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Investir em crianças mais pobres é caro, mas salva mais vidas

A análise da Unicef se baseia em 51 países nos quais morrem 80% dos recém-nascidos ou menores de cinco anos

Crianças: "As causas de mortalidade desta população são as mais fáceis de prevenir e curar" (Amir Cohen/Reuters)

Crianças: "As causas de mortalidade desta população são as mais fáceis de prevenir e curar" (Amir Cohen/Reuters)

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EFE

Publicado em 28 de junho de 2017 às 19h06.

Nova York - O investimento em saúde destinado às crianças mais pobres tem um alto custo, mas salva quase o dobro de vidas por cada dólar gasto em relação à mesma intervenção em grupos sociais menos desfavorecidos, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira pelo Unicef.

"Os investimentos em populações de crianças e mães pobres, por cada milhão invertido, salvam o dobro de vidas de menores de cinco anos do que em um investimento equivalente em outras populações que não são pobres", explicou à Agência Efe um dos autores do estudo, Carlos Herrera.

"Reduzir as diferenças: o poder de investir nas crianças mais pobres" é um relatório que confirma uma previsão "inusual" feita pelo Unicef em 2010: o alto custo das intervenções sanitárias para este grupo seria compensado com resultados ainda maiores, explicou o organismo em um comunicado.

"É mais caro porque os grupos vivem em zonas mais remotas, há barreiras financeiras... mas seus níveis de mortalidade são tão altos que a cobertura de serviços de saúde salva muito mais vidas do que uma melhora equivalente em outro grupo", acrescentou Herrera.

A análise se baseia em 51 países nos quais morrem 80% dos recém-nascidos ou menores de cinco anos, entre eles Afeganistão, Bangladesh e Malawi, três nações que notaram a diferença que representa investir nas crianças mais desfavorecidas.

"Em países com situações muito desfavoráveis, como o Afeganistão, onde há uma crise humanitária continuada, foi possível chegar às populações pobres com alguns enfoques inovadores, levando trabalhadores de saúde até as próprias populações, fazendo acordos com ONGs...", apontou o assessor sênior em Equidade e Saúde do Unicef.

Além disso, melhorar a cobertura das ações destinadas a salvar vidas deste grupo ajuda a reduzir a mortalidade infantil três vezes mais rápido do que em outros grupos menos pobres.

Estas ações, que previnem e curam doenças e enfermidades mais comuns, vão desde instalar mosquiteiros com inseticida em lugares assolados pela malária, ou distribuir vacinas contra a diarreia e a pneumonia, até oferecer assistência aos partos em condições de higiene.

"As causas de mortalidade desta população são as mais fáceis de prevenir e curar e, no entanto, não o fizemos até agora: é urgente e factível", insistiu Herrera.

O diretor executivo do Unicef, Anthony Lake, considerou os dados do estudo "cruciais" para os governos que pretendem reduzir o número de mortes evitáveis de crianças e fazer com que "cada dólar conte".

As conclusões chegam num momento em que os países devem decidir suas prioridades de investimento para os orçamentos públicos e realizar iniciativas para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030.

"Se continuarmos fazendo o mesmo que foi feito até agora, até 70 milhões de crianças menores de cinco anos podem morrer desnecessariamente", advertiu Herrera.

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