contrato, mas não participou.

A fonte apontou o comprador chinês como sendo a estatal Zhuhai Zhenrong Corp, que em janeiro foi alvo de sanções dos Estados Unidos por supostamente vender derivados de petróleo ao Irã. Uma porta-voz da Zhuhai Zhenrong disse que a empresa "nunca ouviu falar" disso e se recusou a fazer mais comentários.

Exportador relativamente modesto de petróleo, a Síria está impossibilitada de vender o produto à Europa, que costumava ser seu maior cliente até setembro de 2011, quando Estados Unidos e União Europeia impuseram sanções às exportações sírias.

A carga de petróleo bruto para a China, avaliada em cerca de 84 milhões de dólares (supondo um preço com desconto a 100 dólares por barril), garante a Assad um respiro financeiro crucial em meio ao seu atual isolamento.

Na semana passada, a União Europeia anunciou mais uma rodada de sanções. A Sytrol, que está desde o ano passado na lista de sanções dos EUA e da UE, encaminhou as consultas ao ministério sírio do Petróleo, onde ninguém atendeu às repetidas ligações da Reuters.


Autoridades iranianas não estavam disponíveis para comentar. A fonte acrescentou que a Sytrol arregimentou contatos na Venezuela para buscar um navio que pudesse recolher a carga. O problema acabou sendo resolvido pelas autoridades iranianas, que enviaram o navio-tanque M.T. Tour para a tarefa.

O navio de bandeira maltesa pertence à firma de navegação Isim Tour Limited, que já foi identificada pelo Departamento de Estado norte-americano como uma empresa de fachada constituída pelo Irã para burlar as sanções. O M.T. Tour chegou no fim de semana ao porto sírio de Tartus, onde recebeu 120 mil toneladas de petróleo bruto leve, segundo a fonte setorial e dados de monitoramento naval.

O monitoramento por satélite mostrou que o navio foi visto pela última vez perto de Port Said, no Egito, aonde deveria chegar na quarta-feira. Seu destino final não era conhecido, mas a fonte setorial disse que provavelmente o barco atracará na China ou em Cingapura. "Fui chamado a oferecer uma opção para o transporte marítimo para o sul da China ou Cingapura", disse a fonte.

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