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Investimento direto mundial está 15% abaixo dos níveis pré-crise

Apesar da queda, resultado foi melhor do que em 2009; tendência é de crescimento, aponta o relatório da ONU

Pequim, na China: investimentos seguem crescendo no leste e sudeste asiático e na América Latina (Getty Images)

Pequim, na China: investimentos seguem crescendo no leste e sudeste asiático e na América Latina (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2011 às 14h08.

Genebra - As correntes de investimento estrangeiro direto (IED) no mundo ficaram 15% abaixo em 2010 dos níveis anteriores à crise financeira de 2008 e 37% abaixo dos percentuais máximos alcançados em 2007, conforme relatório da Conferência da ONU para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).

Divulgado nesta terça-feira em Genebra, o relatório destaca que em linhas gerais o investimento "segue na retaguarda da recuperação", levando em consideração que "a produção industrial e o comércio em nível mundial já retornaram os níveis anteriores à crise".

O número de IED para o conjunto de 2010 foi de US$ 1,24 trilhão, ainda sensivelmente inferior aos tempos de bonança, mas 5% superior ao de 2009.

Em 2007, quando foi alcançada a cota mais alta, o IED global alcançou US$ 1,97 trilhão, número que caiu para os US$ 1,74 trilhão em 2008 - no ano da explosão da crise -, e que recuou para US$ 1,18 trilhão em 2009.

"O IED ainda não se recuperou plenamente do nível anterior à crise, mas previsivelmente o fará neste ano", manifestou na apresentação do relatório, o diretor da Divisão de Investimento e Negócio da Unctad, James Zhan.

Zhan previu que "a recuperação vai representar uma oportunidade enorme e um desafio para os responsáveis políticos em todos os países", mas advertiu sobre o desequilibro nos fluxos de investimento em função das diferentes regiões econômicas.

"Enquanto o leste e o sudeste da Ásia e América Latina experimentaram um forte crescimento na entrada do IED, com incrementos respectivos de 34% e 14%, os que tinham como destino África, Sul da Ásia e Ásia ocidental, assim como as economias em transição, seguiram diminuindo", explicou.

"Além disso, enquanto os fluxos globais em direção aos países desenvolvidos sofreram declive marginal, para os US$ 602 bilhões, alguns países europeus tiveram quedas significativas. Os investimentos em direção aos EUA aumentaram consideravelmente", acrescentou o responsável econômico da ONU.

A análise, intitulada "Relatório sobre os investimentos no mundo 2011", prevê que a recuperação do IED se consolide em 2011, alcançando um número entre US$ 1,4 trilhão e US$ 1,6 trilhão, o que representaria alcançar os mesmos níveis prévios à crise.

A projeção da Unctad é que os números de investimento estrangeiro direto continuem melhorando nos próximos dois anos, para US$ 1,7 trilhão em 2012 e US$ 1,9 trilhão em 2013.


Este organismo considera que "os níveis sem precedentes do efetivo disponível, as baixas taxas de financiamento de crédito e o aumento das cotações nas bolsas de multinacionais deveriam encorajar as empresas a ampliar sua presença no exterior".

"Do ponto de vista dos receptores, a reestruturação empresarial e industrial em andamento, a privatização produto das medidas de ajuste fiscal e a redução dos programas estatais de apoio, assim como o crescimento das economias emergentes, deveriam gerar novas oportunidades de investimento", acrescenta.

No entanto, a Unctad reconhece que "o entorno empresarial posterior à crise segue criando incerteza", ao que se somam fatores de risco sobre a estabilidade econômica mundial, uma possível expansão da crise de dívida soberana e os desequilíbrios fiscais e financeiros dos países desenvolvidos.

Alerta também para o aumento da inflação e dos indícios de reaquecimento das principais economias de mercado emergentes, o que "poderia impor obstáculos à recuperação do IED".

Os cinco maiores receptores do IED em 2010 foram nessa ordem: Estados Unidos (US$ 228 bilhões), China (US$ 175 bilhões), Bélgica (US$ 62 bilhões), Reino Unido e Alemanha (ambas com US$ 46 bilhões). Na outra ponta, os maiores investidores foram: Estados Unidos (US$ 329 bilhões), China (US$ 144 bilhões) Alemanha (US$ 105 bilhões), França (US$ 84 bilhões) e Suíça (US$ 58 bilhões).

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